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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Qual é a nossa Vitória?

A comida do homem é o significado. E há muitos homens desnutridos no mundo...
Traduzir as experiências requer um mínimo de filosofia; no entanto, tão voltados para fora como estamos, nos resta pouca humanidade na superfície. Fica o potencial exclusivo do homem de meditar encerrado em um coração saudoso de si mesmo. Triste, anda só pelo mundo. Faminto, porém sem saber se alimentar. Sedento, buscando inocuamente saciar-se no consumo das horas vazias, mecânicas, repetitivas.
Como salvar o homem? Dando-lhe exemplo de humanidade. Um clássico humanismo é como uma dose necessária de soro para resolver a crônica doença. D´onde a fonte? Nos clássicos, que devem voltar à moda.
Ortega é muito prático no seu racio-vitalismo: "O homem é ele e suas circunstâncias". Mas é ele! Não só suas circunstâncias. Sobretudo, ele. Ou, primeiro ele.E a partir dele, de si mesmo, pode expressar sua natureza.
Botar para fora quem se é! Ser generoso com o mundo e com as pessoas - consigo mesmo - dando o que se tem, o que se é. Nas frases de um Píndaro, na teoria histórica de um Cícero, na ousadia avassaladora de um Alexandre.
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Qual é então a nossa Vitória? É gastar a vida em função disso. O entendimento é uma face da vitória. A outra, o cansaço. Aquele cansaço estóico , tão preenchido de significado, cheio de sentido, pleno e contente consigo mesmo e certo de haver outrora tocado o fundo das coisas e certo de estar no momento satisfeito por ter vivido. Só isso.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Futuro do pretérito?

Ele teria feito isso... Nós poderíamos ter feito aquilo... Eu mesmo poderia fazer.
Sonhos, possibilidades, hipóteses até. Nos últimos dias de um ano é comum refletirmos sobre o próximo ano. Também é comum pensar no que ocorreu ou quase aconteceu no ano que passou. O futuro e o passado se mesclam na hora exata, no dia 31 de dezembro, à meia noite. No instante preciso da virada, os tempos se transformam.
O futuro está sempre vindo. Não precisamos de esforço para garantir isso. A natureza própria do tempo se encarrega dele. Desafio mesmo é atrair o futuro desejado. Propiciar o trilho certo para que nos venha ao presente as imagens projetadas nessa tela tão especial. Como fazer isso?
Se o futuro está sempre vindo, a estratégia é atuar com muita consciência no momento presente, preparando e preparando-nos para que as coisas se transformem em coerência com o que imaginamos. É como criar o receptáculo adequado para receber o objeto que ali se encaixa melhor.
Os sonhos, para se tornarem realidade, precisam de um encaixe coerente no agora. Planejar é coerente. Agir também é. Aprender e corrigir o rumo numa eterna espiral de crescimento é muito coerente. Coerência é a chave.
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Uma dica: para evitarmos de usar o futuro do pretérito (hipóteses não sucedidas) há que utilizar o presente. E, quem sabe, tenhamos muitas histórias boas para contar. Todas no pretérito-mais-que-perfeito.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O Círculo se Fecha

Um homem sábio uma vez ensinou-me que as experiências da vida são como círculos que se fecham, cada uma à seu tempo. Uns círculos são pequenos e se fecham rápido. Outros demoram meses, anos até, para que cheguem a completar-se.
Quando um círculo se fecha temos a compreensão do que significa a experiência. Antes disso, muito dificilmente, pois faltam elementos de entendimento. Só que ficamos ansiosos durante o processo, ávidos por atesourar o sentido do que nos acontece. É necessário paciência.
Quando um círculo se fecha surge também uma energia extra, inesperada, que serve para continuar a vida. Traçamos novos círculos. O ciclo se repete.
Na verdade, são vários desenhos, uns dentro de outros, experiências menores no contexto de experiências maiores. Alguns círculos certamente tangenciam outros, alguns estão interpenetrados. Há inclusive os concêntricos - estes, suponho, são os que integramos dentro de um eixo de significados, num fluxo de acontecimentos com uma ordem especial.
Pode-se imaginar todas circunferências dentro de uma bem grande, a própria vida. O que quer dizer que somente entenderemos tudo da nossa vida após ela mesma se fechar, se interromper, para, por que não, dar início a um outro estado, fora do corpo. Eu acredito nisso.
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Aliás, assim descreviam os hindus o processo das muitas vidas. Como uma roda, a roda de Samsara.
Sendo este ou não o mistério da morte, não importa. Pois certamente o da vida é cheio de idas e vindas, círculos que se abrem e que se fecham.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Similia similibus

Nós temos companhias compulsórias devido às atividades do nosso cotidiano - no trabalho, muitas vezes não podemos escolher com quem conviver. Mas se pensarmos ao revés, do outro lado também há pessoas que não têm possibilidade de escolher com quem convivem. Ou seja, nós também somos companhia compulsória para muita gente...
Mas o semelhante atrai o semelhante. Similia similibus, diriam os magos renascentistas. Se acreditarmos nisso, cabe a visão de que de alguma maneira a natureza oferece as oportunidades para estarmos com quem se assemelha à nós. Ou seja, sempre haveria um motivo para estarmos com quem estamos. Podemos não conhecer a causa, mas ela existe, e guarda o mistério do porquê tivemos de interagir com este ou com esta. Durante o tempo de convivência, pode ser que descubramos este motivo. Pode ser que entendamos que há coisas a aprender e a compartilhar; e até pode ser que surja uma nova amizade, duradoura, que se preserva depois.
De qualquer forma, podemos tentar, do nosso lado, deixar sempre uma marca boa... Se aconteceu de termos de trabalhar com essas pessoas, da mesma forma aconteceu de terem elas que trabalhar com a gente. Estejamos sempre prontos para fazer o melhor, dar o melhor.
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Podemos não ter controle sobre todas as nossas companhias, mas temos sempre o controle da companhia que somos para os outros. Se não entendermos o que temos para aprender, entendamos o que temos para ensinar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Os serviços profissionais no Brasil

Comparados com os nossos pares da América do Norte e da Europa, nossos escritórios de advocacia, arquitetura, contabilidade, empresas de engenharia, software e outros serviços empresariais, ficam à uma distância não só geográfica e espacial, mas histórica e temporal. Pois há que desenvolver este segmento e parece que estamos há alguns anos deles...
A seguir uma análise simples e objetiva. Os serviços profissionais no Brasil:
- não são reconhecidos como uma categoria (um segmento que representaria a elite do setor de serviços);
- não têm a mesma maturidade que seus pares na América do Norte e Europa (ou seja, o conteúdo não está desenvolvido – não se encontra livros, publicações, terminologia, conceitos compartilhados, técnicas, etc.).
- não têm o mesmo grau de profissionalização (muitos são amadores, pouco organizados como negócio e muitas vezes com receio de crescer).
- não há lideranças suficientes. Portanto, é preciso formar, desenvolver, aglutinar, gerar um movimento para profissionalizar, ganhar maturidade e criar a categoria.
Veja que estes elementos se relacionam, um decorre do outro. Da mesma forma, podemos solucioná-los todos à medida em que impulsionarmos este movimento defendido pelo blog
(www.escritorioprofissional.com.br) e protagonizado por profissionais de diferentes áreas...
Junte-se à nós!


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Brincadeira dos deuses

Já viram que quando decidimos fazer algo novo na vida, em muitas vezes, as circunstâncias mudam repentinamente e oferecem-nos uma tentadora possibilidade de não mais mudar? É como se os deuses que nos observam fizessem um último teste, para checar se realmente queremos aquilo, se realmente estamos comprometidos.
Desde o momento em que nos incomodamos e começamos a pensar em mudar algo na vida, somos testados em sair do lugar, em romper a inércia. As coisas em volta parecem todas contrárias e fica evidente que precisamos fazer algo diferente. É um desafio de criatividade, sobretudo, por que temos de imaginar um novo cenário, uma nova situação.
E depois de fazer isso - gastando muito dos nervos... - e finalizando o processo psicológico de abrir mão do que temos para conquistar algo novo, vem o último teste. O teste de compromisso e desapego. Misteriosamente, a natureza parece mostrar uma fantasiosa possibilidade de que as coisas vão melhorar e que não precisaremos mudar nada. Pura tentação, pura fantasia.
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Atenção: o último teste é tentador, pois sempre sugere que não fazendo nada as coisas vão se modificar e tudo ficará bem. Mas isso é contra a lógica. E também é contrário à experiência da vida, que mostra que isso nunca acontece. Não passa de brincadeira dos deuses...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Arte e perspectiva

A perspectiva aparece numa pintura de Brunelleschi, no início do século XV. A ilusão de ver em três dimensões num quadro de apenas duas seria uma das grandes revoluções na história da arte. Pôr a vida em perspectiva é importante, pode revolucionar as coisas.
Em nós mesmos, no nosso quadro biográfico, nas nossas cenas de vida, qual seria a dimensão a mais? Além da altura e da largura do desenho sobre a tela, o que pode dar a visão da profundidade?
Ora, se pretendemos viver a vida com estilo próprio, é fundamental a profundidade. Mais do que a altura e a largura, precisamos ainda de um ponto de fuga visual que leve aos sonhos mais ousados... Se a altura e a largura podem ser medidas de atividade corriqueira diária, a profundidade leva os olhos para o mistério do potencial de cada indivíduo. O ponto de fuga, neste caso, permite uma fuga da mesmice. Assim como os pintores renascentistas evitaram a continuidade da cinza época medieval, revolucionando a cultura da Europa, por que não levar nossa visão para além da mesmice dos nossos dias repetitivos?
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Enfim, o que você quer da vida? Dê a si mesmo o direito de ver a terceira dimensão deste quadro. Faça de sua biografia não só uma obra de arte, mas uma obra de renascimento...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ajudar os outros é ajudar a si mesmo

Uma das coisas que mais gosto de fazer é fumar um charuto pensando no problema dos meus clientes. É quase cinematográfico, eu sei. Ainda mais se você adicionar o som do jazz de Miles Davis (meu preferido) e uma taça de um vinho espanhol...
Pensar no problema dos outros é um desafio intelectual. É como um quebra-cabeça, às vezes. Preciso encontrar o arranjo harmônico das peças para ajudar outras pessoas. Quando falta alguma peça, preciso ter o insight que vai apontar onde está a solução. Fico preenchido pelo problema dos outros.
Também é um desafio emocional, pois não raro fico pressionado, querendo achar a saída do labirinto. Sinto-me parte do grupo que está tentando achar a saída. Estamos num labirinto. Há monstros lá dentro. Há perigo, riscos. Um negócio não é brincadeira, é coisa séria. E me junto aos meus clientes para levar o empreendimento adiante.
Ocupar-se dos problemas dos outros é um gesto deveras altruísta, generoso. Quando nos dedicamos a ajudar, a ser útil para outras pessoas, ganhamos a energia extra para lidar com as circunstâncias. Do contrário, voltado para o próprio umbigo, fechamo-nos, constrangemo-nos em nossa insignificância dentro de um universo tão espaçoso. Nosso valor está mais em sermos para os outros do que em sermos para nós mesmos.
E se você pensa que não há altruísmo nenhum, somente profissionalismo. Tudo bem. Eu até aceito ser criticado pelo meu exagerado profissionalismo. (Mas isso não quita meu sonho de imaginar-me ao lado de outras lideranças, ajudando a solucionar seus problemas).
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Dedicar-se ao problema alheio deixa a vida mais leve. Os seus próprios ficam menores, menos importantes. Ajudar outras pessoas é ajudar a si mesmo.
Cada um com seus problemas... Os mais felizes, com muitos problemas dos outros.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Serving is Selling is Serving

David Maister, o guru dos serviços profissionais, diz que vender e atender o cliente são a mesma coisa.
Interessante o ponto de vista para muito de nós, profissionais do conhecimento, que muitas vezes não nos sentimos à vontade com a ideia de ter de vender a nós mesmos. Por mais que se diga que não é vender a si mesmo, mas as suas competências, é comum o desconforto no processo de desenvolvimento de novos clientes...
No seu livro "The Trusted Advisor" (algo como "o conselheiro de confiança") o autor afirma que quando queremos vender nossos serviços, precisamos oferecer uma espécie de amostra grátis ou test drive. Uma vez que o cliente experimente um pouco do trabalho, vai querer contratar. Da mesma forma, quando estamos atendendo o cliente durante um contrato, prestando o melhor serviço que pudermos, estamos simultaneamente fazendo marketing e despertando o interesse do cliente por novas contratações. Para Maister, serving is selling is serving (atender é vender é atender).
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E lembre-se que "to serve", numa tradução literal, é servir. E servir é uma virtude toda especial quando tem a conotação de ajudar, ser útil para outras pessoas, fazer algo bom. Daí poderíamos até parodiar dizendo que ajudar é vender é ajudar.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Resistir. Ao quê?

Sempre aprendi dos meus instrutores de artes marciais que resistir às adversidades é uma das principais virtudes de um homem virtuoso. Assim, inspiro-me constantemente com as histórias de Leônidas e os 300 espartanos que resistiram aos persas; do imperador Marco Aurélio que sustentou as fronteiras de Roma; de Giordano Bruno que se manteve lúcido após ser preso pela inquisição; de Nelson Mandela, por sustentar o princípio de fraternidade quando poderia se vingar após tantos anos de Apartheid na África do Sul. Homens de valor. Todos resistiram às circunstâncias com hombridade.
Mas não é verdade que às vezes a virtude está em não se submeter? A aceitação das provações é tão gloriosa quanto a não aceitação de injustiças. E não seria uma injustiça permanecer em condições que não conferem com o que diz nosso coração? Há momentos em que intuímos que não devemos ficar onde estamos.É ou não é, que durante a vida uma voz interna às vezes sugere mudança?
Neste caso, acho que a fortaleza interior está mais relacionada à capacidade de decidir-se por mudar. E aceitar, claro, todas as consequências que podem vir daí... O compromisso tem de ser total.
Para mudar, é preciso grande força para resistir às tentações da acomodação, ao medo que leva à postergar, ao apego pelo passado. Resistir é, também, escolher quais adversidades enfrentar. Não podemos confundir a capacidade de sustentar uma posição com firmeza com a inércia, a dúvida ou o comodismo.
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E como saber ao certo?
Bem, discernir se é hora de resistir no lugar ou se é hora de sair do lugar é questão de sabedoria. E ela vem com uma boa dose de experiência de vida: um acúmulo mais ou menos equilibrado de erros e acertos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Gente Inteligente

É agradável estar acompanhado de gente inteligente.
A inteligência propicia assunto para conversas, estímulo para a generosidade e incentivo contra a mediocridade. Tornamo-nos melhores pela convivência com gente assim.
E pode acontecer em presença física. Pode ser pela interação no trabalho, na família, na universidade, entre amigos num evento social.
Pode acontecer à distância, como ao telefone, skype, whats up, ao assistir uma entrevista, documentário ou programa cultural.
E pode, ainda, se desenvolver no imaginário, quando é o caso de estarmos acompanhados de personagens de filmes (no cinema, em companhia de centenas de outras pessoas), na leitura de um bom livro, escutando a música predileta ou andando pelas ruas de uma cidade com história milenar...
À companhia de gente inteligente, eduzimos a nossa própria. E a evidência de que nós nos tornamos gente assim é a expressão de um comportamento pletórico de virtudes - coragem, humildade, solidariedade, justiça, amor, respeito, sinceridade, e tantas mais.
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Sempre opte pela companhia dos bons. Essa era a dica de Sêneca, Cícero, e tantos outros. Num mundo aonde isso pode até ser raro, há que fugir do mal. E isso requer inteligência a toda hora. Precisamos, cada vez mais, de gente inteligente!

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Primus inter pares

Liderar profissionais do conhecimento é um desafio complexo. Advogados, arquitetos, contadores, engenheiros, analistas de software e demais profissionais de TI, publicitários, médicos, educadores, entre tantos trabalhadores da moderna economia da informação, compõem grupos cuja liderança se estabelece muito além das nomenclaturas de cargo e organograma.
Há autores, como a inglesa Laura Empson, da Cass University, que fizeram estudos bem detalhados sobre como são as relações entre os profissionais em um escritório. Ela, com seu conceito de "constelação" sugere que há muitas "estrelas" envolvidas. E é assim mesmo, pois com ou sem arrogância, a verdade é que estes indivíduos ostentam competências super especializadas. São, portanto, as estrelas do negócio.
Já em Aligning the Stars, Tierney e Lorsch mostram essa inevitável condição, onde essas estrelas precisam estar alinhadas entre si, com os objetivos do escritório e as necessidades dos clientes. Não é fácil alinhar profissionais cuja criatividade, autonomia e auto-suficiência conformam suas principais qualidades...
Maister, o guru dos professional services em seu livro First Among Equals (primeiro entre iguais) dá uma dica fantástica: para liderar profissionais do conhecimento há que ser uma referência moral entre eles. Mais colegas do que subordinados, o líder influencia por ser um modelo a ser seguido e deve evitar utilizar o seu cargo de chefia (se é que o tenha) como argumento para coordenar a equipe.
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Extrapolando este assunto para a vida em sociedade, não seria bom se todos nós tentássemos ser um modelo moral e uma referência de princípios e de virtudes para nossos amigos, familiares e colegas? Ao invés de ostentar cargos, dinheiro, posses e objetos, poderíamos ostentar a bondade, a beleza interior e a fortaleza ética. Isso seria bem aceito, penso, entre as outras estrelas... Afinal, somos todos capazes de brilhar, todos temos um potencial especial. Que tal dar exemplo de que isso é possível?
Este é um desafio para você, líder: seja o primus inter pares.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Amador e profissional...

No excelente livro de Steven Pressfield, "Guerra da Arte", onde ele descreve a luta contra a resistência - a inércia, o medo, a preguiça - para que o sujeito conquiste o status de verdadeiro profissional, há uma passagem em em que Pressfield diz que um amador não ama o suficiente seu ofício. Profissionalizar-se-ia, se realmente tivesse a paixão toda...
A palavra amador indica aquele que ama, mas é certo que gostamos das coisas com maior ou menor intensidade, dependendo de muitos fatores. A motivação subjacente àquilo que nos dedicamos é por vezes suficiente para termos um hobby, mas menor que a necessária para levarmos tão à sério e querer fazer disso um trabalho total. Também temos de considerar que há situações em que o hobby vai crescendo em importância, até que se converte em atividade remunerada. Há ainda a possibilidade de permanecer sempre como uma forma de contra-ritmo do estressante cotidiano. Não vejo problema nisso.
O amadorismo pode também ser associado à incompetência, às vezes sendo utilizado para descrever uma atitude de negligência, falta de know-how ou qualquer tipo de limitação. Neste contexto, não é o que se pretende, imagino, nem mesmo para um hobby... Queremos fazer as coisas bem feitas, ainda mais quando fazemos por gosto, sem pressão ou cobrança alguma. A compulsoriedade atrapalha a qualidade. A livre vontade para escolher ao que se dedicar, viabiliza muitas coisas, como a criatividade, a experimentação, o aprendizado.
Mas é claro que os líderes devem profissionalizar-se em algo. Como poderia adquirir autoridade moral para influenciar, orientar, dirigir e coordenar pessoas sem esse status? Tem que ser sério, para ser exemplo, referência e portanto um modelo acessível para outros. Os liderados, os bons liderados, não seguem amadores.
Assim, antes mesmo de querer liderar e gerenciar times de trabalho, é fundamental conquistar esta condição pessoal de alguém que domina um assunto, que conhece certas coisas a fundo e que pode servir de referência para aqueles que querem aprender.
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Tornar-se um profissional exige tempo, experiência, estudo, reflexão, e um monte de outras coisas... Exige antes de mais nada, querer muito. E querer muito é o mesmo que amar muito. De amador, se converte em profissional.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Como lidar com a tristeza

Parece que o consumo de anti-depressivos dobrou nesta última década. E ainda que alguns pacientes tenham prescrição médica adequada para este tipo de droga, parece-me que vivemos um momento em que as pessoas não sabem lidar com suas emoções, sobretudo com a tristeza. Vejamos...
Há algum momento na história da humanidade em que o homem não tenha tido experiências de tristeza? É possível que alguém viva a vida sem sentir-se triste? Seria a tristeza algo de todo ruim, sem valor existencial ou sem utilidade para o desenvolvimento de nossas identidades? A tristeza deve ser sempre interpretada como oposto da felicidade? Ou seria, às vezes, um modo de reconhecer limites e defeitos e até uma forma de catarse e melhoria interior? Será possível indivíduos poderem viver sem resistência a momentos difíceis e, portanto, tristes? Não seriam as gerações atuais menos resilientes?
A sociedade contemporânea está doente, se estiver certo o dado de que quase 50% da população deveria ingerir anti-depressivos. E qual é o remédio para a doença? O anti-depressivo (solução paliativa) ou uma solução de causa, capaz de eliminar a necessidade da droga?
Para lidar com a tristeza talvez seja necessário um pouco da velha fortaleza interior, tão comum nos textos (e nas biografias) dos filósofos estóicos. Sêneca, falando sobre a brevidade da vida, a tranquilidade da alma, a felicidade, etc., é muito mais prático e muito mais belo do que as tarjas dos alopáticos modernos...
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Parafraseando o título de Lou Marinoff que diz "mais Platão e menos Prozac", não seria de sugerirmos "mais Sêneca e menos anti-depressivo"?
Os remédios são validados pelas universidades e pelos laboratórios? Sim, mas a filosofia perene é validade pelo tempo. Muito mais categórico.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Como dizia Píndaro...

O primeiro raio. Quando nasce o dia é o primeiro raio que faz romper as trevas. É a vontade. Supera as limitações da escuridão.
No homem, é sua virilidade. Uma força espiritual – que até se manifesta sexualmente – e toda inventiva, capaz de desfrutar dos meandros dos caminhos impossíveis. Faz possíveis os impossibilitados pela sorte sua, deveras calma, constante, sempre em frente, determinada, cortante. A vontade é força maior.
Desde os mestres antigos, pelos exemplos de Alexandre, César e Napoleão, passando por Schopenhauer e todo filósofo, poeta e místico que se queira como exemplo do triunfo, eis a verdade: é a vontade a soberana.
Como traduzi-la em conduta? Em primeiro lugar, atrevendo-se a ser quem se é. E para isso, há que se desprender do maior inimigo dela. Não é a inércia, posto que é um efeito secundário. Não é a hesitação, posto que é sua sombra. O maior inimigo é o medo. Ele deve ser atacado, violentado. Ele é o brasão inconteste do demônio que apaga a chance do primeiro raio levantar. Então, é contra ele que desferimos não o primeiro golpe, mas o golpe zero. Antes de tudo, morte ao medo! Serve-te inteiramente do teu próprio ser e vai em fundo, em profundo. Busca toda a natureza interior que é só tua. Não receia. És homem, e a maior conquista é saber-se único, original e exclusivo. Daí em diante, é mais descoberta. Mais aprendizado. Mas tudo advém daí. Vencer o medo é ver-se como se é.

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Dizia Píndaro, o poeta e guerreiro grego: torna-te quem és. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Liderança em serviços profissionais

Os chamados serviços profissionais - numa tradução livre do inglês "professional services" - se refere ao grupo integrado por advogados, engenheiros, arquitetos, contadores, profissionais de software, dentre outros tantos que usam de um conhecimento altamente especializado nas suas atividades. Daí que a interação com seus clientes é diferenciada, a percepção de valor de seu trabalho é pouco visível, a dificuldade em conquistar novos contratos é grande e a justificativa dos seus honorários pode ser um problema. O intangível é a principal característica deste contexto de liderança.
Assim, os líderes nestes ambientes intensivos em conhecimento precisam de uma preparação ainda mais especializada. Seus times de trabalho normalmente são muito autônomos, com bastante iniciativa e com desempenho proporcional, muitas vezes, à sua liberdade de atuação e expressão. A criatividade é fator cotidiano para a prestação dos serviços e o atendimento aos clientes requer habilidades de comunicação (oral e escrita) que muitas vezes não integra a maioria dos cursos de formação, muito técnicos, e pouco alinhados com a prática gerencial destes escritórios.
A dica inicial é buscar o entendimento dessas idiossincrasias e voltar a atenção dos gestores para a necessidade de desenvolver competências próprias da liderança neste contexto. Liderar profissionais do conhecimento não é o mesmo que supervisionar equipes de "chão de fábrica". Cada qual com suas particularidades, cada qual com seus desafios.
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A liderança em serviços profissionais será tema de uma palestra comigo ainda neste ano. Fique atento à fanpage do Liderata - Programa Aberto de Formação de Lideranças, para saber da programação.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Entrevista sobre filosofia...

Entrevista para o pessoal da RBS de Caxias do Sul.

É possível um mundo melhor?

Fiz palestras e participei de entrevistas sobre o tema, recentemente. E minha resposta para essa pergunta é sim. Mesmo aqueles (quais seus argumentos?!) que consideram o mundo atual uma maravilha, podem imaginar melhorias. E os que pensam que há uma série de problemas a serem resolvidos na contemporaneidade, dentre os quais eu me incluo, precisam ser convictos de que é possível mudar as coisas. O pessimismo de carteirinha não cabe se entendemos que a possibilidade de um mundo melhor jaz em cada indivíduo. Confúcio já ensinava que é questão de educar homens e mulheres justas para então termos uma sociedade justa. Quase trivial, não é mesmo? Mas decorre daí um compromisso prático, uma implicação moral para todo idealista de um mundo melhor: o que você está fazendo para se educar, para se melhorar?
A questão é que a resposta para a pergunta do título não é intelectual. É extremamente pragmática. Se consideramos que é possível um mundo diferente, temos de ser coerentes com essa possibilidade. E incorporar no próprio comportamento o que pretendemos responder.
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E, veja só: quando o fazemos, a resposta já não precisa ser falada. Ela é percebida pelas pessoas que conosco convivem, observando nossa conduta. Pois seremos algum tipo de modelo ou inspiração, como deve ser um bom líder, não?

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Na dúvida, a verdade

A melhor estratégia ao negociar com alguém é sempre usar a arma mais poderosa. E dizer a verdade.
Eu sei que as escolas de negociação convencionais podem propor diferente, visando normalmente não se expor muito ao outro lado. No caso de dizer a verdade, a gente se expõe totalmente. É difícil e alarmante. Dá medo. Mas é igualmente muito poderoso e acho que devemos tentar.
Recentemente tive de fazer uma negociação. Passei mais de dois meses planejando a abordagem. Havia muitas possíveis. Na hora de entrar na sala e começar a conversa eu já havia optado pela franqueza e as palavras mais diretas que poderia usar. Deu certo. Ao final da reunião, recebi um (sempre bom!) elogio pela objetividade e pela honestidade.
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Fica assim então a minha recomendação: na dúvida, a verdade.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A maior das inovações...(?)

Recentemente descobri que uma boa técnica para estimular a criatividade é imaginar como solucionar um problema ou como realizar alguma tarefa de um jeito que você não o faria. Você simplesmente cria mentalmente algumas possibilidades que qualquer outra pessoa poderia seguir, menos você.
O resultado disso é, numa das hipóteses, um exercício "lateral" de pensamento e uma exploração imaginária de pontos de vista e de diferentes possibilidades... talvez descubra uma nova maneira de agir. Você cria imagens contrárias ao seu modo de ver, talvez até contrárias ao bom senso e elas lhe ajudam a ter mais empatia, mais perspectiva e uma visão mais ampla da complexidade à volta.
Noutra das hipóteses, você vai ficar mais convicto de que o seu jeito é mesmo o melhor e isso também é importante. Às vezes, a criatividade não tem a ver com inovar no "como se faz", mas no "porquê".
O estímulo à criatividade não precisa orientar sempre um novo produto externo. Pode ser também que a criação seja de uma nova atitude, por que não?
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Todos estão incessantemente querendo alterar ou renovar os métodos, num afã de inovação...
Quem sabe a maior das inovações não seja a de renovar a própria assertividade?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Mudar é mudar a si mesmo

O medo de mudar é inerente ao ser humano, dizem. Especialmente quando estamos em uma condição confortável fica difícil sair da inércia e modificar as circunstâncias. Mas, como dizia Ortega y Gasset, filósofo espanhol, "o homem é o homem e suas circunstâncias". Temos de considerar todo o contexto à nossa volta como parte de nós mesmos. De certa forma, onde andamos, com quem falamos, o que fazemos são um reflexo e uma extensão do nosso ser interior. Assim, transformar essas coisas todas depende de uma transformação interior, antes. O medo, pois, é derrubado sempre pela atitude interna ante às situações externas.
Quando se quer renovar algo pode surgir aquele frio na barriga que sugere um futuro desconhecido e ameaçador. A ideia de sair ou ficar onde se está pode ser restritiva; as coisas não são tão reduzidas assim. Ou não precisam ser. Integrar a complexidade do mundo é uma prova para todos os líderes. E deve ser feito, para avançar e se desenvolver. Então, pense que as suas circunstâncias são parte de você e entenda que se o que o cerca hoje não o satisfaz, em parte você está incomodado consigo mesmo!
Segundo o mesmo filósofo espanhol, o homem pode agir como um herói e salvar sua própria vida. É preciso coragem, sim. Mas veja que é também uma questão de entendimento de que se nos acomodamos e aceitamos tudo com indiferença (ou com mal humor) estamos perdendo a vida e estamos perdendo a nós mesmos. Isso não dá medo também?
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Faça uma avaliação de suas circunstâncias: carreira, família, amizades, hábitos, lazeres, estudos...
O que vê fora o satisfaz? Se não, olhe para dentro e procure o que realmente pretende: seus sonhos (talvez esquecidos...), sua vocação, seus desejos mais profundos. Comprometa-se com esse conteúdo interior e mude tudo à sua volta. Afinal, mudar é mudar a si mesmo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Crie seu tempo

Lendo um artigo da McKinsey deparei-me novamente com a reflexão sobre a aceleração dos tempos e o ritmo frenético de mudanças que enfrentamos hoje em nossa sociedade. As coisas mudam, e mudam o tempo todo. Mudam, e mudam cada vez mais rápido. A primeira hipótese testada (e assumida) para responder a este contexto foi tornar-se o mais rápido possível. Inovar constantemente. Depois, surgiram os movimentos de slow food e uma atitude de contra-ponto geral às mudanças. Acho que é hora de propor uma terceira via (Tony Blair gostaria disso?) para a experiência temporal: proponho a ideia de criarmos um tempo próprio para nossas relações.
- Uma empresa de software e TI pode criar um contexto de atendimento e relacionamento com seus clientes cujo ritmo seja definido pelas necessidades do negócio, ou seja, pela interação de sua equipe com a equipe do cliente;
- Um escritório de arquitetura pode inferir o tempo adequado para gerir seus projetos pari passo à administração de sua marca;
- Uma construtora deveria pensar nas suas próximas obras e criar o seu calendário "gregoriano";
- Os sócios advogados poderiam definir um ciclo de atendimento aos seus clientes em base aos prazos dos processos e não só aceitar, submissos, estes prazos, mas lidar com seus clientes através deles, ativamente;
- Uma empresa de engenharia consultiva trataria de gerir seus contratos em base à curva de agregação de valor ao cliente.
São ideias. Para cada organização, em seus nicho de atuação, com sua cultura própria, devido ao perfil de seus clientes, acho que teríamos de criar um tempo específico.
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Assim, nada de correrias. Nem de ir na contramão dos tempos.
Líder, crie o seu tempo!
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(leia tbm o artigo "Estou meio sem tempo")

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Perguntas e Respostas

As respostas satisfazem e geram por vezes uma sensação de alívio. Diante da dúvida, nada melhor que uma resposta. Pois bem, as perguntas também possuem o seu poder. A eficácia das perguntas reside na sua capacidade de pôr-nos em movimento. A dinâmica da reflexão sobre as coisas da vida, depende das perguntas. Quem deixa de perguntar, pára. Morre. Por instantes, mas morre. Há que viver e a pergunta é uma das magas que dá nascimento.
Talvez os existencialistas tenham ancorado demasiado nas dúvidas e sua morbidez os torna, ao menos para mim, avessos a um estilo de vida viril, forte e alegre. Por isso prefiro Platão e Giordano Bruno à Kierkegaard e Sartre. Mas Platão e Bruno perguntavam muito! É que às vezes para ferir a dúvida e sair da inércia não é questão nem de resposta nem de pergunta. É hora de entregar-se à corrente da vida, dedicar-se a uma causa, viver por uma ideia. Eu sei que Sartre também pregava o engajamento. Mas acho que o melhor é viver com vistas no espiritual.
De qualquer jeito, entre perguntas e respostas, sugiro optar pelo movimento. Afinal, não é este o propósito da dialética?
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A dialética platônica também me é mais apraz. Do grego dia logos, através da inteligência, ou entre duas inteligências, ou ligando inteligências, vamos sempre em frente e sempre para o alto. Não basta andar. Há que dirigir-se para cima!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Esperar não Esperando

Esperar normalmente é chato. Especialmente quando não há muito o que fazer além de, bem... esperar. Contudo, às vezes é possível aproveitar o tempo de espera fazendo algo.
Por exemplo, se você tem de aguardar 6 meses para ver o que poderá ser feito com relação a determinado assunto, neste período pode aproveitar para planejar novos projetos, definir as alternativas e preparar-se para elas, e sobretudo ganhar tempo estudando e absorvendo experiências que serão úteis lá na frente...
A espera pode não ser passiva. No seu lado ativo, utilizamos o prazo que se nos impõe (pelas circunstâncias ou por nós mesmos) para que, quando se fechar o ciclo e iniciar o novo, estejamos com uma certa "energia acumulada". Mais ou menos assim como um arco retesado, preparando-se para lançar a flecha...
Poupar dinheiro, aproveitar para pôr as leituras em dia, cultivar as relações e aprimorar o networking, analisar possibilidades de novos negócios/oportunidades, fazer viagens (ou programar viagens), entre outras, são coisas que podem ocupar o período de espera.
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Só os que esperam sem esperar deveriam ter a esperança de lhes acontecer coisas boas. E fazer isso é ganhar tempo e é muito legal. Do contrário, sabe-se lá o que vai acontecer... por isso é chato.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Por que não?

Lendo um texto sobre lifestyle (estilo de vida) fiquei admirado com a delicadeza e, ao mesmo tempo, a firmeza da autora: ela mencionava que estava escrevendo aquele post em um café em Satorini. Pude até imaginar-me lá, bebendo um expresso, com o notebook sobre a mesa, tendo numa janela ao lado o azul típico da Grécia. E por que não?
Nossa imaginação não deveria ser limitada pela nossa memória. Isto é, pelo fato de no passado nunca termos uma vivência equivalente, não deveríamos pensar que não podemos vivê-la agora ou no futuro próximo.
Nossa imaginação tampouco deve ser vítima de baixa auto-estima, falta de dinheiro, pouco tempo disponível. Ora, é ela mesma, a imaginação criativa, que pode nos ser útil para solucionar estes problemas todos.
Então, por que não imaginar-se fazendo o que se quer fazer? Por que não dar-se o direito de colocar-se mentalmente em situações tão desejadas que possam servir de meta e motivação pessoal?
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A porta de entrada para a realização dos nossos sonhos é permitir-se viver por isso. E é fundamental aceitar integralmente (ou seja, com todas as consequências e o devido preço a pagar) a possibilidade de realizarmo-nos, de fazer coisas que queremos fazes e viver momentos que gostaríamos de viver.
Comece imaginando... por que não?


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Tudo no mesmo local

Imaginem se as academias voltassem a ser como fora a antiga Academia grega, que deu nome aos atuais espaços de fitness?
Vejam, eu também frequento as atuais academias, mas seria muito legal se além de exercitarmos o corpo pudéssemos também exercitar a alma, não? Tudo no mesmo local. Por exemplo: um andar para musculação e ginástica; outro andar para música, teatro, poesia; mais outro para leitura, matemática e meditação. Não seria interessante?
O nome da original escola de Platão veio de uma homenagem a Akademos, um famoso herói ateniense daqueles tempos... Acho que hoje, no mínimo, dificultamos nossas oportunidades de treinamento. Pois mesmo que haja lugares para fazer tudo o que se quer para o autodesenvolvimento, eles não estão concentrados no mesmo local.
(E lembrem que naquela época eles não tinham problemas de trânsito nas grandes cidades para se deslocar de um bairro a outro).


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sobre o filme "Planeta dos Macacos"

Este último filme do "Planeta dos Macacos" contém cenas de liderança não recomendadas para menores de idealismo. É que ele ficou tão realista com relação às possibilidades dos conflitos dentro de um grupo, que pode ser perigoso... Brincadeiras à parte, recomendo assistir o filme com olhar investigador sobre o tema da liderança.
De um lado, vemos a boa liderança inspirada no modelo do líder-servidor, que se dedica à causa maior de proteger e dar a vida pelos seus seguidores. De outro lado, temos a tirania, estimulada como sempre pelo medo e a ganância. É sempre assim. O medo e a ganância mobilizam a violência, em todos os sentidos.
O interessante é que o filme apresenta estes modelos tanto no gênero humano quanto no gênero dos macacos. Agora pergunto: de que lado você está como líder?
Assista o filme e responda, para si mesmo.
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A propósito: a pergunta se dirige à escolha da boa sobre a má liderança! Não se trata de escolher sobre homens e macacos... :)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Manifesto contra a Burrice

A burrice assola a população do planeta com suas garras invisíveis (ou visíveis?). Temos de lutar, valorosos, contra este monstro. E como fazer isso?
A primeira coisa a fazer é reconhecer o inimigo. E a verdade é que ele se apresenta em qualquer um de nós, pois burros somos todos, às vezes. O que é inaceitável é a submissão. Ou seja, não podemos, seres humanos, aceitar a derrota. Nosso destino é a vitória sobre a besta, talvez a real besta do apocalipse. Só podemos aceitar um único caminho: vencer a burrice.
Outra coisa muito importante: saber qual é o seu contrário. E, por favor! Não é a esperteza, a malandragem. É a inteligência, nobre de valores, repleta de sagacidade espiritual, plena de bondade e amor e amizade e solidariedade. O contrário do burro é o inteligente. E o inteligente é justo, é belo, é bom.
Não é fácil vencer a burrice. Mas é possível. Conheci gente na vida que me inspira a todo momento para seguir na guerra interior contra este mal (seria este o verdadeiro mal do século? deste século?). Os grandes sábios da humanidade, os gênios da renascença, os humanistas, os idealistas, os filósofos, os grandes líderes, todos servem de modelo para renovarmos sempre a nossa esperança em direção à inteligência.
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A burrice não faz história. Antes, a detém.
Não sejamos estúpidos! Podemos derrotar a burrice.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Vendo o invisível....

Em inglês a sigla KIB - Knowledge Intensive Business - sugere uma "elite" de empresas cujos ativos intangíveis dão o tom do negócio. Na sua maioria, são empresas de serviços de alto valor agregado, empresas de software e TI, empresas de alta tecnologia e organizações com constantes investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Nesses ambientes, o conhecimento é o rei...
Os profissionais que atuam nesses ambientes são normalmente muito qualificados e o desafio de liderança num contexto assim tem suas particularidades: as pessoas tem iniciativa natural e não aceitam muitos procedimentos de controle de suas tarefas; a produtividade desses profissionais normalmente é maior quando estão mais "à vontade", podendo expressar sua inteligência e criatividade; é comum também encontrarmos especialistas, com expertise direcionada e com experiência acumulada em uma área do conhecimento; suas atividades e o seu desempenho muitas vezes é subjetivo...
Essas equipes constituem um desafio interessante para os líderes. Por exemplo, nas empresas de serviço de alto valor agregado (professional services) onde um grupo de advogados, arquitetos, engenheiros é liderado por um par, ou seja, alguém que compartilha com seus liderados uma elevada qualificação técnica, a confiança se desenvolve na medida em que são "testados" os conhecimentos e idéias a respeito dos temas de que tratam. É comum ver uma liderança distribuída, mais dispersa e compartilhada.
Por outro lado, ao explorar a troca de conteúdo, também surge uma coisa muito legal: esses times constroem conhecimento juntos. As interações dentro da equipe normalmente são muito produtivas, intelectualmente intensas e com constantes trocas de opinião, idéias, experiência e inovação também.
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Como liderar profissionais assim? Vendo o que normalmente ninguém vê. O conteúdo é invisível aos olhos da maioria das pessoas, mas é nele que está a confiança e a valorização dos profissionais e do negócio todo. Para liderar equipes em negócios intensivos em conhecimento, os líderes devem ver o invisível.

terça-feira, 15 de julho de 2014

O modo de vida do filósofo

Tem um Ideal que lhe dá sentido à vida. Um Ideal inspirado no humanismo, na fraternidade e na bondade; inspirado em Deus e numa espiritualidade natural. Busca incessantemente o conhecimento, humilde. É eclético, busca encontrar a unidade do saber atemporal. Estuda os clássicos, os grandes sábios, os poetas e os artistas que encontraram o belo. Estuda as ciências. Sua meta é a verdade. Desenvolve-se em direção à plena virtude, capaz de lhe valer o exemplo para outras pessoas e para as futuras gerações. Seu engajamento político parte de viver os princípios que tanto professa. Esforça-se por ser sempre justo. Torna-se melhor, como evidência da possibilidade de uma sociedade melhor. Sua vida pessoal é de uma moralidade firme e inquestionável. Erra, mas não se vulgariza. Aprende, sempre. Vive com simplicidade, mas intensamente. Tem amigos, talvez também tenha inimigos. Não é morno; é quente, firme e convicto de sua forma de vida. É, enfim, um filósofo. -- homenagem aos 57 anos da Organização Internacional Nova Acrópole. www.acropolis.org

Pureza é para os fortes

O mundo está contaminado. E está contaminante também. A maior parte dos paradigmas atuais envolve-se em pessimismo, materialismo, ceticismo, enfim, desesperança. Alguns pensamentos, camuflam-se de motivação, normalmente padronizados pelo engano do consumismo, pelo deslumbramento com a tecnologia, pela fome do novo (inovação) e por propostas infantis, ainda que irreverentes. O remédio para tanta contaminação? A boa e velha virtuosidade de alma, tão propagada pelos filósofos da antiguidade clássica. Fazer o bem, só isso. Muitos acham que compreendem o que ocorre hoje - seja na Ucrânia, seja em Israel, seja na seleção brasileira. Poucos sabem o que ocorre realmente. Basta ver que as pessoas mal entendem o que se desenvolve na sua própria vida. Quem diria compreender os fenômenos políticos, econômicos e sociais mais complexos... Agora pergunto-lhe: o que você realmente sabe? Em que você pode verdadeiramente apoiar-se para projetar sua vida e viver com coragem a cada instante? Para além de todas as dúvidas e confusões, o que é que realmente faz sentido para você e que lhe permite acordar toda segunda-feira e ir adiante? Como você se mantém firme em ser bom e fazer o bem? A constatação simples, porém profunda, de um significado nas próprias ações, no cotidiano, permite um viés muito raro hoje em dia: não confundir-se com toda opinião que aparece na TV ou no jornal, nem contaminar-se com a sujeira das reclamações, críticas e grosserias alheias. Vejam, não é mais fácil ser puro. É fácil ser ingênuo; e os há em quantia! Mas puros e simples, conscientes das besteiras, da desinformação e da manipulação, livres das configurações traiçoeiras da vida medíocre do mundo atual, são raros. O sonho de um mundo melhor e o trabalho sério por essa visão deve ser a principal obra das lideranças. Precisamos de líderes! O mundo está sujo. ---- E já que não é fácil viver por uma proposta assim, podendo ser acusado de careta, bobo ou "bonzinho" (a pior delas), saiba que virtude significa força e que o Bom, não é "bonzinho", é Bom mesmo. Pureza é, enfim, para os fortes.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Gênese da Estratégia

É vasta a literatura sobre estratégia. Mas ainda há falta de entendimento sobre como se dá o processo de nascimento dela na mente dos estrategistas. Eu vou dar minha contribuição para a discussão sobre o tema:
1) A estratégia não é fruto de um processo cognitivo estritamente racional.
Os insights (as visões internas que surgem na mente), tão comuns na formulação estratégica, resultam de intuição, experiência, feeling sobre as coisas. É por isso que por mais inteligente que seja alguém, pode faltar-lhe sensibilidade para perceber aquilo que não é visível. O que se esconde no meio dos dados e da informação utilizada normalmente para as análises do mercado e da concorrência.
2) Isso não significa que o processo racional não seja útil.
Na verdade, ele é fundamental. Seria impossível testar, averiguar, validar as idéias criativas que surgem por insight. A razão faz então o papel de limitador e ajuda a definir o que é viável e o que não é. Junto com a experimentação, com os testes práticos, a razão serve de proteção à mentalidade criativa.
Eu sei que muitos podem achar arriscado isso: querem que a criatividade tenha asas e não tenha os pés no chão. Mas não pode ser assim na vida real. Há que combinar as asas e os pés...
3) Não é questão de um ou outro.
Assim como uma criança precisa, para nascer, de um pai e de uma mãe, a gênese da estratégia igualmente depende de uma dupla faculdade. A visão diferenciada sobre um negócio, o insight para um novo produto, a ideia genial para um novo projeto, o argumento surpresa numa negociação, o famoso golpe de vista de Napoleão, enfim, toda visão estratégica requer o yin e o yang, a criatividade e a racionalidade.
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Precisamos nos acostumar a ver as coisas integradas e pensar ao mesmo tempo com os dois hemisférios do cérebro. Imaginemos que a estratégia é a filha, sendo seu pai e sua mãe, a razão e a intuição. Assim nascem as estratégias.
>> E lembre-se: um casal feliz, pode dar muitos frutos... :)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Solucionar Problemas

Uma das coisas mais triviais da vida é ter problemas. Um líder, em qualquer contexto (empresa, hospital, esporte, exército, universidade, governo, etc.), terá ainda mais problemas - em quantidade e complexidade - uma vez que se somam os seus, individuais, e os dos seus liderados, cuja responsabilidade lhe cabe também. Assim, algumas palavras sobre a solução de problemas para as lideranças:
- primeiro, aceitar o problema. Não evitar ou cair no mecanismo de defesa da negação.
- segundo, concentrar-se, isto é, não dispersar energias com ansiedade, nervosismo, impulsividade, etc. garantir que se está centrado e firme interiormente para avaliar o problema e a situação.
- terceiro, usar da dupla habilidade (racional-intuitiva) para entender o problema e começar a desenhar a solução. É possível que surjam várias alternativas, mas todas devem ser analisadas com dados e fatos (bem racional) junto com o feeling da voz interior (bem intuitivo).
- quarto, finalmente, fazer escolhas, tomar decisões. As coisas só se movem quando tomamos decisões.
- quinto, agir com prudência, acompanhando como o cenário se modifica a cada passo. Ver a relação de ação-reação com as pessoas envolvidas e demais elementos presentes. Observar o karma, como diriam os filósofos hindus.
- sexto, visualizar a superação do problema. Há que aceitar o problema, entretanto também temos de nos acostumar a superá-lo. Não é para ficar apegado a ele!
- sétimo, comemorar. Pois é muito legal solucionar problemas...

terça-feira, 24 de junho de 2014

Nos alimentamos de significado

Uma vez escutei num programa de rádio um famoso psicanalista dizer que as pessoas procuravam inutilmente um sentido para a vida, quando - nas palavras dele - "a vida não tem um sentido". Discordo do cara, terminantemente.
Faço parte de um grupo de teimosos.Quando as coisas não fazem sentido, nós ficamos irritados. Somos os inconformados com a vida sem sentido. Queremos que tudo tenha um significado. Somos mesmo uns chatos.
Não me alinho com os angustiados existencialistas, apesar de reconhecer neles buscadores de sentido como eu. Cada qual à sua maneira, solucionando sua angústia com religião, sem ela, com engajamento político, sem ele, apoiando suas dúvidas na linguagem ou noutra coisa.
Me alinho com a imagem do "caçador de poder" do velho índio Juan Matus, mestre de Castañeda, quando lhe ensina que a vida é um mistério e só o fato de podermos explorá-la já outorga-lhe sentido. "Somos seres de aprendizagem", dizia o velho mestre tolteca.
Acho que nosso verdadeiro alimento é o entendimento do porquê das coisas. Enquanto não o sabemos, estamos famintos.
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Não dê ouvidos a quem diz que a vida não tem sentido. Você pode ficar sem paladar; como eles.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Crescimento (e momentum)

Há um ponto na vida das organizações em que elas entram num processo de crescimento acelerado. Muitos estudiosos chamam isso de momentum de crescimento.
Eu advogo que este fato radica no ponto de alinhamento entre a identidade da empresa e suas operações de negócio. Ou seja, o grande crescimento inicia-se quando a empresa se expressa com autenticidade. O problema é que manter este momentum requer muita concentração e fidelidade à identidade da empresa e muitas vezes os líderes não sustentam este desafio.
A pergunta prática então é: como desenvolver um método de vendas e de entrega dos produtos/serviços coerente com a essência do negócio (chame como quiser, por exemplo, o conjunto de missão, visão, valores).
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Será que isso não se aplica ao indivíduo também? Veja: como líder, você tem seu ponto de inflexão na carreira. De repente é promovido e passa a influenciar muito mais a organização para a qual trabalha. Pergunto: como manter suas qualidades essenciais? Como não se deixar levar por vaidade, negligência, soberba?

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Crescimento (e identidade)

Laurence Ackerman, um gênio que explicitou as 8 leis da identidade em seu livro “Identidade é Destino”, nos ajuda a entender algo fundamental: crescer não significa simplesmente ter mais clientes ou aumentar as vendas numericamente. Veja: se isso implicar fazer coisas que não têm a ver com o que você (ou seu negócio) é em essência, na realidade, não será crescimento, mas o prenúncio da decadência – ainda que as vendas aumentem no curto e médio prazos...
Há vários casos conhecidos por mim e tantos outros consultores e executivos. A empresa começa a crescer e, de repente, perde a qualidade característica de seus primeiros anos, perde a capacidade de atendimento aos seus clientes, perde o controle sobre os números e sobre seus métodos e modos de entrega de seus produtos e serviços. Depois, acontece o pior. E mesmo que o negócio não quebre, deixa de ter o brilho e a motivação subjacente dos fundados e primeiros líderes que, visionários, sonharam com a organização.
Essa verdade não se aplica só aos negócios. Aplica-se à vida. É fundamental manter-se fiel a si mesmo. Crescer não pode ser um desvio de sua identidade, mas uma expressão mais forte dela.
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Um sintoma que pode ajudar: a felicidade, a alegria, a motivação. Ou a falta disso! Fique alerta, nunca deixe de ser você mesmo.

Seja uma organização ou uma pessoa, jamais abra mão de sua identidade. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Fronteiras (de fora e de dentro)

Quando eu nunca havia trabalho em projetos internacionais as fronteiras do Brasil pareciam-me mais distantes. Depois, em contato com empresas das Américas do Norte e do Sul e da Europa, passei a ver as "bordas" do país de outro modo. Parecem-me agora mais perto... Cruzar a fronteira - fisicamente ou por telefone, skype, e-mail - é hoje coisa comum e faço-o toda semana.
E os limites da vida, em geral, não são assim também? Eu acho que a metáfora se aplica bem diretamente: todo desafio, quando é superado, torna-se coisa comum, trivial até, mas não sem antes dar aquele frio na barriga. Antes de ultrapassar um limite, sempre há uma dose mista de ansiedade, medo, insegurança. E quando, tomados de heróica coragem, qual naquelas sagas cavalheirescas à lá Don Quixote, arremetemos contra os "moinhos de vento", constatamos que podemos vencer e ficamos satisfeitos por atravessar mais uma borda.
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Imaginemos que toda limitação externa, para fazer as coisas, corresponde a uma limitação interna, equivalente, que será inevitavelmente transposta quando ousarmos desafiá-la. Assim, ficamos mais globalizados, cosmopolitas, internacionais. Por dentro e por fora!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Resignação?

Os filósofos da escola estóica - famosos pelo seu rigor e disciplina - visavam uma moral viril e de força frente às dificuldades da vida. Consideravam que as circunstâncias deviam ser aceitas e todo sofrimento pertinente, absorvido. Numa sorte de indiferença ante a dor, sem afetar-se (apathia), recomendavam manter a calma e a serenidade (ataraxia) e seguir adiante.
Mas isso depende também de escolhas, pois o que se espera é que cada um aceite as consequências de suas escolhas, resignados, porém determinados e potentes frente os desafios. Ou seja, devemos, antes de mais nada, escolher quais desafios vamos querer sustentar nossa presença e continuidade. Não se trata somente de fortaleza interior para aceitar as dificuldades, mas eleger conscientemente se é isso que queremos para nossas vidas. Assim, antes de ser estóico no sofrimento, seja na determinação da sua vida!
A resignação só é virtude quando estamos conscientes do que queremos. Tudo na vida tem um preço, exige um esforço. Mas somos tão livres para aceitar isso como para definir nosso caminho.
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Superar as dificuldades é muito bom e compensador. Melhor ainda é fazer isso sabendo que a causa é justa, boa e verdadeira. Afinal, os estóicos eram também platônicos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Não é ser o melhor, mas estar melhorando.

Das centenas de definições que lemos sobre que é sucesso - na vida profissional, por exemplo - uma chamou-me a atenção em particular. Do livro "Maximize your Potential" de Jocelyn Glei, editora chefe do 99u quando ela diz que "Sucesso não é sobre ser o melhor (the best). É sobre estar sempre tornando-se melhor (becoming better)". E a autora complementa sua constatação com algumas perguntas para refletirmos:
- você consegue sair de sua zona de conforto?
- pode aprender com os erros?
- criar/construir novas habilidades?
Ela também menciona que desenvolver o próprio potencial demanda dedicação, criatividade e uma boa dose de esforço.
Bem, eu concordo com tudo isso em gênero, número e grau. Acho que todos nós temos no próprio potencial a felicidade, a realização e o sucesso. E concordo ainda que isso não virá de graça, requer esforço e dedicação. E fica mais fácil, penso, exercitar isso com uma perspectiva de estar sempre aprendendo, fazendo pequenas melhorias (o kaizen dos japoneses...), vivendo e acumulando experiências novas, passando pela vida como um caçador - como dizia Carlos Catañeda, em constante espreita.
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Você não precisa querer ser o melhor. Na realidade, todos somos já o melhor que podemos ser no instante em que pensamos nisso. E logicamente podemos ser ainda melhores... Basta considerar isso tudo como um processo, um fluxo, um movimento e não um meta estática, um estado definitivo, um objetivo final.
Enfim, desejo que você esteja sempre melhorando. Sempre.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Por princípio? Então tá.

Uma vez, conversando com o presidente de uma empresa, falei que minha decisão se justificava pelos meus princípios, não por outro motivo. Ele disse: ""Por princípio? Então tá". Ou seja, ele sabia o que significava isso. Mas poucos sabem...
A ética é muitas vezes dividida em deontológica e teleológica. À última, relaciona-se as finalidades e objetivos dos homens. À primeira, trata de deveres definidos por princípios que servem para orientar o comportamento, independente das circunstâncias.
Podemos afirmar nossas vidas em base a fundamentos morais inquestionáveis e não negociáveis. E lutar, sempre, para que as circunstâncias não nos dobrem. Não abrir mão disso. E por que não o contrário, até Seguindo a sugestão de Maquiavel para o Príncipe: inclinar a natureza (Fortuna) à sua vontade e virtude.
E, vejam! Logo ele, Maquiavel, famoso pela sua frase de que "os fins justificam os meios", omitindo um dos três elementos do silogismo, justamente os princípios. Acontece que muitas vezes os princípios morais ficam implícitos... Eu acho que seria hora de cada um ter isso bem explícito para si mesmo.
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Dica: sempre que tiver uma escolha difícil de fazer, busque apoio em si mesmo, nos seus pilares morais, naquilo que você acredita como certo, bom e verdadeiro.
Pois, certamente, a sua consciência vai argumentar na hora de deitar a cabeça no travesseiro: Por princípio? Então tá.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Guarda Alta!

Essa é a dica de todo instrutor de artes marciais para seus alunos. Guarda alta!
Quando a luta está sob controle, há uma tendência de sentir-se seguro e negligenciar o perigo de um movimento vencedor do adversário. (Eu já perdi uma luta num torneio por este motivo.)
Na vida é assim... Às vezes as coisas estão indo tão bem que ficamos desatentos, displicentes e sem concentração. Normalmente as pessoas ficam alegres e confortáveis nestes momentos - e até demais - a ponto de gerarem, sem querer, um problema a seguir.
Se opõem assim, a todo momento, prazer e dor, êxitos e perdas. Mas essa dualidade exagerada, radical, pode ser controlada se mantivermos sempre a "guarda alta", uma sorte de tensão interna saudável, capaz de nos deixar sempre prevenidos, de olhos abertos, cuidando das coisas à nossa volta.
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Nunca devemos baixar a guarda. Não porque isso seja neurose, mas porque é inteligente.
Mesmo que não venha um golpe em sua direção, você será capaz de ser mais efetivo nos seus próprios golpes. Tudo simbólico, é claro!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Como vencer o tempo?

Não que o tempo seja um inimigo; mas pela sua natureza, ele precisa ser desafiado de algum modo.
É como se o tempo fosse um aliado, mas um aliado que, à sua maneira, dá sua contribuição como uma espécie de adversário.  Nos impõe limitações para que possamos superá-las e, ao fazê-lo, sentimos aquele gostinho da vitória.
Tal qual o velho deus romano das duas faces, Jano, podemos acumular dois rostos: um velho e um jovem. Na medida em que ganhamos experiência de vida, ganhamos nossa face de ancião. E se conseguimos cultivar o entusiasmo e o idealismo, ganhamos nossa face jovial.
O ancião em nós confere a maturidade e a prudência necessárias para qualquer investida.
O jovem em nós garante que não paremos jamais, sempre sonhando, sempre buscando coisas novas.
Vencer o tempo é unificar o passado e o futuro. Vencer o tempo significa transcender a limitação do relógio e a limitação das oportunidades perdidas do passado. Vencer o tempo é não se prender às restrições da "falta de tempo" (quantidade) e poder "criar" o tempo necessário mediante uma maior QUALIDADE de tempo.
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Não tenha medo deste adversário: ele é daqueles que nos treinam, que nos tornam mais ágeis e nos permitem crescer. Não seja só um velho ranzinza nostálgico. Não seja tampouco um eterno irresponsável e ingênuo adolescente. Seja os dois, unificamos numa sabedoria que vence o tempo...

sexta-feira, 25 de abril de 2014

? ? ? (para refletir)

- Você achava que este projeto seria legal?
- Sim.
- E foi como você esperava?
- Não.
- Então você se arrepende de ter participado?
- Não.
- Mas você não guarda boas recordações... Foi isso que me disse, certo?
- Sim.
- Bem, mas então essa experiência foi dura e causou-lhe muita desmotivação enquanto estava trabalhando nela?
- Sim.
- Ok, mas então você, se pudesse voltar atrás, evitaria participar do projeto?
- Não.
- Você só responde Sim ou Não?!
- Não.
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Acontece que as experiências - que nem sempre são agradáveis - podem ficar como memória de coisas ruins, chatas, difíceis e até dolorosas. Mas o que importa é a capacidade de refletir sobre elas! Ou seja, concordar ou discordar, querer ou não querer, aceitar ou não aceitar pode ser apenas superficial... coisa infantil, até.
Com as perguntas certas, obtemos as respostas certas: faça você a si mesmo perguntas para entender suas vivências. Isso é o que realmente vai ajudar.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Menos é Mais

Como mostrar os resultados de seu trabalho?
Se apresentamos muita informação, confundimos o interlocutor. Isso vale para, praticamente, qualquer situação. E no caso do ambiente empresarial, os líderes interessados em mostrar os resultados de seus projetos e o desempenho de seu trabalho podem seguir também essa máxima: menos é mais.
Conseguindo identificar as poucas ações que geram a maior parte dos resultados - como a velha regra de Pareto, que sugere uma relação de 80/20 para as relações de causa e efeito -, já podemos informar o chefe de como as coisas estão indo. Simplicidade na comunicação é fundamental num mundo em que todos estão assediados o tempo todo. Conquistar a atenção de alguém - do chefe, especialmente - para comunicar o que estamos fazendo é um desafio.
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Sei que Pareto é super batido. Todo mundo usa este termo nas empresas. Por isso mesmo é útil: simplificamos a comunicação, objetivamos a mensagem e conseguimos mostrar o que queremos mostrar. Menos é mais!

terça-feira, 22 de abril de 2014

The Red Table Strategy

Comprei uma mesa vermelha para meu home office.
Apesar de que estou vivendo uma experiência executiva nestes meses, mantenho meu escritório em casa para minhas atividades docentes e como escritor e palestrante. E agora comprei uma mesa vermelha.
Eu sempre quis uma. E acho que este gesto (um deliberado presente para mim mesmo) simboliza a vontade que todos temos de fazer o que realmente queremos fazer. E como fazer? Aí é que entra a estratégia... Para conquistar o êxito em qualquer empreitada, precisamos de estratégia.
Do famoso livro de Cham Kim "Estratégia do Oceano Azul" aos clássicos de Ansoff e Porter sobre o tema, passando pelos meus favoritos Mintzberg e Patel, podemos descrever a estratégia para uma empresa de muitas maneiras. Mas e a estratégia de carreira, para um indivíduo? Sei que há publicações nessa área também. Mas até hoje não encontrei nada que me satisfizesse. Quem sabe um dia eu mesmo escreva algo sobre o assunto.
Das minhas antigas atividades de coaching (hoje não tenho mais tempo para prestar esse serviço) lembro da metodologia que utilizava e que se baseava no conhecimento de si mesmo - como todo bom filósofo faria - e, então, a elaboração da Identidade Profissional: um constructo que evidencie a originalidade e singularidade de cada um; sua autenticidade, descrita em competências, habilidades, conhecimentos e o que mais possa utilizar para expressar sua individualidade no mundo.
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O que pretendo com este post é estimular-lhe a criatividade e sobretudo a vontade de seguir seu caminho e fazer suas escolhas. A "estratégia da mesa vermelha" (The Red Table Strategy) é a busca pela expressão do que cada um tem dentro de si. Com total autenticidade! É nisso que acredito e é isso que proponho aos meus leitores.
Eu queria comprar uma mesa vermelha. Comprei. Você, o que quer fazer? Faça. Vai se sentir melhor.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Vai voltar mais velho...

Ainda lendo o livro de Ken Follet (são mais de 700 páginas!) pensei em compartilhar com meus leitores a reflexão de uma personagem falando sobre seu irmão mais novo. Ela disse: "...ele sempre foi maduro e responsável para sua idade, e certamente após a guerra vai voltar mais velho."
Nós sempre tornamo-nos mais velhos depois das guerras.
A velhice, neste sentido, não é questão de tempo, mas de experiência. O tempo é só um amigo que ajuda a percorrer um trajeto do qual recolhemos coisas úteis para o nosso desenvolvimento. A experiência é que faz a diferença.
Conhecemos gente velha com pouca idade. Conhecemos gente com mais de sessenta anos com pouca experiência de vida. Isso corresponde a um dos temas mais curiosos da vida humana: o quanto vale à pena viver as coisas que vivemos; e se não seria melhor optar por outro caminho...
Mas a falha na reflexão pode estar no princípio que rege os sonhos de cada um. Quem busca dinheiro, pode se contentar com as cicatrizes típicas disso; quem busca status, reconhecimento e promoção profissional, vai se contentar com outras dores; quem, enfim, busca algo transcendente, maior, idealista, vai assumir os riscos de uma outra guerra.
Cada campo de batalha oferece as suas feridas próprias. Se vamos voltar mais velhos, acho que vale à pena poder escolher quais lembranças, aprendizados e marcas aceitamos trazer junto. E quais não.
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Afora o fato de que as guerras deixam pessoas traumatizadas, afora o fato de que as guerras físicas (com bombas e armas) deixam mortos, temos nela um símbolo sempre repleto de significados. Por que será isso? Talvez porque seja realmente inerente à natureza humana, de um jeito ou de outro.
Mas lembre-se: fazer escolhas também pertence à nossa natureza, e à melhor parte dela. Portanto, escolha sua guerra e escolha sua paz.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Arquiteto de Interiores

Sempre achei legal folhear revistas de decoração. O design, o estilo e a estética proporcionada pelos bons arquitetos é aconchegante. Dá vontade de ficar em lugares assim. Também é verdade o oposto: há ambientes em que não há conforto, não estímulo para o trabalho e as relações.
Acho que o bom líder deve dedicar-se a criar ambientes harmônicos, como se fora um arquiteto. Desenhar o lugar para que as pessoas sintam-se motivadas e interessadas em lá estar para encontrarem-se todos os dias e desempenharem o seu melhor. Nem sempre é assim. Hoje em dia isso pode ser até uma raridade, visto que as organizações refletem a dificuldade de relacionamento humano da nossa sociedade como um todo... É, o pequeno grupo sempre reflete o grande grupo e o interior sempre reflete o exterior.
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Que tal ser um líder capaz de criar bons ambientes?
Você será como o designer capaz de criar ambientes estéticos. E talvez as pessoas lembrem de você quando estiverem folheando uma revista de decoração!

segunda-feira, 31 de março de 2014

O Medo "Certo"

Lendo o livro de Ken Follet, "Queda de Gigantes", identifiquei-me com alguns personagens que, durante a Primeira Guerra, não deixam de voluntariar-se para o combate. Não que fossem interessados em conflitos, em mortes, ou em armas; não que preferissem a guerra à paz; é que não poderiam deixar o tempo falar às suas costas, anos depois, que foram covardes.
Mas se agiram por medo, não foram covardes de qualquer jeito? Ter medo de lutar seria errado, mas agir por medo da vergonha decorrente de sua omissão seria certo?
Ao que parece, todos temos nossos medos... Mas há medos maiores. Ninguém gostaria de passar pelas agruras do campo de batalha, pelo frio, pela possível dor dos ferimentos, entretanto alguns preferem isso ao sentimento de que não lutaram por falta de coragem.
Na vida - não necessariamente em guerras - passamos por situações equivalentes, onde nossas decisões são motivadas pelo medo. É como se existisse o medo "certo" e o medo "errado". O difícil é discernir este medo  "certo" que impele à virtude, daquele que demarca um defeito de caráter.
Parece que Platão também concordava com isso, pois dizia que todo homem teme a dor e a vergonha. E dizia ainda que a coragem e o valor não significariam não ter medo, mas agir apesar dele, buscando o que é justo.
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E você amigo leitor? O que você teme? Quais seus incômodos, quais suas angústias? Que coisas lhe dão o terrível medo de se arrepender, de ser visto como incapaz ou de ser acusado de covarde?
Uma última dica para a reflexão: se fosse por Platão, a referência seria o Bem. Então, cuidado para não superar o medo causando males; o medo "certo" permite que façamos o coisa boas, para nós mesmos e para as pessoas à nossa volta.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O Nome das Coisas

Dizem que os sábios do Antigo Egito eram sábios porque sabiam o nome certo das coisas.
Hoje as palavras estão vazias de sentido, quase sempre sem significado real para quem as utiliza. O nome certo das coisas foi esquecido...
Lidar com conceitos é um fundamento para qualquer ciência que seja. Para o estudo das artes também. De qualquer disciplina. A liderança, como tema de pesquisa e trabalho, é objeto de muitos estudos e discussões, mas parece que o básico - por exemplo, o conceito de autoridade - não é bem compreendido.
Como desenvolver um tema sem partir de um correto entendimento de seus fundamentos? Impossível. E a probabilidade de surgirem muitas opiniões sem valor (e que por vezes confundem) é total.
Proponho um feijão-com-arroz para todo estudioso, de todo o assunto: domine os conceitos, saiba dar o nome certo às coisas. Pode ser que não se torne um sábio egípcio, mas com certeza não será um ignorante contemporâneo.
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By the way: autoridade vem do latim auctoritas e significa o acúmulo de poder moral que alguém tem. Não é dada pelo cargo, mas é inerente ao seu usuário. Ou não é. Neste caso nem deveria ter o cargo...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Visão de Mundo

Restrita, a visão impede também o pensamento. Ampliar a visão de mundo dá possibilidades maiores para a criatividade e o encontro de soluções para os problemas do dia a dia. Como fazer?
Uma maneira óbvia é viajar (literalmente...). Conhecer lugares e pessoas de diferentes países e culturas é como ler milhares de livros - e muito mais, pois o contato humano é insubstituível e ver paisagens diferentes, de perto, é também insubstituível.
Outra maneira é viajar "não literalmente". Usar a imaginação para conceber como vivem as pessoas em condições diversas às que vivemos; tentar colocar-se no lugar do outro (empatia) tentando entender sua situação; buscar intuir coisas sobre a sociedade, a economia, o comportamento...
A leitura é indispensável. Leia sempre. Há bons livros, é só procurar e pedir dicas para ávidos leitores.
Fazer coisas diferentes e em paralelo à principal atividade profissional é minha última dica. Estou dando aulas em um MBA e descobri o quão importante é termos sempre algo em paralelo. A única regra é não afetar o foco e o desempenho da atividade central. Isso amplia muito a visão de mundo.
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Ou seja: a visão de mundo grande, rica, não pode ser desenvolvida somente através da tela do computador. Isso pode até produzir o efeito contrário, quando em excesso. Ai! Talvez eu não ganhe muitas "curtidas" desta vez... ;)



sexta-feira, 14 de março de 2014

A Arte da Leveza

O mundo corporativo é pesado. Não só o mundo corporativo, mas, hoje, parece que o mundo inteiro está pesado. Se pudéssemos tirar um pouco da carga, seria saudável, para todos nós.
Minha proposta é desenvolvermos um pouco a Arte da Leveza. (Essa velha arte, quase esquecida, inserida muitas vezes nos campos da diplomacia e das relações humanas.)
Imaginemos que de tão pesado, bastante gordo, o ambiente oprime a autenticidade de cada indivíduo. É como uma atmosfera que não chega a ser aérea, mas gosmenta, quase gelatinosa. Fica tudo sob pressão. Ninguém consegue se expressar livremente. Ninguém pode mostrar quem realmente é. Todos estão tensos, quase o tempo todo.
Tornar leve o ambiente não depende só de uma pessoa, totalmente. Mas pode ser que uma única pessoa ao menos consiga dar um exemplo de leveza, atmosfera aérea, não gelatinosa, sem pressão. Para isso, é válido esforçar-se para ser gentil, SEMPRE, com todo mundo com quem tratamos. Ainda que seja necessário impor-se, que isso seja feito com delicadeza. Mesmo que deva argumentar a afirmar suas idéias, que se mantenha a compostura e a fineza. Isso não é fácil, mas é possível. É uma arte.
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Dá para tentar aliviar um pouco a carga? Faça-o. As pessoas ao seu redor vão se sentir mais leves e você também vai. O mundo perde um pouco de peso. Todos ficamos mais saudáveis.

terça-feira, 11 de março de 2014

Influenciar e Ser Influenciado

Norberto Odebrecht - que deveria ser estudado nos cursos de administração - intitulou um de seus livros assim: influenciar e ser influenciado. Ali discorre sobre a dinâmica corporativa e o mundo dos negócios do ponto de vista do líder (empresário, neste caso).
Acho que o maior desafio do mundo atual é influenciarmos as circunstâncias para o BEM.
Como queria Platão, o Bem é o maior dos arquétipos, em torno do qual todas as demais Idéias se harmonizam. E, dizia ele, tudo tende para o Bem... mas tem de fazer uma forcinha. E essa forcinha é a atitude e a conduta que devemos ter no cotidiano, sem abrir mão dos princípios de bondade e moralidade.
Ser influenciado pelo mal, pela inveja, pelo ciúme é horrível. Então fique atento e procure manter-se protegido dessas emoções. Como? Cultive os sentimentos mais elevados de respeito, coragem, amizade, alegria. Há que combater, lutar verdadeiramente. Pelo bem!
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O desafio é proporcional ao teor das circunstâncias: ambientes mais conflitivos, às vezes ácidos, são mais difíceis. Nestes casos é onde se provam os grandes líderes!
Influencie! Não se deixe somente ser influenciado.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Nosso Mundo Atual

Acabei de ler o livro do sociólogo Göran Therborn "O Mundo - Um Guia para Principiantes".
Uma frase sua, marcante, resume muita coisa do que eu mesmo penso sobre o mundo atual e indica que apesar dos avanços tecnológicos que tivemos, o século XX foi homicida. Ademais, diz:

"Ele produziu o pior tipo de racismo – o racismo genocida – da história da humanidade e nos legou a consciência de que existe uma humanidade vivendo em um mundo compartilhado e finito”.

Therborn é um intelectual respeitado. Mesmo que não fosse, eu concordaria com ele de que um "racismo genocida" é suficiente para marcar negativamente uma época...
E viver "num mundo compartilhado e finito" é algo para refletirmos profundamente: Isso é assim mesmo? O que estamos realmente compartilhando? O que se propaga massivamente nesse cenário globalizado? Que valores temos no pós-modernismo? Existe pós-modernismo? Que significa isso?! E etc.
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Precisamos ou não precisamos de lideranças conscientes e capazes de legar um mundo melhor para os que vierem depois de nós? E que possam explicar com clareza o nosso mundo atual...

segunda-feira, 3 de março de 2014

Liderança e Contexto

Já escrevi sobre este tema mais de uma vez. É por que é importante.
A liderança, de acordo à minha usual descrição, depende de lidar consigo mesmo, com as pessoas e também com o contexto.
Lidar consigo mesmo é das coisas mais difíceis. Controlar-se, superar o medo, atuar no meio da incerteza, trabalhar sob pressão...
Lidar com as pessoas é extremamente complexo, porquanto acada um tem suas idiossincrasias. É difícil coordenar uma equipe onde as necessidades, capacidades, exigências, virtudes e limitações são tantas...
Lidar com o contexto é também complicado. Veja que a cultura de cada organização é única e tem suas próprias dificuldades: política, conflitos, competitividade, clima, linhas de comunicação, controles, paradigmas e mitos, etc. É muito subjetivo e ainda assim é preciso tentar interpretar o ambiente para poder liderar com eficácia.
Mas o que me interessa hoje é falar sobre uma verdade chata de ser admitida: nós não conseguimos ser bons líderes INDEPENDENTEMENTE do contexto, isto é, temos a capacidade de ir à frente, atrair seguidores e solucionar problemas em certos ambientes, mas não EM TODOS os ambientes em que estivermos. Numa visão mais romântica, imaginamos o líder como um super herói que "dá conta do recado" (qualquer recado!) em todo tipo de situações e em organizações de toda natureza - empresas, hospitais, governo, esportes, etc. Podemos visualizar um executivo gerando resultados em empresas de diferentes tamanhos, setores e mercados; um profissional capaz de atingir um desempenho notável em qualquer cargo. Mas isso é falso.
A experiência mostra que somos capazes de liderar as pessoas a fazer coisas legais, mas dependendo do contexto. Isso significa que pode acontecer de alguém ser competente em uma empresa e não ser em outra; pode acontecer de um gerente atingir as metas em um cargo e não em outro; pode acontecer de um executivo se dar muito bem em um setor, e não em outro. E, vejam! Isso NÃO SIGNIFICA que não é um excelente profissional e um bom líder. Significa simplesmente que é bom em certas situações e em outras não é.
Ao menos até hoje, eu ainda não conheci ninguém capaz de fazer qualquer coisa em qualquer lugar...
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Primeira hipótese: se você percebeu que não consegue manifestar 100% de seu potencial em uma determinada organização, não se preocupe tanto assim. Isso não significa que você é incompetente. Talvez só esteja no lugar errado - de acordo às suas habilidades e talentos.
E se você pensa que pode ser excelente em qualquer contexto, bem, isso é só a evidência de sua falta de experiência. Um dia vai entender o que lhe digo aqui. E quando este dia chegar, lembre da primeira hipótese!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Interim Management

O conceito é da década de 70, na Holanda, mais ou menos. E é na Inglaterra que esse modelo está consolidado - mas ainda crescendo. Dizem que a origem vem da Roma republicana, com o cargo temporário dos publicani.
O executivo ou gestor interino, é contratado para fazer um trabalho gerencial (não de consultoria) com início, meio e fim. Eu já fiz muito isso, prescindindo do título.
Como gerente de projetos, como responsável pela área de desenvolvimento de negócios, como coordenador de portfolio, como gerente comercial, como gerente de marketing, já fiz muita coisa que não era consultoria, mas execução mesmo. E com prazo de conclusão e saída da empresa.
Quais as vantagens deste modelo (chame-o como quiser chamar)?
- contrata-se um profissional que vai pôr a mão-na-massa sem onerar a folha de pagamento;
- utiliza-se o recurso temporário, sem assumir obrigações a longo prazo;
- quando não se tem equipe para executar determinada estratégia, este executivo entra e sai, sem necessidade de forçar sua utilização/alocação em outras atividades;
- ganha-se o conhecimento e a experiência desse profissional (durante 12 meses, por exemplo) de modo a capacitar o grupo com quem ele vai trabalhar;
- há ainda o ganho de visão, criatividade e contribuição estratégica e gerencial que um gestor assim normalmente traz.
Executivo interino, gestor interino, gerente de projeto, assessor de planejamento, responsável temporário pela área, etc. Os nomes são realmente irrelevantes, entretanto a vantagem é notável. E como é cada vez maior o número de profissionais autônomos no mundo, acho que está aí uma forma bem inteligente de as empresas organizarem-se para seu crescimento.
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Quer me contratar como executivo interino? Mande-me um e-mail, mas até dezembro deste ano não vai dar, estou gerenciando a área de marketing e vendas de uma empresa e meu compromisso não pode ser interrompido. Ah, também tem isso: o executivo é interino, mas a fidelidade tem de ser total!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Gestão do Crescimento

O CRESCIMENTO pode ser gerido? Deve. Afinal, gerenciar não significa outra coisa que resolver problemas, e há muitos problemas implícitos na dinâmica do crescimento.
Vejamos, por exemplo, o primeiro momento: o desejo de crescer. Nessa fase é necessário estratégia e aproveitamento de oportunidades; é necessário capacidade de execução, operacional mesmo, pois do contrário o plano não servirá para nada; é necessário ímpeto, ousadia, empreendedorismo, visão, coragem, por parte dos líderes; é necessário muita paciência também, pois a ansiedade normalmente corrói os ânimos e gera muitos atritos, de modo que o clima fica péssimo e o espírito de equipe dificultado; quem vai gerenciar isso tudo?
No segundo momento de uma empresa em crescimento: vai precisar de capital, pois alguém terá de financiar as aquisições, investimentos e o capital de giro que viabiliza o aumento da capacidade decorrente do aumento das vendas; vai precisar de pessoal, especialmente lideranças, uma vez que o trabalho vai crescer e alguém terá de se responsabilizar por ele; vai precisar de controle, pois a estrutura de custos vai mudar e se não houver atenção, pode ser que se perca dinheiro apesar do aumento da receita; vai precisar de nova infra-estrutura e possivelmente vai precisar de novas ferramentas de TI; enfim, vai precisar de muita coisa. Como se gerencia esse complexo de coisas?
Agora, no seu terceiro momento, já no seu novo patamar de tamanho – finanças, quadro de pessoal, vendas, clientes, mix de produtos, infra, etc – a empresa em crescimento precisará consolidar seu status, pois vai certamente conhecer novos desafios: um novo tipo de concorrência, um novo tipo de demanda do governo, uma nova demanda do sindicato, uma nova demanda da comunidade, uma nova demanda dos clientes, etc. De onde virá a inspiração e o conhecimento para gerenciar tantas novidades?
No primeiro momento, é importante avaliar o potencial de crescimento da empresa e definir uma estratégia para crescer.
No segundo momento, é necessário desenvolver lideranças e ajustar o organograma para o agora e prepará-lo para o amanhã.
No terceiro momento, é hora de criar evoluir a cultura da empresa para um estágio de maior maturidade, combinando a visão de mercado com as exigências internas.

Há ainda um quarto momento, onde se poderia pensar então no desafio da PERPETUIDADE. Mas este é outro desafio. Para outro texto.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Tartaruga e a Lebre

Dizem que é a tartaruga quem chega primeiro, não a lebre.
A Lebre é agitada, ansiosa, corre muito. Mas a tartaruga, na sua constância, com ritmo, chega antes.
Ok, ambas devem alcançar a meta. E o mais importante talvez não seja chegar antes...
Acontece que poderíamos considerar o valor de chegar BEM. Isto é, poder atingir os resultados com uma certa elegância. Não seria bom acrescentar aos resultados uma qualificação do tempo vivido e do trajeto percorrido para chegar até eles?
Não basta preencher o checklist e nem bater as metas do semestre. Também é legal fazer isso com muitas histórias para contar...
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Não sei se sou lebre ou tartaruga. Nem sei se a metáfora é totalmente precisa.
Entretanto, sei que gosto de dar bom exemplo e acho que os melhores exemplos não são apenas forjados por resultados. O meio do caminho é tão ou mais importante que a sua meta. Concluir a viagem rápido, mas sem contemplar a paisagem é quase o mesmo que perder a viagem.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Profissional Perfeito

O profissional perfeito é aquele que não comete erros.
Ele também assume riscos, inova, soluciona problemas e cria novidades que geram resultado para a empresa.
É um cidadão corporativo especial, que brilha - e brilha o tempo todo - fazendo todos os demais à sua volta o admirarem. E ninguém o inveja, nem dele tem ciúme, pois como ele é perfeito, todos gostam dele. É uma sumidade.
Fora do ambiente de trabalho, ele é calmo, sem estresse, sem preocupações. Está sempre seguro de si e nunca pensa que pode ser demitido ou que o seu chefe não vai gostar de algo que aconteceu. O seu chefe sempre gosta, nunca o critica. Sempre o elogia. Sim, o profissional perfeito é constantemente elogiado.
Como podes imaginar, leitor, este profissional nunca tem dificuldades de relacionamento com seus colegas, nem com seus clientes, nem muito menos com seus subordinados. E quando surge algum conflito (entre os outros, pois com ele não há) ele entra em cena e sempre, sempre resolve.
Esse cara tem orçamento pré-aprovado todo início de ano; tem metas ousadas, mas factíveis; tem equipe completa para dirigir sua área na empresa; não lhe faltam recursos, nem tecnológicos, nem de infra. Pode fazer as viagens que tem de fazer (obviamente hospedando-se no Sheraton...) e só precisa comprovar o valor da atividade, não precisa justificar seus gastos, uma vez que com o budget anual ele tem liberdade para tomar decisões dentro de seu escopo. Os prazos de seus projetos até podem ser apertados, mas ele sempre dá conta do recado. Usa ternos Armani, possivelmente (eu gosto de ternos Armani!).
O profissional perfeito tem um currículo cheio de realizações. E só de realizações, não teve falhas ou fracassos em sua carreira. Não é que omita no seu resumé, é que não teve mesmo. Ele ostenta uma biografia de êxitos e somente êxitos.
É um executivo destes que aparece na capa da revista Exame ou da Voce SA.
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Você não é assim?
Ora, que alívio... Sinal que você existe, realmente.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Vida de Executivo

Um bom executivo é capaz de tornar ideias, projetos e metas em realidade.
Iniciativa, habilidade para negociação (dentro e fora da organização), capacidade de gestão, conhecimento técnico e visão econômico-financeira são atributos bem fundamentais...
Acontece também que cada executivo tem seu estilo. Assim, uns são mais individualistas, outros mais agregadores, uns são mais comunicativos, outros mais quietos. Essas diferenças, dentro de certos limites que não atrapalhem o essencial do trabalho gerencial, são bem comuns de serem percebidas no meio empresarial. E ao longo da carreira vamos observando e aprendendo com as idiossincrasias de cada um.
Reuniões, e-mails (muitos e-mails...), viagens, visitas a clientes, situações de pressão e estresse diário, rotina operacional, apresentação de projetos e relatórios, tudo isso integra o cotidiano de um executivo. Esteja ele no “topo” ou no “meio” do organograma, são mais ou menos estas as atividades que preenchem sua vida. E talvez o lugar mais estressante e que exige mais diplomacia e “jogo de cintura” é justamente a média gerência, pois ali está o grande executor, o responsável por fazer acontecer os planos gerais de trabalho, o cara que tem de desdobrar as diretrizes estratégicas em ações concretas, num tempo e dentro do budget.
Quer ser um executivo? Muito bem, vamos lá. Prepare-se para viver uma vida muito intensa, cheia de variações emocionais, aonde a resistência à frustração é muito necessária para a sobrevivência. A ambição, a ousadia e uma boa pitada de coragem para inovar e assumir riscos são coisas de grande importância.
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A verdade é que nem todos foram talhados para isso ou estarão à vontade com este dia-a-dia. No entanto, quem quer que se estimule, vai crescer interiormente com toda essa experiência. E pode até ser que execute o plano mais valoroso de todos: tornar-se um ser humano melhor.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros

Excelente filme. Muita sensibilidade e uma boa adaptação do livro de Susack.
Ainda não terminei de ler o livro, mas já considero dos melhores que li. Recomendo.
A idéia da Morte como narradora, além de genial, dá um ponto de vista muito interessante. A Morte vê em nós, humanos, o que temos de melhor e o que temos de pior. E ela vê as cenas em cores... Lindo. Realmente imperdível - ao menos assista o filme.
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E a menina que protagoniza a história, Liesel Meminger, está muito querida na interpretação da criança do filme. Não sei o nome da atriz, mas me cativou. Uma gracinha...
(Um líder tem de cultivar sua SENSIBILIDADE; eis aí uma dica de como fazê-lo. Há certos filmes/livros que ajudam)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Ciclo de Reação e Resposta

Vejo que cada pessoa tem um tempo de reação e resposta diferente. Não somente mental, mas emocional também.
Por exemplo, há os que reagem de súbito. Coléricos, "pavio curto", impulsivos.
Há os que demoram a reagir. Às vezes por serem Fleumáticos de temperamento, frios, pacientes.
Um bom líder tem não só o dever de "ler" os seus liderados e os seus pares e colegas, para saber como lidar com cada um, mas ainda deve compreender a si mesmo. É fundamental saber qual o seu ciclo de resposta para poder controlar reações burras.
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Dica: observar-se muito, com humildade e atenção. Aceitar-se, num primeiro momento, como se é. Modificar-se, na medida do possível, em seguida, para ser melhor como gestor.
Lembre-se: para os liderados, é importante saber como trabalhar com vocês. ou você gostaria de um chefe temperamental? Bem, ninguém pode negar que é emocionante... E, infelizmente, na maioria dos casos é assim. :)