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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

NICs - Negócios Intensivos em Conhecimento

Normalmente abreviados como KIBs (Knowledge Intensives Businesses) os negócios intensivos em conhecimento (NICs) diferenciam-se de outros setores. Mas como? Em quê? Quanto? Isso realmente existe como categoria à parte ou é mais um modismo?
Há muita divergência ainda a respeito do tema, visto que todo negócio, desde sempre, fez uso do conhecimento. Não somente no setor terciário da economia -comércio e serviços- isso é verdadeiro, mas inclusive nos setores secundário -indústria de transformação- e primário -agropecuária e extrativismo. Então, onde estaria a novidade?
A tal economia do conhecimento normalmente é relacionada com a revolução da tecnologia da informação. No entanto, precisamos admitir que informação não é sinônimo de conhecimento. Muito menos dados são sinônimos de conhecimento. Assim, aonde está a evidência de que existe um segmento que podemos denominar de "intensivo em conhecimento"?
A OECD tem realizado estudos e publicado alguns artigos sobre a economia e os setores intensivos em conhecimento e ela mesma, pela autoria de seus consultores e pesquisadores, considera difusa a definição. O conceito de negócio intensivo em conhecimento muitas vezes carece de precisão, de limites. Outras vezes fica reduzido em critérios por demais específicos, como aquele dos gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D). Por exemplo, uma indústria farmacêutica gasta muitíssimo mais em P&D do que um escritório de advocacia... Mas quem poderia negar que os advogados trabalham, proporcionalmente, mais com conhecimento do que uma indústria farmacêutica?
Daí que meu critério para definir os NICs é mais empírico: todo negócio que se baseia fundamentalmente em conhecimento, isto é, aonde o que se vende é intangível; o que se apropria e absorve também; e o que se utiliza durante o processo de trabalho igualmente é. Conhecimento no início, no meio e no fim.
Dentro deste critério, advogados, arquitetos, engenheiros, consultores, entre outros serviços profissionais tornam-se os melhores candidatos a integrar esse segmento "novo". Mas o que há de novo aí? Afinal, essas profissões são bem tradicionais. Ora, e o conhecimento não seria algo bem tradicional?!
A novidade então está em reconhecer os NICs como uma categoria cujos atributos e necessidades diferem daqueles negócios intensivos em mão-de-obra ou intensivos em capital. Não é o mesmo gerir um escritório que gerir uma fábrica.
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Uma coisa é fazer uso de conhecimento, outra é vender conhecimento. Uma coisa é ter conhecimento para fazer um trabalho, outra é trabalhar com o conhecimento. Uma coisa é adquirir conhecimento para ter uma profissão, outra é ser um profissional do conhecimento. Sim, nós existimos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

2016

É comum falarem que temos de ir atrás do futuro que desejamos. Mas o futuro não deve ser perseguido. Na verdade, não precisa. Ele está sempre vindo. O dia de amanhã inexoravelmente se tornará o dia de hoje. É só questão de tempo.
Deste modo, a melhor maneira de lidar com o futuro é modificando o paradigma de que temos de correr atrás dele e assumir que o que nos acontece é fruto do que fazemos hoje, aqui e agora. Existe uma linha invisível que liga as imagens do futuro com as ações do presente. Cada ato presente, modifica as imagens possíveis da tela do futuro. Cada modificação do comportamento atual, amplia ou restringe o campo de possibilidades do amanhã. É como na física quântica. O sujeito afeta o objeto, a onda colapsa em partícula.
Para 2016, posso garantir que acontecerá o que tem sido cultivado no dia-a-dia. Assim, o modo mais estratégico de planejar o próximo ano é concentrar-se nos sonhos. E comprometer-se, de verdade. Assumir uma atitude interior de total determinação, sem espaço para dúvidas e hesitação. Quais ações, disciplinas, hábitos, rotinas etc. devem ser mantidas para que os sonhos possam se realizar são derivações naturais disso. Em havendo comprometimento, os nossos pensamentos, sentimentos e ações alinham-se naturalmente.
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Não precisamos correr atrás do futuro. Ele está sempre vindo. Qual futuro virá, depende do que fazemos no presente. Nem precisa de explicações quânticas. É empírico. Cada um recebe aquilo que cultiva.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

À distância

Estive em Santiago do Chile nestes dias. Uma cidade organizada, bonita, com algumas ruas arborizadas que lembram Porto Alegre (mas com um clima seco, bem diferente da capital gaúcha). Museus, boas opções de restaurantes e bares, praças, um movimentado mercado central e a trilha sonora do castelhano falado pelos chilenos. E, claro, os picos da Cordilheira dos Andes... Pude ver a beleza daqueles picos ainda nevados, apesar do verão, observando à distância a capital do país.
Num exercício de reflexão imaginei como a humanidade seria observada por deuses misteriosos que acompanham nosso trajeto pela história. Como se do alto daquelas montanhas, no seu branco puro, um olhar invisível perscrutasse não só os movimentos dos nossos corpos, mas a vibração das nossas almas. Imaginei-me sendo observado, constantemente supervisionado. Sem possibilidade de me esconder.
Há muitas versões do mistério... Não importa a palavra. Se Deus ou Deuses ou o Aleatório ou a Entropia ou qualquer outra crença. São nomes e crenças. O que não é crença, todavia, é a intuição que todo indivíduo tem de "Algo" por detrás do visível. Dizem uns modernos pesquisadores - Mircea Eliade, Ernest Cassirer, Gilbert Durant, Joseph Campbell, Carl Jung, Fernando Schwartz, entre outros - que o que nos diferencia dos animais é justamente essa possibilidade de imaginar o que não está presente, o simbólico, o mítico, o sagrado. (Parece-me que os ateus são só resultado de pouca cultura).
Um bom líder precisa também compreender que a natureza humana tem dessas coisas. Todos os nossos liderados são gente assim. Uns mais crentes, outros mais duvidosos. Uns usando um nome (Deus?), outros usando outro nome (Causação Descendente?). Todos, porém, com sua própria concepção do mistério.
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À distância, como aqueles picos nevados da Cordilheira dos Andes, podemos imaginar o que os deuses veem em nossos corações. Sem mentiras. Sem poder se esconder.
E o que veem? Coisas boas ou ruins? Justiças ou injustiças? Boa vontade ou malícia? Pois nós também podemos ver dentro da nossa própria alma. À uma justa distância, somos capazes, também, de perscrutar o mistério.


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Liderança 2050

Há poucos dias recebi um livro da Internationa Leadership Association, à qual sou filiado, com o título Leadership 2050. Excelente publicação organizada por Matthew Sowcik. Ainda não o li, mas a ideia geral que permeia os artigos dos trinta autores (executivos, consultores, pesquisadores) é de qual será o contexto e os desafios para a liderança na década de cinquenta. Interessante.
Se considerarmos a geopolítica internacional com suas tensões "neo-guerra-fria" somadas ao terrorismo e à crise financeira, o que se espera politicamente falando não é nada fácil.
Se considerarmos o interesse dos jovens por estudar, aprender, desenvolver suas virtudes, ganhar moral e fortalecer o caráter, vemos que possivelmente teremos carência de material humano para uma nova cultura.
Se considerarmos que, apesar da onda new age, do pseudo-esoterismo, do uso de drogas, ainda somos uma sociedade bem materialista, consumista e "do espetáculo", o risco de se bestializarem as relações entre as pessoas é grave.
Se considerarmos o binômio autoritarismo-anarquia como ação-reação de uma geração rebelde que não confia em ninguém, onde estará o contrato social? Hobbes, poderá explicar?
Se considerarmos tudo isso... o desafio para os líderes de 2050 será enorme. Que podemos fazer nós, aqui e agora? Nossa responsabilidade é a de formar as novas gerações. Nossos filhos, alunos, sobrinhos, pupilos etc. Eles precisam de nosso exemplo, sobretudo, para sonhar algo diferente. Neste sentido, nosso desafio atual pode ser tão grande quanto esse do futuro. Afinal, foi o sonho passado que nos trouxe até aqui.
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Para 2050 espera-se muitas dificuldades. O sonho precede os acontecimentos. É o sonho que governa. Mas hoje há muita dificuldade em sonhar.
Nós precisamos conseguir sonhar um mundo mais humano. Você consegue?