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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quero ganhar projeção como líder...

Não se pode desenvolver uma boa imagem profissional dissociada de uma autêntica identidade profissional.
Os antigos gregos usavam um binômio para explicar isso: ETHOS-ESTETHOS. Daí podemos compreender a relação entre ética e estética, ou entre o Bem e o Belo. Filosoficamente são duas idéias (ou arquétipos) associados pela sua própria ontologia, são como dois seres irmãos. Um é interno, outro é externo.
Assim, um líder que quer ganhar projeção na empresa precisa entender que isso é bem difícil se não estiver, primeiro, dedicado a desenvolver uma sólida base de competências e de caráter. Além de difícil, é perigoso. Se não der certo, melhor. Se der certo, terá um problemão: sustentar uma imagem artificial, perante as pessoas, perante a organização, perante si mesmo.
Dito isso, partindo do pressuposto de que está assimilado modelo binário de Identidade-Imagem, seguem algumas recomendações:
- é necessário não só saber das coisas, mas também expressar isso. Ou seja, é preciso comunicar-se e compartilhar. O isolamento não ajuda em nada (mesmo pensando para si mesmo que sabe que os outros...);
- como estratégia de marketing pessoal, procure deixar claro o seu diferencial. É certo que todos temos várias habilidades e conhecimentos, mas as pessoas não guardam nas suas mentes imagens complexas... Assim, é preciso facilitar o processo, construindo uma marca pessoal baseada em duas ou três características principais. Você se destaca em negociação? É imbatível na análise financeira? É o melhor da empresa em orientar e dar feedback? É desatacado como gerente de projetos? É capaz de resolver mil pequenos problemas ao mesmo tempo?
- definido isso, seja corajoso e busque desafios coerentes com suas competências principais. Exponha-se! Procure "sarna para se coçar"...
- e paciência: acumule, ao longo do tempo, fatos bem concretos que sustentem seus diferenciais. Isso é o verdadeiro currículo. Daí pode então pensar em ganhar projeção.
O resto vai depender da organização em que você está, do setor, do estágio de maturidade da empresa, de como estão indo os negócios, etc. Mas isso é outra história, fica para outro post.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Assumi um cargo de chefia...

Apesar de que o nome do cargo não é indicativo (nem garantia) de que se está a liderar, é certo que na maioria dos casos a carreira do líder começa a ganhar forma quando é promovido a uma função explícita de chefia. Pode ser supervisor, coordenador, líder técnico, gerente, ou outro nome; o fato é que isso demarca, para muitos, um episódio e tanto na estrada profissional.
Algumas dicas para os primeiros 90 dias, então:
- em primeiríssimo lugar: faça o feijão-com-arroz. A inovação tem valor, mas primeiro conheça o terreno e comece a construir autoridade (pois ela não vem do cargo!);
- segundo, continua focado em acumular autoridade (moral!) a partir de dois principais pilares: conhecimento técnico e trabalho, muito trabalho.
- siga dando o exemplo sempre, encarnando o axioma confuciano de que o líder é aquele que vai à frente, mostrando como se faz. A coragem, a iniciativa, a disciplina vão ser úteis para conseguir a adesão dos integrantes da equipe;
- agora algo fundamental: conheça seu time! Em profundidade, o que significa que você vai ter de dedicar tempo e energia para conversar e entender o ponto de vista particular de cada um.
- desenvolva, paulatinamente, uma agenda coletiva para administrar o tempo e dar ritmo de trabalho.
- crie uma "mitologia de grupo", isto é, defina metas e uma visão de futuro inspiradora, baseada em valores humanos e em desafios que sejam atingíveis mas, sobretudo, estimulantes.
- por fim, seja você mesmo! Jamais tente ser algo que não está de acordo à sua íntima natureza. Liderança tem a ver com autenticidade.
Essas são as dicas para os primeiros 90 dias. Depois desses três meses, com certeza já vai estar ambientado e então poderá inovar, propor mudanças, ousar, etc.
Boa sorte!!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Teorias de Liderança - onde está a verdade?

Teoria vem do grego e significa uma visão sobre as coisas. Assim, uma teoria é útil quando oferece uma visão clara sobre um assunto. Não precisa ser total e completa. Se ajuda a compreender já serve como uma boa teoria.
As teorias de liderança abundam em livrarias com nomes de autores de diversos lugares e momentos da história. Nenhuma delas é completa, mas elas todos, no seu conjunto, são muito úteis para compreender o fenômeno da liderança.
Somam-se contribuições da história, antropologia, psicanálise, psicologia, sociologia, ciência política, administração, biologia, entre tantas áreas do conhecimento que permitem ver o indivíduo e as relações humana através das suas particulares lentes. Os líderes podem se apropriar dessas visões para expandir a sua própria. Pois a verdade nunca será encontrada pelos olhos alheios. Na realidade, a verdade está dentro de cada um, na medida em que pode constatar, pelas suas vivências e pelo seu entendimento, como funcionam as coisas. Claro que não será a verdade absoluta... Mas já serve. E a prova disso não estará em novas teorias, mas na prática do dia-a-dia, dando o exemplo, constatando por si mesmo que é  verdadeiro e que é falso. O exercício consciente dessas verdades próprias de cada um confere veracidade ao deixar seus rastros na história. Por fim, é o tempo quem aprova ou desaprova.
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Pergunto: em base ao teste do tempo, não seriam Platão e Confúcio mais verazes que muitos autores que não vêem suas teorias sobreviverem? Não seria a visão clássica a mais atual de todas? Não estaria a verdade mais próxima das visões desses filósofos do que do intelectualismo enfadonho de tantos modernos "pensadores"? Qual é a sua visão sobre tudo isso?

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estratégia e Execução

Essa comum dicotomia talvez não exista na prática.
A formulação ou concepção da estratégia como tarefa mental isolada não é real... O dia-a-dia de um líder integra necessariamente o pensamento abstrato e o concreto de tal modo que não é fácil discernir quando se está elaborando e quando se está acompanhando a execução da estratégia. Ou seja, na prática gerencial, seja no alto escalão ou no comando de uma célula no chão-de-fábrica, as coisas andam tão juntas que a teoria convencional das escolas de administração torna-se alienante....
Cynthia Montgomery, no simpático livrinho "O Estrategista", tem uma frase admirável a esse respeito: "Muitas pessoas acreditam que o trabalho principal do estrategista é pensar. Não é. A tarefa número um é definir um programa e tornar a empresa capaz de executá-lo".
Assim, uma referência para sabermos se estamos atuando como estrategistas é a integração das ações e do acompanhamento das ações da equipe com a visão abstrata. Talvez a palavra seja COERÊNCIA estratégica, como alguns autores têm usado. Essa coerência exige um esforço de liderança tremendo, pois é muito fácil o sistema todo se desarranjar...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ritmos e Contra-ritmos

Um desafio do dia-a-dia para qualquer profissional é manter-se ativo o tempo todo. Pode ser até que estejamos "no trabalho", mas não necessariamente "produzindo". O desempenho individual depende de muita concentração, atenção e a preservação de uma dinâmica constante, apesar das variações próprias do ritmo do dia.
Uma dica: há que desenvolver uma habilidade de atuar com ritmos e contra-ritmos. Isso aprendi nas artes marciais... No treinamento é impossível manter a mesma carga ou exercício durante várias horas. No entanto, é plenamente possível variar os exercícios. Assim, enquanto um músculo descansa, podemos utilizar outros... Analogamente, podemos variar o uso dos neurônios...
Assim, depois de 3 horas na tela do notebook, pode-se aproveitar para pôr os papéis em ordem (alguma ordem!); depois disso, dá para retornar ligações; depois, fazer aquela reunião na empresa; depois, vamos para o cliente; depois, voltamos para o computador; e assim por diante. Fica mais fácil manter-se em alta intensidade de trabalho variando as tarefas, com ritmos e contra-ritmos.
Fica a dica.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Encontrando a si mesmo

Encontrando Forrester é um dos melhores filmes que já assisti. Nele, Sean Connery, em atuação impecável - para variar - é um escritor que estava em seu ostracismo voluntário quando um jovem escritor (ou que queria ser escritor) encontra-o. Numas das mais belas passagens do filme, pela sua singeleza, o rapaz pergunta-o o que deveria fazer para aprender a escrever. Forrester, o velho escritor, reponde-lhe: escreva, simplesmente escreva.
Encontrar a si mesmo deve ser um exercício assim. Protagonizado por cada um de nós, exercitando nossos talentos e trazendo à tona, pelo esforço e pelo trabalho, o melhor de nós. E só há um jeito mesmo de fazer isso: atuando, expressando-se, escrevendo, como na metáfora do escritor.
Assim, atue, expresse-se, escreva. Seja você mesmo. Mais e mais.
Encontre-se, saia do ostracismo - voluntário ou não.
Dê ao mundo o que o mundo espero de você...

Ativismo social muda o mundo?

Não creio que haja tanta diferença entre as multidões que se reúnem hoje - a partir das redes sociais da internet ou através de qualquer outro meio - para fazer passeatas e tudo o mais e as gentes francesas revolucionárias... sejam as do final do século XIX, sejam as de maio de 68.
A verdade é que esses episódios derramam lágrimas (e às vezes sangue) e promovem rupturas violentas cuja duração é muito questionável. Vejamos:
- logo após a Revolução Francesa, voltam os Luíses ao trono.
- logo após Maio de 68, os estudantes voltam para as universidades ler os mesmos livros.
- logo após o Impeachment, no Brasil, a geração "cara pintada" volta a envergonhar-se com a corrupção no país.
- logo após qualquer movimento de massa, perguntamo-nos: isso realmente muda o mundo?
Com internet e redes sociais, pode ser ainda mais estranho, dada a alienação típica desse pessoal que vive uma vida virtual por excelência.
Talvez o ativismo social tenha uma participação na formação das sociedades e até da subjetividade de cada indivíduo que dele participa, mas não creio que isso possa mudar o mundo. A história mostra que essas movimentações ocultam mais do que mostram as verdadeiras forças que orientam as massas.
Portanto, que tal deixar de ser massa?!
O indivíduo consciente, que, antes de tudo se esforça por mudar a si mesmo, esse é o verdadeiro ator da história. Seja liderando, seja seguindo. Já não importa, pois está fazendo suas escolhas. E elas, pelo menos para ele, podem ser duradouras.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Conhecer sentimentos

É fundamental o líder conhecer sentimentos. Como poderia liderar um grupo caso não tivesse a competência para desvendar o emocional de cada um?
Só que, para conhecer os sentimentos, precisa tê-los sentido antes. A liderança é um fenômeno das relações humanas, logo, sua substância é toda humana. Os bons líderes são experimentados pela vida. Ganharam vivências de dor e prazer e acumularam repertório suficiente para ter EMPATIA - colocar-se no lugar do outro.
A frieza não faz um líder. Faz um idiota que só comanda em nome do seu cargo (quando muito). Normalmente, é ridicularizado pelas costas. Isso não é um líder. (Esse coitado precisa de ajuda).
Também não se trata de ser romântico. O romantismo também não faz bons líderes. Talvez faça bons artistas (ou não, há quem não goste dos românticos...).
Conhecer sentimentos não implica em ser "sentimentalóide" (isso é romantismo). Implica em ter certas virtudes próprias de quem acumulou experiência de vida e pode, com ela, compreender as demais pessoas à sua volta. E, daí, liderá-las.
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Um exercício interessante: há uma infinidade de sentimentos possíveis de serem sentidos. Conhecê-los é especificá-los. Cinema, música, museus, livros e poesia ajudam muito. São formas de reproduzir em nós, através da arte, sentimentos específicos. Por exemplo: amizade, rancor, saudade, tristeza, medo, ansiedade, angústia, tranquilidade, leveza, raiva, surpresa, etc. E a cada vez que reproduzimos um destes sentimentos, devemos observar o que ele provoca em nós. Com isso, será mais fácil entender por que as pessoas são como são.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Se minha empresa falasse...

Sinopse sobre o meu livro, da Livraria Cultura:

'Em Se minha empresa falasse...', o autor resolve pôr algumas de suas vivências como consultor no formato de crônicas que sugerem, entre outras histórias, a possibilidade de os executivos e empresários conversarem diretamente com as organizações que comandam. É um estímulo à reflexão inteligente e criativa sobre um dos temas mais complexos do cenário corporativo; a empresa como um ser vivo, seus ciclos de vida e a interação com os agentes de seu meio.
Para comprar: http://www.livrariacultura.com.br/Produto/LIVRO/SE-MINHA-EMPRESA-FALASSE/42111275


Gestão do Significado

A liderança tem várias dimensões. Desde o seu aspecto técnico, envolvendo maneiras de motivar as pessoas, de como conduzir reuniões de trabalho, como delegar e coordenar tarefas; até o seu ponto mais elevado e profundo, que podemos chamar de gestão do significado.
Para todas as pessoas há (ainda que subconscientemente) um porquê e um significado em seu trabalho. Pode ser a simples aquisição do salário, para os mais simplórios; pode ser a forma de fazer uso do diploma da faculdade; pode ser um modo de expressão de si mesmo, de realização pessoal e cumprimento da sua vocação.
Parte desse entendimento do sentido das coisas, depende dos líderes.
É comum vermos a "capacidade de estabelecer a visão" como uma competência que caracteriza as lideranças. Pois bem, de modo mais humano e básico, isso diz respeito a ajudar os outros na compreensão de si mesmos e dos motivos mais intrínsecos de suas vidas.
No ambiente profissional - que toma quase um terço da vida - é fundamental termos a chance de viver com entusiasmo. E isso depende de ter um porquê para o trabalho. E isso depende de uma ajuda dos líderes que estão à frente, dando a direção e o exemplo.
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Dica: não se limite a ir à frente, dando a direção e o exemplo. Dedique tempo e energia para conversar de modo franco com seus liderados. Ajude-os a compreender em profundidade que é que os motiva intrinsecamente. É, também, tarefa do líder, gerir o significado das pessoas no trabalho.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Líder Platônico

Para o grande filósofo grego a Educação significava "treinar, desde o berço, na virtude". Assim está expresso, literalmente, na obra As Leis (Nomoi). Já no primeiro capítulo, Platão descreve a necessidade de transformar o medo em Coragem e a busca desenfreada por prazer em Pudor. Sabedor de que é tarefa difícil, o livro segue discorrendo uma metodologia educacional bem completa para garantir o surgimento paulatino de bons cidadãos e grandes lideranças.
A má interpretação das idéias de muitos dos clássicos leva a preconceitos e desinformação. Assim, o "amor platônico" não é bem o que comumente se diz - para isso, recomendo estudo aprofundado do livro "O Banquete". Pensa, o ignorante, que o amor platônico é adorar uma pessoa à distância... Mas trata-se da tendência que o ser humano tem de buscar o divino, o Belo e o transcendente - em si mesmo, nas coisas, na natureza.
Que pensaria então o desconhecedor dos ensinamentos do mestre da academia a respeito de sua visão dos líderes? Ora, não se trata de dirigir os seguidores à distância!! Isso é o que fazem os medíocres chefes contemporâneos. Precisamos mudar isso. Precisamos de líderes que dão o exemplo de virtude - Coragem, Sabedoria, Moderação e Justiça. Precisamos de um líder à maneira de Platão.
Se isso lhe parece difícil de conceber (ou mesmo de tentar ser), saia da frente, por favor. Deixe que aqueles que se dedicam a isso possam passar. E siga-os. É melhor seguir um bom líder do que se fazer de um. Mas, se ainda assim, a vaidade e o orgulho o impedem, então fique na sua adoração à distância...

domingo, 5 de maio de 2013

Contemporâneo x Extemporâneo


Que é que pode ser qualificado de contemporâneo? Tudo aquilo que caracteriza o modus vivendi do mundo atual, no geral, na maioria dos casos – na média, da massa, da multidão, do povo, do bando, de todo mundo... Ou seja, o contemporâneo, de um certo ponto de vista, é o comum do momento.
Os líderes – que se lançam à frente e atraem seguidores – não podem ser comuns; devem ser vanguarda. Pode-se chamar inovação, como hoje está na moda (mas neste caso vira contemporâneo, logo, na média, comum). 
Assim, se a moda é contemporânea, o líder é clássico, está fora ou aquém dos modismos. E assim pode se associar e revestir de predicados universais e atemporais, como: coragem, generosidade, bondade, inteligência, disciplina, humildade, humanismo, responsabilidade, etc.
Vejam só: as pessoas hoje em dia, de tanto quererem ser originais e diferentes, acabam sendo como todo mundo. Sem individualidade. Todos contemporâneos... E há os que acham que o clássico é que é careta.
Não. O clássico é o que venceu o teste do tempo. Excedeu os limites da moda e do momento. É extemporâneo.

sábado, 4 de maio de 2013

Mudar só por mudar?

Recentemente tive de lutar contra meu apego e modificar algumas coisas numa das organizações que dirijo. Ser diretor implica em ter de fazer o que é necessário, não necessariamente o que gostamos...
A velha resistência às mudanças que toca todo ser humano acusa o golpe quando mudamos móveis de lugar, alteramos o lay-out das salas, invertemos o fluxo do movimento das pessoas. É bem concreto, e bem subjetivo também. 
Dá para ver como o visual e o concreto implicam em símbolos que nos indicam valores - pessoais e coletivos. Por exemplo, a arquitetura, a decoração, a arte, o paisagismo, mexem com sentimentos que influenciam a atitude dos "usuários" daquele espaço. 
Mas não se pode mudar só por mudar. Por um afã de emoções quaisquer... A mudança tem de ter sentido, justamente pelo poder psicológico que encerra. Isso requer direcionamento. Requer um sentido, uma teleologia para as coisas. 
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Refleti sobre essa última experiência junto com alguns amigos e, dialogando, cheguei a ver uma coisa importante: não mudamos só por mudar. Mudamos por que era o que deveria ser feito. Era nessa direção que tínhamos de ir.
A inovação ou a mudança por mudar pode ser perda de tempo... Felizes dos líderes e dos seus liderados quando têm um sonho, um objetivo ou um destino claro para onde estão indo. Aí a mudança ganha valor.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Opinião não é conhecimento

Em grego (episteme, conhecimento) temos uma clara diferença de doxa, opinião. Um pesquisador chamado Viktor de Sallis sustenta que a melhor tradução seria "pendor", ao invés de opinião. Às vezes eu denomino em palestras de "tendência", como um resultado de paradigmas e preconceitos (que todos nós temos, diga-se de passagem). Mas, seja lá como se prefere traduzir, como diria Platão, "doxa não é episteme".
Para sabermos o que realmente conhecemos e o que é só uma opinião ou tendência ou pendor ou qualquer coisa que não é conhecer, sugiro refletir ao contrário do que normalmente se faz: ao invés de pensar em acúmulo de dados e informações, proponho identificar a ausência de limitações, preconceitos e rigidez. Quanto mais aberta e clara está a mente em relação a um certo assunto, mais estamos próximos do conhecimento. Por outro lado, quanto mais rígida, fechada e confusa, mais estamos perto da opinião.
A falsa sensação de conhecer as coisas não é realmente conhecer. Falar por falar pode ser simplesmente vulgar; ou enrolação. E é interessante que às vezes, nas relações do cotidiano, os que mais sabem são os que menos se expõem.
Opinião não é conhecimento - busquemos conhecer, não opinar. Isso exige uma atitude e um compromisso. Não é brincadeira de criança.
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Hoje em dia todo mundo pede-nos uma opinião, já perceberão? Qual sua opinião sobre a Petrobrás não dar o lucro que devia? Qual sua opinião sobre a Venezuela? Qual sua opinião sobre física quântica? Qual sua opinião sobre a escalação do time do Felipão?
Seria um mundo melhor se nos pedissem conhecimento...