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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Escola de Sagres

Há alguns historiadores que duvidam da existência da Escola de Sagres, em Portugal. Conversei com um grande historiador que, no entanto, disse-me: "É que os caras querem encontrar uma casa com uma placa em cima da porta: ´Escola de Sagres´".
Como podemos constatar a realidade e a veracidade de um projeto? Será que mais vale encontrar aquele war room típico do ambiente corporativo (ainda que vazio) ou visualizar o resultado final do trabalho?
É evidente que do ponto de vista historiográfico é fundamental encontrar o processo de desenvolvimento completo do projeto. Entre a intenção, formalizada ou não, e os resultados finais acontece muita coisa. Está aí a melhor parte do ponto de vista do historiador. Mas a melhor parte do ponto de vista do business é o resultado.
Imaginem um diálogo entre um historiador e um businessman:

- Historiador: Não houve tal projeto! Não tem documento, não tem Project Charter!
- Businessman: Não me interesse o Project Charter! Os números falam por si...
- Historiador: Mas quem pode provar que aonteceu?
- Businessman: E quem disse que eu quero provar alguma coisa?
- Historiador: Não te interessa saber as causas?
- Businessman: Não.
- Historiador: Mas e como poderá replicar estes bons resultados (se foram bons)?
- Businessman: Agindo.
- Historiador: Ah, sei.
- Businessman: E você, como pretende se beneficiar do conhecimento do processo?
- Historiador: Conhecer o processo é o benefício em si!
- Businessman: Ah, sei.

Agora pergunto ao leitor se, em geral, os executivos que conhece estão mais para historiadores que para homens de negócio. Se passam mais tempo envolvidos com uma burocrática forma de mapear processos e gerar documentos e artefatos; ou se não ligam para nada disso, sacrificando tudo (inclusive pessoas) pelos números supostos do final do projeto.
Integração é a chave. Já viram como é comun criar dois estereótipos radicais e extremos e classificar as coisas em um ou outro? Daí, depois, tenta-se colcoar a posição nova (do autor) no meio termo.
Mas isso é clichê.
Vejamos se podemos nos desapegar disso. Imaginem uma conversa com o Gerente do Projeto de Sagres.

- Você: E ai? Houve escola?
- GP Sagres: Quando os templários foram expulsos de França, o Rei de Portugal os recebeu. Tornaram-se Caveleiros da Ordem de Cristo. Um novo nome. Branding, sabe?
- Você: Puxa! Vocês já conheciam as sofisticadas manobras de gestão de marcas!?
- GP Sagres: Pois é. Então... O conhecimento transmitido por gerações e gerações, codificado e passado de Mestre a Discípulo, chegou a estes "novos templários". Estruturamos, na ocasião, um sistema adaptado aos novos propósitos daqueles projetos de navegações em mar aberto.
- Você: Legal! Vocês gerenciavam conhecimento, então! Nonaka e Takeuchi não foram originais...
- GP Sagres:  Tivemos que investir muito tempo (e dinheiro também) na formação de lideranças que seriam responsáveis pela condução dos homens em alto mar. Sabe, formar gestores de projetos críticos não é fácil, né?
- Você: Sim, sei.
- GP Sagres: Bem, daí abríamos projetos específicos de navegação a cada ano. Foram dois ou três a cada ano. Durante uns 80 anos conseguimos transformar projetos de pesquisa e inovação em novas ferramentas, bem como chegar a mares nunca d´antes navegados.
- Você: Interessante. E vocês tinham uma equipe multidisciplinar, imagino.
- GP Sagres: É. Eram árabes, lusitanos e judeus, todos trabalhando juntos. Trocávamos conhecimentos de astronomia, física, engenharia, cartografia... Uns ensinando, outros aprendendo. E levando à prática os conhecimentos, gerando um movimento cultural dentro do grupo que favoreceu, com o tempo, o nascimento de grandes executivos, como o Cristovinho e o Vasquinho. Lembro ainda hoje como chegaram lá... Tão inexperientes, mas graças à orientação e educação dos mais velhos, se tornaram bons gestores.
- Você: Sei.
- GP Sagres: Administrar as diferentes gerações é sempre muito delicado. Mas quando matemos a coesão do grupo e a estratégia não se perde, o foco do longo prazo se mantém, o próprio portfólio dos projetos acumula competências-chave para a consecução de melhores resultados. Como tempo, ganhávamos em eficiência e economia de recursos.
- Você: Humm.
- GP Sagres: E você, participou alguma vez de uma escola dessas?
- Você: Hein?

E aí, houve a Escola?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Os Renascentistas

Planejar um movimento que contribuísse para "arrancar" a Europa do seu medieval estado, no século XIV e XV, especialmente, deve ter sido muito legal. Participar deste projeto deve ter deixado muita gente contente, especialmente aqueles líderes que gostam de grandes desafios. Aos ambiciosos, entendam-me: não há nada mais satisfatório que trabalhar por uma causa altruísta.

Ficino, Cosme, Pleton, Bruni, Poliziano, Pico, Botticelli, entre outros, ideólogos da Renascença italiana, executaram um projeto de respeito, fomentando artes, ciência, política e religião. É puro impulso cultural, com evidentes resultados (exitosos) civilizatórios. A Europa saiu da escura época. Eles ajudaram de verdade.

Como executivos, líderes, gestores, todos sabem que influenciamos pessoas. A inspiração que aqueles neoplantônicos de Florença deixaram pode ser retomada. Que tal sistematizar algo disso para quem gosta do assunto? Veja abaixo:
  • Humanismo - líderes são bons com gente e precisam entender de gente. Como no "Discurso sobre a Dignidade Humana", de Pico de la Mirandola, devemos treinar nossa capacidade de priorizar o ser humano sobre todas as coisas.
  • Homo Univeralis (ecletismo cultural) - um gestor com rasa cultura é terrível... passar horas e horas juntos (em reuniões?) com pessoal que não tem "bom papo" é chato. E bom papo vem de conteúdo. Se Giordano Bruno estivesse em alguma corporação do mundo atual, continuaria, imagino, fomentando a realização do Homem-Mago, ou seja, do Sábio, como modelo a seguir. Estudemos, pois, lendo, viajando, conversando, experienciando e refletindo.
  • Virtuosidade - pela Beleza como arquétipo, Sandro Botticelli representou em sua Primavera, e também no Nascimento de Vênus, quadros de uma rara harmonia, a necessidade de "fazer sua a beleza", como diria Aristóteles. Ou seja, expressar concretamente, no comportamento cotidiano, a elegância que vem da conduta moral, permite o exercício da liderança. Senão, como quererás ser seguido?
  • Convivência - Marsilio Ficino, diretor da Nova Academia de Platão, em Florença, coordenava diálogos incríveis em festas e reuniões com centenas de personagens interessantes... Qual é o seu círculo de relacionamentos? O seu networking é restrito? Há ganho ou perda de tempo quando você está nos grupos que frequenta?

Estes são alguns pontos. Podemos desenvolver mais este tema. Que tal sentir-se um renascentista hoje em dia também?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Participar em Projetos Especiais

Alguns amigos dizem que o meu problema está no nome (Grandi). Só quero saber de coisas grandiosas, excêntricas, diferentes e extraordinárias. Mirabolantes, às vezes; confesso. E como tenho especialização em Gestão de Projetos, pelo PMI – Project Management Institute, resolvi pesquisar alguns projetos grandiosos.
Este artigo não é tão grande como eu gostaria (claro!), mas posso elencar alguns dos projetos que tenho investigado e, talvez, escreva em algum momento sobre cada um deles, em detalhe.
Desde já, acredito que possa servir esta lista como estímulo de aprendizado e pesquisa para aqueles que, como eu, gostem de estudar sobre criatividade, inteligência e liderança acima da média. Abaixo:
  • A Renascença Florentina, protagonizada pelos Médici, Pleton e Ficino.
  • A Escola de Sagres e suas realizações.
  • As Conferências do TED – Technology, Entertainment and Design (www.ted.com).
  • As Pirâmides do Egito.
  • As Pirâmides da América Pré-Colombiana.
  • As Catedrais Góticas.
  • A Construção da Hidrelétrica de 3 Gargantas, na China.
  • A Invasão no Dia D, durante a Segunda Guerra, e seu desenrolar.
  • A Academia de Platão, em Atenas.
  • A Batalha das Termópilas, onde 300 Espartanos morreram pelo seu Ideal Político.
  • Alexandre, o Grande (óbvio, né?).
  • A Cidade de Alexandria, sua história e grandes personagens.

Agora, cabe ressaltar, depois de ler esta lista sugestiva, que muitos de nós – executivos e consultores – nem perto chegamos de participar de projetos tão maravilhosos. Quem sabe alguns possam pensar, ao ler este artigo: que importa, minha vida é um grande episódio na história, ao menos para mim e minha família. OK. Eu entendo isso. Mas a questão é justamente esta. Estou propondo – àqueles que querem algo mais que este projeto familiar – a motivação maior de participar e pertencer a episódios mais significativos na história. Não da sua história pessoal, mas da história de muitas e muitas pessoas.
Fica a pergunta: em que projeto você participa ou poderia participar que enriqueceria o sentido de sua história?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Influência de dentro x Influência de fora

Assistindo a uma entreivsta de Malcolm Gladwell, na GloboNews, ele falava sobre como os ambientes e contextos influenciavam as pessoas. Mais que aquilo que, supomos, está dentro delas.

Gladwell é um dos meus prediletos cronistas. Gosto de ler seus artigos e livros.

Este assunto do homem como fruto do meio ou o contrário pode ser ampliado. Não é hora de acrescentarmos um "golpe de vista" diferente? Chega de conflito entre psicologismos e sociologismos. A questão é mais profunda e, penso eu, inclusive mais prática.

Vejam que há uma tensão entre a influência que sofremos do meio e a influência que causamos no meio. Mas há também uma sorte de tensão média, que se dá antes de influenciarmos o meio a partir de nós mesmos: trata-se da influência que causamos, de dentro para fora, em nós mesmos. Assim, haveria que definir não somente dois vetores em construção contínua da realidade, mas três:

  • Influência do meio sobre as pessoas;
  • Influência das pessoas sobre o meio;
  • Influência do indivíduo sobre si mesmo.

Acho que Gladwell e todo mundo que versa sobre este assunto não incorpora este vetor às suas reflexões...

Por exemplo: a partir disso, qual o papel da Vontade na construção da realidade? Há diferença entre o que a Vontade pode fazer quanto à realidade pessoal e a realidade coletiva? Esta diferença é de efeito ou apenas de tempo? Isto é, é diferente a consequência ou apenas uma é mais imediata, enquanto outra demora mais a resultar?

Por fim, será que estas perguntas são para psicólogos ou para sociológos?

Os autores e pesquisadores são, uns, mais peritos na influência das pessoas no meio, de dentro para fora. Outros, falam melhor sobre a influência do meio nas pessoas, de fora para dentro.

Que seja. Agora, cada um, que se torne perito na sua influência individual...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Grandi&Garay

Sou sócio e fundador da Grandi&Garay. Cabem algumas palavras sobre isso.

Desde 2005 a empresa atua no mercado do RS com algumas passagens por SP, RJ, MG... Hoje pretendo viajar menos e gastar menos tempo com deslocamento. Isso é utopia e despropósito. Na prática continuo muito na estrada e isso não deve mudar a curto prazo.

Na Grandi&Garay trabalhamos com:
  • Treinamento
  • Consultoria
  • Publicações

Definimos nosso negócio como COMPORTAMENTO E CULTURA GERENCIAL.

A missão é REFORÇAR A IDENTIDADE DO GESTOR, isto é, pretendemos trabalhar diretamente com lideranças e apoiar na consolidação de equipes e times de trabalho apoiando o principal responsável por isso: o líder. A idéia é mais ou menos assim... "estar do lado direito das lideranças".

Seja bem-vindo!

Fique atento, desde já. A Liderança é exercício cotidiano e começa consigo mesmo. Para Platão (e para mim também), só pode governar outros aquele que, antes, governa a si mesmo.

E, se por acaso, você é do tipo que não gosta de líderes ou acha que podemos andar sem governos (anarquista?) ou mesmo acha que qualquer um pode liderar… Bem, você veio ao site errado.

Outra coisa: diferencie: líder é líder; um safado que manipula outros é apenas um safado que manipula outros. Ou seja, virtude é nossa referência. Não seja chato.