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quinta-feira, 28 de março de 2013

"O que importa é o resultado"

Quem discutiria isso com um executivo?
Acontece que a maneira como é dita a frase, parece oferecer-nos a conclusão de que nada mais importa. Você se dedica, contribui, aprende. Desenvolve uma série de coisas. Desenvolve a si mesmo. Ajuda a desenvolver a empresa, aprimorando processos, qualificando o trabalho, atendendo clientes, resolvendo problemas. E, no final do semestre, não atinge as metas. Tudo se perde...
Primeiro os resultados, depois o resto. O resto, não é importante. O resto é coisa de gente romântica, que não sabe ganhar a vida. Fica tentando e nunca conquista lucros formidáveis. É para sonhadores, pouco práticos, que não enfrentam a realidade das coisas: o que importa são os resultados.
Não deveria ser assim. Os resultados têm um valor final, como de ratificação do trabalho que tem sido feito. Permite ver aonde temos de corrigir e continuar aprimorando. Quando são positivos, melhor, festejamos! Quando são negativos, continuamos melhorando, buscando torná-los positivos.
Mas dizer que O QUE IMPORTA são os resultados, é, no mínimo, exagero. Ou perda de foco do que REALMENTE importa.
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O que importa são as pessoas. O que importa é o aprendizado. O que importa é desenvolver a empresa com sustentabilidade. O que importa é a felicidade. O que importa é viver bem a vida. O que importa é crescer no trabalho, curtir a convivência com a equipe e fazer história. E depois poder contá-las! Se isso tudo é para sonhadores, sou um sonhador.
Os resultados como a coisa mais importante eu deixo para os chatos.

terça-feira, 26 de março de 2013

"Ninguém é insubstituível"

Outra frase bem comum no meio empresarial. Já escutei isso de vários empresários comentando sobre algumas conversas difíceis com um ou outro empregado. Eu sempre lhes digo para terem cuidado com esse tipo de comentário.
Essa frase ataca a auto-estima de quem a ouve. É quase uma agressão. Significa que a pessoa não é tão importante assim...
Mas vejamos.
Ninguém significa ninguém, mesmo? Quando dizem isso estão realmente acreditando no que dizem? Pois se for verdade, consideram-se a si próprios substituíveis. Mas isso não é verdade. Nem para um lado, nem para o outro lado. Nem o empregador poderia ser trocado por outro, sem prejuízos, nem o empregado. Há sempre alguma perda.
Quando é feita a troca - seja por demissão, por promoção, ou por qualquer motivo - a configuração profissional/cargo é alterada. A nova pessoa não é igual à anterior. Surgirá então uma nova configuração, totalmente diferente da anterior. Será outro ser humano, com outro temperamento, outro conjunto de competências, outro perfil.
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"Ninguém é insubstituível"? Mentira, todos somos insubstituíveis. Já que somos todos diferentes, ninguém poderá nos substituir em nosso exclusivo perfil e competências.
Se alguma vez ouvir isso de alguém, fique tranquilo, mantenha sua auto-estima. Se tiver de deixar o cargo, faça isso com dignidade. Você será sempre único e exclusivo.

segunda-feira, 25 de março de 2013

"Dar o melhor de si"

Além da imagem de esforço e dedicação que vem à mente quando lemos frases como esta, seria prudente refletir sobre seu significado total. "Dar o melhor de si" implica em algumas coisas...
1- Dar, doar, oferecer, são verbos que têm como sentido uma ação altruísta, generosa, cujas consequências não são somente em benefício de quem a executa. É um ato social, que influencia os demais e serve, desde já, como sinal típico dos líderes. Além disso, há que ter para dar.
2- O melhor, não qualquer coisa. Quando alguém joga uma moeda para um mendigo, sem nem olhar nos seus olhos, como se fosse um cachorro, não está dando o melhor de si. Ao menos, quero acreditar que todo o mundo tem algo melhor que isso.
3- De si, é de dentro. É do interior do ser humano, do coração, do mais espiritual e transcendente que se possa encontrar em cada um.
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"Dar o melhor de si" também exige esforço, dedicação e suor. Contudo, ainda exige conhecer-se (para saber o que temos de melhor) e prestar contas com o que temos de mais humano... toda vez que um mendigo lhe pedir uma moeda lembre-se disso. Ele não tem para dar, por isso pede. Você tem, por isso pode oferecer. E ele não é um cachorro, nem você.

terça-feira, 19 de março de 2013

A maturidade dos liderados

Não é a mesma coisa liderar um grupo de pessoas imaturas e outro com alto grau de profissionalismo. E também não é o mesmo um grupo "médio".
Se o destino nos dá uma responsabilidade de chefiar um grupo de jovens inexperientes, rebeldes, arrogantes, desobedientes e cruéis, teremos de lançar mão de um conjunto de ações (educacionais, inclusive, mas restritivas também) específicas para essa realidade.
Se ao contrário temos à disposição uma equipe de profissionais sérios, preparados, com conhecimento técnico, vontade de fazer o trabalho e com atitude de apoio ao gestor, surge uma outra realidade (não menos intensa). Agora o desafio será fazer uso desses fabulosos recursos que trazem essas pessoas para formar um time de alto desempenho.
Se ocorre de termos um grupo médio (a maioria dos casos?) temos de ter o cuidado de não aceitar o estado de "média". Lembrem-se: a palavra "média" tem o mesmo radical de "medíocre". Assim, nessa situação o desafio é ajudar os integrantes a se conhecerem melhor e poderem despertar de si seus pontos fortes. Para o líder, não é satisfatório um grupo médio...
Seja qual for o grau de maturidade de seus liderados, você, em primeiro lugar, tem de buscar a mais alta maturidade como líder: tornar-se um EDUCADOR. Assim, seja qual for o seu time de trabalho, aqueles que estiverem à sua disposição terão a oportunidade de se tornarem melhores. E se eles não aproveitarem essa oportunidade? Azar deles, perderam sua chance.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vencer sozinho?

O típico self made man norte-americano que muitas vezes, numa visão romântica, vence sozinho é inexistente. Quase nada na vida podemos fazer sozinhos. Precisamos de ajuda.
Malcolm Gladwell, no simpático livro "Outliers" (algo assim como "fora de série") argumenta bem sobre o tema, mostrando que na realidade todos que têm sucesso, inclusive os geniais que aparecem nas capas de revista, tiveram apoio. Em alguns casos da família, em outros de colegas.
A amizade é resultado concreto de um esforço de relações humanas, trabalho em equipe e liderança. Assim, precisamos dedicar tempo e energia para gerar laços humanos. E daí poderemos contar com apoio.
Um líder é hábil em criar relações que fortalecem seu poder de realização. Pense numa equação matemática: a quantidade de pessoas que nos apoiam é uma das variáveis. E essa variável multiplica outras tantas (como as suas qualidades pessoais, por exemplo). Se fosse igual a zero, anularia muitas competências pessoais... Se é igual a um, permite que você seja bom. Se for ampliada, pode potencializar sua natural capacidade de realização - na proporção de quantos amigos e parceiros você tem.
Pergunte-se e faça sua lista: quantos são os que acreditam em você e participam ativamente do seu desenvolvimento, da sua carreira? Pergunte-se como ampliar este número e invista nisso, chamando de marketing pessoal ou de outro nome. O importante é compartilhar o que temos, pois mesmo que fosse possível (e não é) vencer sozinho, que graça isso teria? Com quem comemorar o sucesso?

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sobre riscos e coragem

Por definição, empreendedor é aquele que assume riscos. O termo vem do latim, prehensa, donde também deriva a palavra empresa. Até hoje, especialmente no espanhol, utiliza-se o termo empresa como sinônimo de aventura; pois é o que ele significa: uma história com riscos, uma saga, uma epopéia. Daí as histórias dos heróis, as granes façanhas e os mitos nascidos de fatos grandiosos.
Todo líder tem de aceitar algum grau de risco em seus empreendimentos. Se tratando de um projeto, a condução de um time de trabalho, um negócio ou uma área de uma organização. É virtualmente impossível liderar sem ameaças (externas) ou possibilidades de falha (internas). Ninguém é perfeito. Nem os nossos liderados, nem nós mesmos. E o próprio contexto em que atuamos é cheio de incertezas.
Na prática, temos de ter "estofo", isto é, uma fortaleza interior, uma resistência psicológica para sustentar o dia-a-dia apesar da pressão.
Sem isso, não há líderes. Sem isso não há histórias, muito menos épicas.

Estilo e Estereótipo

A palavra estereótipo vem dos antigos "tipos" de imprensa. Letras-padrão que eram utilizadas para a produção dos primeiros jornais e também cópias de livros. Depois dos monges copistas medievais, veio este modo de reprodução de livros.
Estilo é um termo muito encontrado hoje nos assuntos ligados à moda, vestuário e preferências pessoais. Denota como uma pessoa vive, no geral. Cada um tem seu estilo.
Estereótipo e estilo são coisas diferentes. Aquele que se estereotipa perde sua autenticidade e seus diferenciais; perde sua identidade e estilo próprio. O estilo nasce do singular que é cada ser humano. O estereótipo é um rótulo que melhor ou pior classifica a pessoa dentro de certas tipologias, inventadas por ciência ou por opinião popular.
O líder tem seguidores e representa um exemplo de vida pela sua exclusividade como homem ou como mulher. Liderança requer estilo, não estereótipos. Não seguimos pessoas artificiais, falsas, iguais às outras... Seguimos aqueles que, por serem autênticos em suas ações, inspiram-nos a também sermos assim. Um líder é um modelo inspirador, não um rótulo a ser copiado.
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Defina e viva seu estilo.
Fuja dos estereótipos.
Seja você mesmo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Para lidar com o futuro

Novamente venho escrever sobre o tema do futuro. É que recentemente conduzi um trabalho com líderes (diretores e gerentes) sobre o tema e, afinal de contas, a administração do tempo é sempre um desafio para os líderes. Logo, eventualmente trato do tema, inclusive em entrevistas...
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Há um senso comum de que devemos "correr atrás" do futuro que desejamos. Contudo, o senso comum nem sempre (quase nunca!) é o mesmo que o bom senso. O senso incomum é que normalmente é estratégico.
E o incomum é não "ir atrás" do futuro, mas atuar concentrado NO PRESENTE. Pois, se o futuro está sempre "vindo" - afinal de contas, o amanhã vai se tornar hoje, é só questão de tempo - para que ir atrás dele?
A estratégia para lidar com o futuro é uma estratégia de COERÊNCIA. É questão de estabelecer um alinhamento entre o futuro desejado e um comportamento coerente com essa intenção no aqui e agora. É semear para colher.
Eis uma metodologia para atrair o futuro desejado, ou semear o que queremos colher:

1) Distinguir o aleatório do provável. O provável é um conceito matemático. O aleatório simplesmente é o que desconhecemos e ignoramos, ou o que ainda não conseguimos descrever em critérios de probabilidade.
2) Mapear riscos e reduzir a incerteza. Assumir os riscos (ou não) com coragem e intuição; reduzir a incerteza com raciocínio e análise profunda. Visualizar o arranjo de probabilidades que se pode montar na sua íntegra e se comprometer com ele.
3) Definir o comportamento para ampliação das probabilidades de êxito para si, para a equipe e para a organização. Atuar com convicção em cada variável. Garantir o êxito.

QUE VENHA O FUTURO!!

terça-feira, 5 de março de 2013

Trabalhar em Equipe

Descobri que o trabalho em equipe é algo extremamente difícil - ao contrário do que a maioria dos currículos mostra, numa formidável gama de profissionais que são hábeis nisso (basta fazer recrutamento e seleção... dá para ver que todo mundo pensa que tem essa competência).
Na realidade, descobri isso não pela dificuldade com os outros, mas comigo mesmo. Ao perceber minhas limitações, hábitos, tendências e defeitos, vi o quanto deveria ser difícil trabalharem comigo! Daí, deduzi que todos nós temos defeitos assim e notei que essa deve ser uma das competências mais desafiadores de se adquirir e desenvolver. Portanto, criei um método (consultor adora métodos...).

Para trabalhar em equipe:
1. Querer. É necessário, em primeiro lugar, determinar-se fielmente a integrar o grupo, a colaborar, a ajudar. Sem vontade, não dá.
2. Experimentar. Testar as pessoas do grupo e a si mesmo. Não é teste da CIA ou da KGB, é simplesmente conhecer as pessoas e a dinâmica do grupo empiricamente. Para isso, temos de nos dar ao direito de fazer essa exploração. É super divertido e curioso, pois o comportamento humano é muito complexo e a cultura dos grupos ainda mais.
3. Aprender a atuar nesse grupo. Ganhar conhecimento e domínio sobre como se relacionar com cada integrante, bem como entender a identidade, o espírito que anima a equipe. Cada grupo tem sua marca. Com um pouco de tempo, dá para registrar técnicas de aproximação, argumentação, questionamento, etc. adequadas para atuar especificamente nessa equipe.
4. Curtir a história. Todo grupo acumula histórias com o passar do tempo. O último passo então é se divertir com a experiência que esse grupo confere, que será sempre única e singular. Só quem dele participa pode vivenciar estes fatos. Surge também, além dos fatos, uma mitologia de grupo, que sustenta os valores e símbolos dessa equipe e que serve inclusive ao líder como meio de trabalho, naquilo que se conhece como Gestão da Cultura Organizacional.

Mas em caso de o grupo ser de pessoas chatas, limitadas, prepotentes e orgulhosas, fuja dele, é um grupo do mal. Só reflita antes para ver se você mesmo não é assim. Se for, pode ser que estejam querendo fugir de você.