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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Custo ou Benefício?

Valor não é igual a preço. E o preço de um produto, pedimos desculpas à Marx, nem sempre depende do tempo que se consome no trabalho. Todo economista sabe disso. Nós, profissionais do conhecimento também deveríamos saber.
Vejam: muitos consultores, advogados, arquitetos, contabilistas, engenheiros, tecnólogos, publicitários, entre tantos outros, normalmente cobram seus honorários (PREÇO) baseados numa quantidade de horas dedicadas à realização do trabalho. Não é que seja errado, mas neste caso a equação fundamenta-se em gasto de tempo (CUSTO), não em benefícios ao cliente. Do contrário, se pensamos em precificar nossos serviços mediante um cálculo ou estimativa dos resultados que nosso cliente obtém (VALOR), vamos para o outro lado da equação, muito mais rentável para o profissional e, deveras, muito mais justo para o cliente, que no fundo quer a solução para o seu problema o mais rápido possível, não?
Só que essa conversa não é tão simples. Culpa ou não de Marx, a maioria das pessoas tende a ver valor somente naquilo que leva tempo para ser produzido. Se a solução aparece rápido, há um preconceito de que se deve pagar menos por ela. Ou seja, todos nós tendemos a ver o gasto de tempo como a causa do valor. E isso sim está conceitualmente errado, pois é um sofisma, uma generalização imprópria.
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Há coisas que, de tanto valor, não tem preço. Mas também há coisas sem valor, pelas quais ninguém pagaria nada para ter. Se você valoriza seu conhecimento, sua experiência, sua criatividade, aprenda a dar valor a ele. Do contrário, você será sempre um custo, não um benefício.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O que pode ser mais belo?

Uma vez aprendi de um filósofo que a coisa mais bela na vida era ver o brilho no olhar do ser humano... especialmente naquele momento em que há esperança, bondade, idealismo. O olho fica lindo.
Hoje descobri que há uma outra coisa que também expresso o Belo: é a transformação de uma pessoa pela educação. Anos de trabalho - aulas, diálogos, pesquisas, experiências, orientações, reflexões, erros e correções, acertos e celebrações - para ver um fruto amadurecido: um indivíduo melhor.
Na minha atividade de formação de líderes, quando posso constatar essa realização, sinto-me o homem mais feliz do mundo. Talvez o maior bem que se possa fazer a alguém é ajudá-lo a ser mais inteligente, mais forte, mais valoroso e mais consciente.
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Com certeza há muitas outras coisas belas na vida... Conte a sua, cada experiência desse tipo que é compartilhada estimula que mais e mais pessoas busquem a Beleza (de um modo bem concreto) na vida.
(Também recomendo um documentário da BBC excelente: "Por que a beleza importa", com Roger Scruton)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Fume o seu charuto

Fumar um Montecristo, um Don Diego, um Partacas, é sempre bom. Conversar com a fumaça é um símbolo que representa conversar consigo mesmo. É reflexão. É silêncio interior que permite rever as coisas da vida.
Não é preciso fumar charuto para fazer isso, é claro. Este é o meu hábito. Cada qual tem o seu modo de "parar o mundo" e deixar-se voltar para dentro de si e rever prioridades, avaliar os acontecimentos, planejar os próximos passos. E isso é fundamental. Veja: se você não reflete sobre sua vida, quem fará isso por você?
Cuidado com a mecanicidade do mundo: a rotina maluca dos dias pode engolir as possibilidades de reflexão e deixar o tempo cumprir com seu papel de ceifador, como Cronos grego. As oportunidades, que são filhas do tempo (Kairos é filho de Cronos), precisam ser vistas. E ver oportunidades é uma arte que requer algum domínio do tempo... Parar o tempo significa sair da compulsoriedade do cotidiano e pôr-se numa dimensão mágica, num não-tempo que dá a perspectiva necessária para entender-se.
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Dê uma parada de vez em quando. Mesmo que não seja apreciador dos "habanos". Crie seu próprio ritual de conversa consigo mesmo. Fume o seu charuto.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

As Portas de Londres

A gente caminha pelas (belas) ruas de Londres e observa o inexorável padrão britânico numa arquitetura que consegue ser repetitiva sem ser cansativa. É estética. Com dimensões humanas, traços de uma beleza simples e uma atrativa ordem que faz sua comparação com ambientes desordenados dar-lhe fácil supremacia. Mas as portas são coloridas.
Acho que essa semiótica idéia inglesa pode nos inspirar em muitas coisas. Se dentro de um padrão ordenado e funcional cabe a versatilidade de cores divertidas, até arrojadas, talvez as nossas vidas também possam ser assim.
Ora, é fundamental ter estrutura, organização e uma estável posição. O caos, a bagunça, o informal não são sinônimos de eficiência na natureza. (Pois a matemática já provou que há ordem no caos aparente). A vida não consegue sustentar-se em gelatinosa base... Precisamos, todos nós, de um sólido fundamento.
Outrossim, não é necessário escravizar-se numa monótona condição, sem emoções, sem entusiasmo. É chato isso. Há que dar umas coloridas pinceladas, fazer testes de combinações insuspeitadas, fora do cânone. "Inovação!" diriam os tecnólogos. "Sabor!" diriam os chefs. "Originalidade!" diriam os arquitetos. "Vida!" dizemos todos nós.
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Qual é a sua necessidade de estrutura, de ordem e de forma? E onde estão os pontos a serem pintados com criatividade e ousadia? Observa que devem ser tratadas as duas coisas, juntas, simultaneamente. Uma precisa da outra. Daí vem as possibilidades de crescimento...
PS: as águas do rio Tâmisa são pretas, mas suas pontes são coloridas.