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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Na dúvida, a verdade

A melhor estratégia ao negociar com alguém é sempre usar a arma mais poderosa. E dizer a verdade.
Eu sei que as escolas de negociação convencionais podem propor diferente, visando normalmente não se expor muito ao outro lado. No caso de dizer a verdade, a gente se expõe totalmente. É difícil e alarmante. Dá medo. Mas é igualmente muito poderoso e acho que devemos tentar.
Recentemente tive de fazer uma negociação. Passei mais de dois meses planejando a abordagem. Havia muitas possíveis. Na hora de entrar na sala e começar a conversa eu já havia optado pela franqueza e as palavras mais diretas que poderia usar. Deu certo. Ao final da reunião, recebi um (sempre bom!) elogio pela objetividade e pela honestidade.
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Fica assim então a minha recomendação: na dúvida, a verdade.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A maior das inovações...(?)

Recentemente descobri que uma boa técnica para estimular a criatividade é imaginar como solucionar um problema ou como realizar alguma tarefa de um jeito que você não o faria. Você simplesmente cria mentalmente algumas possibilidades que qualquer outra pessoa poderia seguir, menos você.
O resultado disso é, numa das hipóteses, um exercício "lateral" de pensamento e uma exploração imaginária de pontos de vista e de diferentes possibilidades... talvez descubra uma nova maneira de agir. Você cria imagens contrárias ao seu modo de ver, talvez até contrárias ao bom senso e elas lhe ajudam a ter mais empatia, mais perspectiva e uma visão mais ampla da complexidade à volta.
Noutra das hipóteses, você vai ficar mais convicto de que o seu jeito é mesmo o melhor e isso também é importante. Às vezes, a criatividade não tem a ver com inovar no "como se faz", mas no "porquê".
O estímulo à criatividade não precisa orientar sempre um novo produto externo. Pode ser também que a criação seja de uma nova atitude, por que não?
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Todos estão incessantemente querendo alterar ou renovar os métodos, num afã de inovação...
Quem sabe a maior das inovações não seja a de renovar a própria assertividade?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Mudar é mudar a si mesmo

O medo de mudar é inerente ao ser humano, dizem. Especialmente quando estamos em uma condição confortável fica difícil sair da inércia e modificar as circunstâncias. Mas, como dizia Ortega y Gasset, filósofo espanhol, "o homem é o homem e suas circunstâncias". Temos de considerar todo o contexto à nossa volta como parte de nós mesmos. De certa forma, onde andamos, com quem falamos, o que fazemos são um reflexo e uma extensão do nosso ser interior. Assim, transformar essas coisas todas depende de uma transformação interior, antes. O medo, pois, é derrubado sempre pela atitude interna ante às situações externas.
Quando se quer renovar algo pode surgir aquele frio na barriga que sugere um futuro desconhecido e ameaçador. A ideia de sair ou ficar onde se está pode ser restritiva; as coisas não são tão reduzidas assim. Ou não precisam ser. Integrar a complexidade do mundo é uma prova para todos os líderes. E deve ser feito, para avançar e se desenvolver. Então, pense que as suas circunstâncias são parte de você e entenda que se o que o cerca hoje não o satisfaz, em parte você está incomodado consigo mesmo!
Segundo o mesmo filósofo espanhol, o homem pode agir como um herói e salvar sua própria vida. É preciso coragem, sim. Mas veja que é também uma questão de entendimento de que se nos acomodamos e aceitamos tudo com indiferença (ou com mal humor) estamos perdendo a vida e estamos perdendo a nós mesmos. Isso não dá medo também?
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Faça uma avaliação de suas circunstâncias: carreira, família, amizades, hábitos, lazeres, estudos...
O que vê fora o satisfaz? Se não, olhe para dentro e procure o que realmente pretende: seus sonhos (talvez esquecidos...), sua vocação, seus desejos mais profundos. Comprometa-se com esse conteúdo interior e mude tudo à sua volta. Afinal, mudar é mudar a si mesmo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Crie seu tempo

Lendo um artigo da McKinsey deparei-me novamente com a reflexão sobre a aceleração dos tempos e o ritmo frenético de mudanças que enfrentamos hoje em nossa sociedade. As coisas mudam, e mudam o tempo todo. Mudam, e mudam cada vez mais rápido. A primeira hipótese testada (e assumida) para responder a este contexto foi tornar-se o mais rápido possível. Inovar constantemente. Depois, surgiram os movimentos de slow food e uma atitude de contra-ponto geral às mudanças. Acho que é hora de propor uma terceira via (Tony Blair gostaria disso?) para a experiência temporal: proponho a ideia de criarmos um tempo próprio para nossas relações.
- Uma empresa de software e TI pode criar um contexto de atendimento e relacionamento com seus clientes cujo ritmo seja definido pelas necessidades do negócio, ou seja, pela interação de sua equipe com a equipe do cliente;
- Um escritório de arquitetura pode inferir o tempo adequado para gerir seus projetos pari passo à administração de sua marca;
- Uma construtora deveria pensar nas suas próximas obras e criar o seu calendário "gregoriano";
- Os sócios advogados poderiam definir um ciclo de atendimento aos seus clientes em base aos prazos dos processos e não só aceitar, submissos, estes prazos, mas lidar com seus clientes através deles, ativamente;
- Uma empresa de engenharia consultiva trataria de gerir seus contratos em base à curva de agregação de valor ao cliente.
São ideias. Para cada organização, em seus nicho de atuação, com sua cultura própria, devido ao perfil de seus clientes, acho que teríamos de criar um tempo específico.
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Assim, nada de correrias. Nem de ir na contramão dos tempos.
Líder, crie o seu tempo!
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(leia tbm o artigo "Estou meio sem tempo")

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Perguntas e Respostas

As respostas satisfazem e geram por vezes uma sensação de alívio. Diante da dúvida, nada melhor que uma resposta. Pois bem, as perguntas também possuem o seu poder. A eficácia das perguntas reside na sua capacidade de pôr-nos em movimento. A dinâmica da reflexão sobre as coisas da vida, depende das perguntas. Quem deixa de perguntar, pára. Morre. Por instantes, mas morre. Há que viver e a pergunta é uma das magas que dá nascimento.
Talvez os existencialistas tenham ancorado demasiado nas dúvidas e sua morbidez os torna, ao menos para mim, avessos a um estilo de vida viril, forte e alegre. Por isso prefiro Platão e Giordano Bruno à Kierkegaard e Sartre. Mas Platão e Bruno perguntavam muito! É que às vezes para ferir a dúvida e sair da inércia não é questão nem de resposta nem de pergunta. É hora de entregar-se à corrente da vida, dedicar-se a uma causa, viver por uma ideia. Eu sei que Sartre também pregava o engajamento. Mas acho que o melhor é viver com vistas no espiritual.
De qualquer jeito, entre perguntas e respostas, sugiro optar pelo movimento. Afinal, não é este o propósito da dialética?
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A dialética platônica também me é mais apraz. Do grego dia logos, através da inteligência, ou entre duas inteligências, ou ligando inteligências, vamos sempre em frente e sempre para o alto. Não basta andar. Há que dirigir-se para cima!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Esperar não Esperando

Esperar normalmente é chato. Especialmente quando não há muito o que fazer além de, bem... esperar. Contudo, às vezes é possível aproveitar o tempo de espera fazendo algo.
Por exemplo, se você tem de aguardar 6 meses para ver o que poderá ser feito com relação a determinado assunto, neste período pode aproveitar para planejar novos projetos, definir as alternativas e preparar-se para elas, e sobretudo ganhar tempo estudando e absorvendo experiências que serão úteis lá na frente...
A espera pode não ser passiva. No seu lado ativo, utilizamos o prazo que se nos impõe (pelas circunstâncias ou por nós mesmos) para que, quando se fechar o ciclo e iniciar o novo, estejamos com uma certa "energia acumulada". Mais ou menos assim como um arco retesado, preparando-se para lançar a flecha...
Poupar dinheiro, aproveitar para pôr as leituras em dia, cultivar as relações e aprimorar o networking, analisar possibilidades de novos negócios/oportunidades, fazer viagens (ou programar viagens), entre outras, são coisas que podem ocupar o período de espera.
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Só os que esperam sem esperar deveriam ter a esperança de lhes acontecer coisas boas. E fazer isso é ganhar tempo e é muito legal. Do contrário, sabe-se lá o que vai acontecer... por isso é chato.