Páginas

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Vantagem da Cultura

As grandes lideranças normalmente ostentam cultura geral e, por vezes, uma certa erudição. Vejam que Alexandre foi educado em Mieza por uma série de tutores (sim, Aristóteles era só um deles); Júlio César teve ao menos 3 preceptores em grego, artes militares, história, filosofia e oratória; Napoleão era quase um cientista; Nelson Mandela estudou de tudo; Churchill também era muito preparado.
Pergunto: não é evidente que uma boa dose de cultura geral é um elemento de desenvolvimento da capacidade de liderar? Vejamos:

  • a variedade cultural amplia a visão sobre as pessoas e seus costumes;
  • dá maior percepção de oportunidades, devido ao entendimento de assuntos diversos - as coisas deixam de passar desapercebidas quando as conhecemos minimamente;
  • estimula sinapses e o sistema neurológico responde rápido, aprimorando o raciocínio e a perspicácia;
  • a leitura, em especial, viabiliza faculdades como a memória, a atenção, a imaginação;
  • os idiomas treinam até mesmo o sistema fonético, além de estimular novas linhas de pensamento, devido à lingua que cada povo possui - o idioma é fruto de idéias, costumes, pressupostos, sonhos, etc.;
  • os esportes e as práticas corporais em geral oxigenam não só o sangue, mas a vida psíquica, no treinamento, nas provas e na disciplina que cada uma implica;
  • viagens permitem conhecer geografia, lendas, arquitetura, povos e gente - conversando, perguntando, ouvindo.

Ou seja, não é aleatório. A diversidade de estudos, práticas e exercícios confere maior capacidade de liderança. Aumenta o potencial de consciência do indivíduo que, logo, tem mais chances de dar bons exemplos e atrair seguidores. Liderança se verifica com seguidores. E quem vai querer seguir gente desinteressante?
Vai ter algo para conversar, para contar? 
Cultura múltipla torna o ser humano mais interessante. É uma vantagem.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Cidade de Alexandria

Dizem que quando um filósofo, educador, gramático ou erudito chegava à cidade de Alexandria, era só avisar que vinha para ensinar que ganhava uma casa. Passava a ditar classes neste lugar que agora era espaço público. Abria-se mais uma porta em honra à filosofia e a ciência.
Como chegou a ser assim uma cidade dessas?
---
Alexandre sonhou com Homero um dia. O sábio grego apontava, no sonho, um local às margens do mediterrâneo e sorria ao herói macedônio. Acordou e viu Alexandre o lugar no delta do Nilo, no Egito. Não era um sonho. Mas uma inspiração. Nascia ali, daquela semente, a futura árvore de cultura que se estenderia até os últimos dias do império romano.
---
Ptolomeu Soter, o dirigente que se encarregara da cidade depois de Alexandre criou a famosa Biblioteca. Vieram já nesta data, século III a.c., milhares de homens e mulheres de cultura extraordinária. Movimentou-se a região em torno da busca da sabedoria. Construções, cópias de livros, artes, comércio e a gênese de uma das mais incríveis povoações de todos os tempos estava consolidada.
---
Havia mais de uma biblioteca. Após o primeiro incêndio (pois foram 3 ao todo) fora construída uma biblioteca dita "auxiliar", no Serafeum, o templo de Seráfis. Este templo não era somente uma capela gigantesca, como uma grande catedral. Era uma universidade. Estudava-se ali matemática, astronomia, oratória, física, química, etc. Foi este o local da última resistência ao edito de Teodósio e toda a perseguição que sofreram os filósofos nos fins do decadente império romano. Ali estava, nesta época, Hipátia.
---
Hipátia, iniciada nos Mistérios Egípcios, filha do grande filósofo Theon, foi emblema do martírio destes filósofos. Liderou um processo já quase sem esperanças de continuidade. Mas foi valente e enfrentou todos os fanáticos das seitas cristãs e judaicas que se confrontavam e confrontavam a todos. Morreu assassinada pelos cristãos em Deu sua vida pela Causa da cidade, que tinha começado com Alexandre.
---
A Causa da cidade de Alexandria era a da matriz cultural e educacional que viabiliza o nascimento dos gênios, dos sábios, dos grandes líderes. Atravessou séculos. Está dentro de cada idealista e sonhador de hoje. Como trazer isso de volta ao mundo concreto? Esta pergunta é respondida por líderes. Pois não pensam, só. Fazem. Como Alexandre, que não pensou mas fez o que seu sonho com Homero indicava.
---
há um bom artigo na wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria

Fazer História

O filósofo e orador romano Cícero dizia que a História era do futuro, não do passado. Questionado, explicava que era a oportunidade de alguém ganhar existência a partir da aceitação e vivência do seu destino. Quando isso ocorria, vivendo conscientemente o seu destino, o indivíduo ganhava existência histórica. Do contrário, não.
Pergunta para reflexão: onde está o destino? Será um caminho que deve ser encontrado fora? Ou o destino representa simbolicamente o potencial de realização que temos e, neste caso, não precisa ser procurado fora. Está dentro! Tem de ser manifestado a partir de um movimento diário. A história nasce a cada dia assim.
Ganha-se existência histórica. Do contrário, não somos ninguém.