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terça-feira, 28 de junho de 2016

Muita gente dando opinião...

Ninguém discute a importância de Winston Churchill nos eventos ligados à Segunda Guerra. Discute-se, sim, sua conduta e suas decisões. Agora, quem pode fazer juízo de um líder nessas circunstâncias? Poucos podem, em verdade.
Não é só questão de "ter moral para falar". É inclusive questão de ter conhecimento, pois do contrário o crítico em questão se une ao grotesco e massivo grupo de profissionais da opinião. Parece que eles não vivem no mundo real, apesar de estarem sempre julgando os que ali vivem. São espectadores experts em opinar, em criticar, em julgar, em analisar.
A crítica é saudável como avaliação consciente de coisas, fatos, experiências, pessoas. Dela extraímos, não raro, aprendizado para não repetir erros e/ou replicar acertos. Mas quem tem noção do que ocorreu na ilha inglesa prestes à deflagração das bombas sobre Londres? Quem pode entender a dinâmica do poder entre o nanico de bigode com discurso histérico e os demais líderes europeus naquela década de quarenta? Sejamos sensatos, poucos de nós entendem do assunto.
Mas para os que entendem, após muita leitura, estudo e investigação sobre a Guerra Mundial e os conflitos entre as potências envolvidas, ainda assim fica a pergunta: como julgar Churchill?
Prêmio Nobel de literatura, ensaísta, historiador e orador brilhante, além de oficial do exército durante a Primeira Guerra, aonde deu mostras de coragem "flertando com a morte" na terra de ninguém.
Cometeu erros? Provavelmente. Erros graves? Possivelmente. Não foi um líder perfeito? Absolutamente; ninguém aliás. Mas viveu, deixou uma marca na história com biografia ética e inspirou muitas pessoas e lutar por uma Causa.
Dessa história, que podemos tirar de lição, nós, líderes contemporâneos? Ora, no mundo dos negócios e no ambiente empresarial não precisamos nos expor a tantos riscos. Sem embargo, cada qual vive suas aventuras e procura fazer o melhor, não é mesmo? Mas, se nem Churchill é poupado da crítica por gente que só sabe opinar e não realiza muita coisa de concreto, fique tranquilo: dificilmente você, eu, entre tantos líderes do mundo real, estaremos à salvo disso. No mundo real têm muita gente dando opinião...
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A propósito, Winston Churchill recebeu o prêmio de literatura não só pela sua habilidade como escritor, mas pela sua defesa dos valores humanos. Como diz o texto: "for his mastery of historical and biographical description as well as for brilliant oratory in defending exalted human values". 

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Internet e cafeína

Na GrandiGaray, há uns dias atrás, uma colega disse que um bom escritório tem internet e cafeína. Só isso. Há alguns anos li num livro que um bom escritório é um lugar aonde as coisas acontecem. Dá no mesmo. A despeito das preferências, podemos refletir sobre como decorar um bom escritório.
Minha primeira consideração é quem ocupa o espaço. Não adianta termos uma infra-estrutura impecável com pessoas chatas ou com incompetentes. Bons profissionais, no sentido total do termo, são imprescindíveis para a decoração. Embelezam qualquer espaço. Definitivamente.
Também acho que um belo escritório tem de ter a cara do negócio, sem estereótipos ou padronagens convencionais (a não ser que você seja convencional por opção). Quem trabalha no local deve respirar a identidade do negócio junto com os sócios e demais colegas, e sempre que ali chega um cliente ele deve se sentir num local único.
Outro critério é o regramento de trabalho, tácito ou explícito. Horários, uso de salas, expediente, serviços de rua, almoços e lanches. O que pode e o que não pode. Se bem que cada empresa tenha sua cultura, é importante definir quais requisitos são imprescindíveis para o bom funcionamento do dia-a-dia. E evita conflitos.
Acesso e logística. Uma dica é localizar o escritório próximo de estacionamentos rotativos ou equivalente. Também podemos dar preferência para bairros com menos trânsito e/ou mais conveniente para os clientes. E, sim, ter um escritório pertinho de casa, de onde se pode ir à pé, melhor. Ganhamos tempo e fazemos uma caminhada básica.
E no geral, um escritório é um lugar aonde as coisas acontecem. Lembramos dos lugares que trabalhamos pelos fatos e eventos que ali ocorreram e que fizeram história. O local vira um símbolo de realizações. Conquistas, problemas, clientes, contratos, colegas, desafios. Quando tudo vira história, lembramos do escritório como o palco do show.
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Você tem um bom escritório para trabalhar? Sinta-se à vontade para decorá-lo como quiser, expressando suas ideias e os valores do seu negócio. Crie um ambiente singular para os profissionais e para seus clientes.
E não esqueça: internet e cafeína são fundamentais.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Inteligência em negócios de conhecimento

Os negócios intensivos em conhecimento são, paradoxalmente, carentes de inteligência quanto à estratégia e gestão. Os escritórios de serviços profissionais normalmente tem tudo de conhecimento técnico, mas quase nada de conhecimento gerencial. Como suprir essa carência?
O modelo que utilizamos na GrandiGaray considera o contexto desses negócios como Intangível, Interativo e Inseparável, isto é: trabalhamos com coisas abstratas, em constante comunicação com o cliente e totalmente ligadas às pessoas que prestam o serviço. Deste modo, é fundamental orientar o escritório a partir desses três elementos, dando-lhes conteúdo adequado. Vejamos.
1- Há que tangibilizar o conhecimento na forma de uma Identidade clara para o negócio; definir um discurso claro (e consistente) capaz de descrever o que fazemos, porque, como etc.
2- Devemos educar o cliente desde o princípio, que não começa com o início do contrato, mas ainda no marketing e exposição da marca, durante as primeiras conversas e negociações; com isso garantimos maior Impacto.
3- Precisamos também desenvolver a equipe como principal fator competitivo; já que o conhecimento é inseparável das pessoas, dar-lhes Inspiração é impulsionar o conhecimento e fortalecê-las é fortalecer o negócio.
A Inteligência estratégica que coordena um escritório de serviços profissionais é um potencial que todo sócio tem. Do contrário, não seria um profissional do conhecimento. Acontece que, por histórico, o paradigma usado ainda é o industrial, quando esses negócios são de outra "lente".
Ver com esta nova lente é ver o invisível. Faça isso antes dos seus concorrentes e já estará em vantagem. Além disso, seus clientes e sua equipe vão agradecer. E você mesmo vai se sentir mais à vontade, conduzindo um negócio de conhecimento com inteligência. Sem mais paradoxos.
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Em tempo: também é inteligente contratar um consultor para ajudar nisso tudo ;)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sutil arte de ajudar

Tenho ajudado uma pessoa que está gerenciando um projeto. Ontem mesmo perguntei-me: como discernir e regular a presença e o apoio, sem invadir as funções daquele líder.
Como consultor, não posso me intrometer nas decisões dos executivos, nem ficar tão distante que não consiga ajudar. Existe um modo ótimo de trabalho. Como numa curva de Gauss, aonde o cimo é a posição ideal. O que vem antes é desinteresse ou indiferença. O que vem depois é intromissão, exagero.
É preciso observar-se com honestidade e discernir então se o que estamos fazendo é realmente para o bem da outra pessoa ou se há um pingo de vaidade (para dizer que sem a minha ajuda ele não conseguiria fazer) ou de egoísmo (o problema, afinal, não é meu, é dele). A sutil diferença só pode ser percebida na atitude interior de cada um. O comportamento pode até enganar quem olha de fora, mas a consciência, quando nos observamos com clareza, sem rodeios, vai mostrar a verdade.
Intrometer-se não é o mesmo que ajudar. Ajudar é um ato de bondade e sempre causa bons sentimentos em quem participa do trabalho. Intromissão é ato de prepotência e sempre gera atritos. Nem vou falar da indiferença, pois não gera nada, é estéril.
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Qual é a distância certa para ajudar? Não é tanto uma questão de distância, e sim de intenção. Quando a intenção é sincera, não se erra na dose. O coração, neste caso, sabe mais que o cérebro.
É mais uma questão de amizade que de inteligência.