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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Elegância


Estilo é diferente de estereótipo. Estereótipo é rótulo. Estilo é a expressão autêntica da individualidade. Não há em verdade dois estilos iguais. Pode haver semelhantes. Mas todo estilo, por definição, é único.
A manifestação visual do estilo é a elegância. Em filosofia, chamamos comportamento. Não qualquer comportamento, mas aquele dito moral, em consonância com a ética. Os antigos gregos usavam o binômio ethos-esthetos para se referir ao Bem que se expressa como Belo. Assim, a elegância seria uma bela conduta, inspirada em princípios elevados e capaz de apresentar o seu sujeito como um nobre personagem da vida.
Acontece que, como falava Ortega y Gasset, a elegância é função da inteligência. Como ensinou o filósofo espanhol, a etimologia das palavras se encontra em uma mesma origem: elegere, escolher. O inteligente-elegante é o que sabe escolher. Para ele, o homem é um ser de escolhas...
Que escolhas você faz na sua vida? Como escolhe seu vinho, sua companhia e seus sonhos?
Na dúvida, pergunte à sua consciência. Ela vai lhe dizer qual o seu grau de elegância.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Muito perto da ação

Estou fazendo um trabalho para um cliente que tem um grupo de 7 gerentes que estão muito perto da ação. Os teóricos alienados poderiam sugerir sem hesitar: DELEGUEM. Mas não é questão de delegar. Não há nada de errado com o trabalho deles. Eles não podem, não querem e nem precisam delegar. Pois estão fazendo o que têm de ser feito. Essas são as suas tarefas.
Há um tipo de atuação gerencial que é realmente mais operacional. Neste caso não lidam com números ou planilhas, mas com tarefas cotidianas. São gerentes de projetos e gerentes de operações. São comuns estes líderes na indústria, mas também os encontramos no setor bancário, no comércio, coordenando obras e dirigindo as tarefas de um hospital. Estes profissionais não atuam em salas de reunião e nem na sua mesa. Trabalham em pé. Andam pela empresa.
Se você é um destes gestores, não se preocupe quando alguém lhe disser que você deveria delegar... Estar muito perto da ação significa que você está muito longe dos teóricos incompetentes.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quem são os seus modelos?

O ser humano aprende sempre. Se quiser aprender. E um dos elementos mais importantes do processo de aprendizagem é termos modelos, referencias, parâmetros.
Para a liderança, estes modelos surgem desde o início da vida. Quando somos crianças, somos liderados pelos nossos pais. Com o tempo, passamos a seguir amigos e professores. Já no trabalho, temos as primeiras referencias de chefia. Vamos acumulando exemplos (bons, ruins e indiferentes) que vão sendo material nosso para construirmos nossa própria visão de liderança.
A leitura, as viagens, os projetos, o treinamento, a relação com clientes, as negociações, as situações fáceis e difíceis, enfim, as experiências se somam. Ganhamos critério e cada um com sua inteligência define que quer para si e que é que serve como parâmetro e modelo de um bom líder.
Nós somos resultado dos modelos que temos oportunidade de ver e de nossa própria consciência, que faz escolhas. Sem modelos, seríamos vazios. Sem consciência, seríamos uma lixeira.
Quais são os seus modelos de líder e por que eles?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Fazer do Líder

É fato comprovável pela experiência: enquanto uns pensam, os líderes atuam; enquanto a maioria hesita e peca por excesso de planejamento (e olha que sou consultor de planejamento!!) há a minoria - os líderes - que fazem.
A combinação de PLANEJAMENTO-EXECUÇÃO é uma arte. Mas desde já podemos definir que "o fazer dos líderes" tem a propriedade de pôr as coisas em movimento e garantir que, depois de um certo tempo, tenhamos uma história para contar.
Ir para a ação e fazer acontecer tem características que podem ser elencadas assim:
- não combina com perfeccionismo. Isso se chama vaidade.
- não fica na paralisia da análise. Isso se chama falta de iniciativa.
- não é questão de saber exatamente o que fazer. Isso se chama medo.
A qualidade (perfeição não existe neste mundo), o entendimento e a precisão vem a partir da experiência e da ação em si. Enquanto não agimos, ficamos sem isso.
E mesmo que dê errado ou que tenhamos uma série de problemas, ora, resolve-se! Corrige-se! Arruma-se o que deu errado e precisa mudar. E isso também é questão de agir. Tudo depois vira história para contar. Mas, é claro, desde que seja feito.
Os líderes são filhos do pensamento e dos sentimentos também, mas é na ação que concluem sua veracidade.
Quantas histórias você tem para contar?

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A Força da Humildade

Dar um golpe direto na vaidade é uma forma de ganhar energia.
Falar sobre os próprios erros e limitações é libertador para a psique e é um jeito de ganhar adesão à sua causa, pois as pessoas não gostam de gente artificial. E existe algum ser humano real que não tenha limitações e que não cometa erros? Portanto, como líder, se você quer ampliar sua capacidade de cativar pessoas e atrair seguidores, precisa aprender a força da humildade.
Comece identificando com clareza e coragem os seus principais equívocos e o respectivo aprendizado que cada um deles lhe proporcionou. Depois, espero o momento, lugar e encontre as pessoas adequadas para escutar sua história. Aí fale dela, abertamente. Exponha-se. Fale de si mesmo com autenticidade, sem medo.
Por fim, além de mostrar-se para estas pessoas como uma pessoa de carne e osso e daí suscitar nelas sua simpatia, perceba que junto disso vai algo mais: um acréscimo em autoridade. É isso mesmo. Esta atitude lhe confere maior impacto e mais influência por sua presença. As pessoas lhe respeitaram mais. Vão prestar mais atenção em você. Agora você não é de plástico. É de verdade.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Liderança no Contexto

Liderança depende do contexto.
Há aquelas teorias (situacionais e contingenciais) que versam sobre o tema e quero aqui apenas destacar alguns elementos bem empíricos.
- O grupo de seguidores. Há os que são inertes e dependem de muita força de motivação imposta pelo líder; há os que tem iniciativa; há que são intransigentes e teimosos, mas que quando "compram a idéia" podem até se tornar fanáticos; há aqueles que são bons soldados; há os que apóiam muito bem numa reunião de trabalho; há liderados com perfil analítico e ajudam no olhar crítico; também há os criativos que vem sempre com novas (e boas) idéias; há obviamente os que sempre têm idéias (e até demais...). E etcétera.
- O trabalho a ser feito: lideramos em diferentes situações onde o trabalho pode ser manual, braçal e físico; pode ser uma tarefa bem mental, exigindo análise, planejamento, busca de informações, gráficos, tabelas, suposições, testes racionais e conversas em profundidade; podem ser trabalhos que exigem criatividade e intuição, imaginação e "quebra de paradigmas"; o trabalho pode ser também emocional, determinado pela motivação e o ritmo que se consiga atingir para chegar ao fim de um projeto desgastante, por exemplo; pode ser até mesmo uma tarefa que envolve lidar com os instintos de preservação e o medo, como no caso de um negócio com risco de falência ou com alavancagem financeira exagerada.
- O conhecimento que o líder tem das pessoas. Obviamente não depende só de quem são os liderados, mas de que o líder os conheça. Isso toma tempo. E além de conhecer as pessoas, o histórico de relacionamento com os integrantes do grupo interfere também na autoridade que possui diante os liderados. Depende de fatos e situações passadas, da confiabilidade que surgiu entre eles. E o grupo tem uma realidade em si, portanto, é de se notar como eles se relacionam entre si, independente do líder influenciar. Daí se pode ver o quanto e como deverá influenciar para gerar, por exemplo, coesão.
- As influencias externas. Sabem os executivos das multinacionais com filiais em diferentes países que as crises econômicas, políticas, meteorológicas entre outras podem gerar problemas. Mesmo no caso de um gerente de projetos, um empresário de uma pequena empresa, um gestor de uma área de uma organização, todos devem reconhecer os limites de controle e ingerência que possuem e considerar os riscos do exterior. Talvez haja até a possibilidade de identificar oportunidades.
- A condição do líder no momento em que lidera. Pois já temos falado muito aqui no Blog sobre a necessidade de conhecer-se e dominar-se ANTES de liderar aos demais. Mas nunca é tarde para recorrer a este tema e considerar as variações que temos ao longo do dia ou da semana sobre a auto-afirmação e o auto-controle. Às vezes somos pegos de surpresa. Isso também há que considerar.
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Além destes elementos poderiam ser elencados: tecnologia, recursos à disposição, tempo, clima organizacional, e muitos outros. Fica para uma outra postagem.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Foco e Posicionamento

Definir um foco para a carreira é tão estratégico quanto definir a missão da empresa (e lutar para realizá-la).
O posicionamento - como marca e imagem - serve tão bem a um profissional em sua carreira quanto a uma organização no seu mercado.
Quanto aos líderes, posso sugerir que façam o mesmo. Evitando sempre estereotipar-se - aliás, justamente por este motivo - recomendo visualizar seu estilo próprio de liderança e dar a ele a repercussão justa. Assim, com seus liderados, terá a mesma relação que um negócio tem com seus clientes.
De acordo à idéia de "liderança servidora" de Greenleaf (e de muitos outros, pois este assunto é, em verdade, bem mais antigo do que ditam as modas da literatura de management) somos para nossos liderados justamente o que um bom fornecedor deve ser para seus clientes. Claro que é isso e muito mais. De todo jeito, FOCO e POSICIONAMENTO - talvez à maneira até do que descreve Trout em seu famosos livro "Posicionamento" - são importantes. Seus liderados precisam saber bem quem você é e como atua. Seu estilo, sendo claro, ajuda no dia-a-dia da equipe.
Uma dica: descreva seu estilo numa folha de papel, de acordo àqueles atributos da liderança de que já falei aqui no Blog. Defina-se, antes que te definam.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Toda empresa precisa de consultoria...

Por que nenhuma empresa funciona na sua perfeição e uma visão de fora, com perspectiva privilegiada, pode ajudar muito.
Além da visão em perspectiva, o consultor não tem o envolvimento emocional com o negócio como tem naturalmente o empresário. Isso permite lidar com os problemas com mais racionalidade.
Também posso acrescentar - no meu caso - que 14 anos de experiência assessorando empresas pode servir de uma boa contribuição...
O conteúdo e o conhecimento conceitual do consultor, obviamente, são também úteis; mas considero que este é o benefício menos palpável, portanto o que serve menos como argumento do que os primeiros que citei.
Toda empresa precisa de consultoria. Nem todas contratam. E a sua?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A Dinâmica do dia-a-dia

Sabe aqueles dias em que corremos o tempo todo, resolvendo problemas (realmente resolvendo, desatando nós, fazendo as coisas acontecerem) e tratando de negócios diversos, com diferentes pessoas, em vários lugares e empresas e, enfim, chegando em casa no final da noite, cansado e satisfeito? Dá uma sensação de que temos energia e isso tem a ver com o poder do movimento.
Mas é fundamental compreender o que viabiliza isso, pois o ideal é que possamos provocar este estado - por que não, todos os dias? Dou algumas dicas para os líderes:
1. Manterem-se concentrados, não deixar jamais que as circunstâncias, por maior que seja a pressão, desviem o foco e a mente clara. Não se pode perder a noção das prioridades e do importante. Bem como não podemos atropelar processos e muito menos pessoas. Mantendo-se centrado, ou concentrado, preservamos o ritmo das coisas, mesmo que estejamos sob pressão. No final, isso se mostra como proveitoso. Sempre.
2. Deixar o corpo relaxado, solto. Não se deve tensionar o físico devido à pressão psicológica. Além de que não resolve, pois não soluciona - o que soluciona é a resolução dos problemas, sucessivamente, um após o outro - e ainda vai atrapalhar. O corpo flexível e a postura ereta, com os músculos relaxados é um instrumento técnico para lidar com a pressão gerencial.
3. Não aceitar olhar as sombras. Mirar sempre no lado luminoso, buscando a solução. Tudo tem solução. É questão de encontrar. Não é "mentalidade positiva" barata, ou discursos motivacionais vazios. É estratégia.
Na dinâmica do dia-a-dia, os líderes têm de ter vantagens. Estas dicas são parte de um conjunto de elementos de formação de lideranças que aplicamos há anos. Funciona. A sensação de realização no final do dia é a prova.

sábado, 28 de julho de 2012

E o que é CONSCIÊNCIA?

Do latim, cum scire, chega-nos o vocábulo "consciência". Podemos entender de sua etimologia que significa estar com ciência, com conhecimento.
Para mim consciência tem a ver com "estar presente". Pois às vezes está só o corpo, enquanto o sujeito vaga por algum desconhecido rincão de sua psique... Quando falta-lhe atenção, falta consciência. A atenção é um atributo, uma faculdade da consciência.
Quando estamos "presentes, de corpo e alma" estamos com domínio de nós mesmos e algum domínio da situação que vivemos nesta hora e lugar. Quanto mais consciente, logo, mais domínio. Quanto mais consciente, mais livres para pensar, analisar, sentir, ver, intuir, entender. Mais consciência, mais capacidade de atuar e interagir com o meio e as pessoas. Mais consciência, mais possibilidades.
William James, o grande filósofo do pragmatismo americano, desenvolveu o tema da consciência como um fluxo, ao invés de uma série discreta de eventos. Quando ficamos "desligados" por alguns segundos, parece que se interrompeu o fluxo. Aí retomamos. Estes intervalos de desatenção e inconsciência servem para fazermos coisas de que nos arrependemos, normalmente. Morder a língua quando mastigamos a comido é um exemplo...
Desenvolver a consciência é para os líderes o ponto fundamental. Dela surge não só o domínio de si mesmo, mas o domínio das relações que precisa estabelecer com as pessoas de sua equipe, com outras pessoas de outras áreas da empresa. Surge a possibilidade de dominar o ambiente de trabalho e um modo de conduta dentro da organização. Para os estadistas e líderes políticos, a consciência expande sua esfera para o mercado, a comunidade, os investidores. Desenvolver a consciência é desenvolver a capacidade de liderança.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Os "maiores ativos da empresa"

Tenho de tirar o chapéu para estas frases de Wagner e Harter, do Instituto Gallup. Vejam só:
"O título de gerente costuma ser concedido como recompensa pelo tempo de casa e boas relações, por um desempenho sólido que não demonstra nenhuma capacidade específica de lidar com pessoas, ou como o único caminho de progresso numa empresa que não sabe criar cargos não gerenciais altamente valorizados. Empresas que jamais deixariam que alguém sem formação em administração ou contabilidade cuidasse de suas finanças, que um inimigo da tecnologia gerenciasse o departamento de TI ou que um trapalhão supervisionasse rotineiramente a segurança permitem que profissionais antipáticos, falsos ou arrogantes assumam a direção de uma equipe dos supostos "maiores ativos da empresa".
Empresário: são as pessoas os maiores ativos da sua empresa? Comprove com o perfil de seus líderes e gestores.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Consciência e Produtividade

Os muitos livros que versam sobre o tema da produtividade pessoal, em geral, dão ênfase às técnicas e métodos de organização e gestão do tempo e do espaço de trabalho. E estão corretos, sem dúvida, de que isso é importante. Contudo, entendo que O MAIS IMPORTANTE não está no espaço à nossa volta, nem nos ponteiros do relógio...
Se considerarmos o espaço e o tempo como 2 vetores que se entrelaçam num instante que podemos chamar "momento presente", teríamos então de definir um terceiro vetor, vertical, que incide desde o ápice da consciência do indivíduo que observa todas as circunstâncias à sua volta, até a posição do corpo e das sensações físicas neste dito instante. Este terceiro vetor, o "vetor da consciência", é objeto de pouco estudo quanto à produtividade pessoal. E é daí que vem 80% da produtividade. Ela advém de uma concentração que mantém este terceiro vetor com o domínio das situações. Mantém a consciência presente, independente das circunstâncias. Mantém a lucidez e a calma, a eficiência e a noção do que deve ser feito, em cada lugar e em cada segundo. 
Há uma espécie de polaridade, que radica entre o ponto alto de consciência e o ponto concreto de posicionamento do corpo. Esta é uma metáfora. Poderíamos trocar por profundo e superficial, espiritual e corporal. Usam os termos que preferirem...
O fundamental é que treinar este terceiro vetor permite o domínio consequente dos outros dois. A produtividade pessoal então obedecerá ao uso de técnicas de organização do espaço e de administração do tempo; técnicas que são úteis ao indivíduo consciente, inteligente. Do contrário, são só métodos que não funcionam. Não porque não sejam úteis. É que não são úteis para quem não consegue usar. Para quem não está consciente.

sábado, 21 de julho de 2012

Trabalhar com as mãos

Apesar de que o ambiente empresarial reserva pouco para o uso das mãos - normalmente deitadas sobre as mesas de reunião ou o teclado no notebook ou segurando a caneta na assinatura de documentos - é propício que os líderes entendem o valor do trabalho manual. É uma espécie de atavismo que temos; no caso dos homens, mais ligado às ferramentas; no caso das mulheres, a outros utensílios domésticos.
Quando fazemos coisas manuais entramos em contato com uma energia diferente... conhecemos limitações nossas de coordenação motora. Ganhamos a alegria, por vezes, de construir uma porta de madeira que ficou certinha no seu esquadro! Sentimos o cheiro da comida que nós mesmos preparamos. Vemos o espeto com o delicioso churrasco animar a família.
Entendemos emoções, conhecemo-nos um pouco mais, interagimos com as pessoas noutro ambiente.
Usar as mãos é bom. O teclado do computador não pode ser seu único espaço. Perde-se momentos interessantes se não as damos a chance de viver seu uso em outras utilidades.
Sugestão: tenha um hobbie manual. Pintura, escultura, fazer pão, churrasco, marcenaria, desenho, etc. Descubra por si mesmo o que quero dizer. Pois não consigo expressar o sentimento que tive hoje trabalhando com serra, prego e madeira. Os dedos no teclado não conseguem comunicar o que sentiram à tarde.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Inteligência Executiva

O terceiro atributo da liderança é a inteligência. Uma inteligência de tipo executivo, isto é, pragmática, capaz de resolver problemas.
Imaginem o indivíduo que vai à frente e atrai seguidores (primeiro e segundo atributos) e os leva para o abismo! Não pode ser assim. Não deve ser assim. Um líder tem de completar sua descrição com um elemento garantidor de resultados. Daí a necessidade de completar sua descrição com este último atributo.
Inteligência é palavra latina, vem de inteligere, que quer dizer algo assim como "discernir". No ambiente organizacional, isso se refere diretamente à tomada de decisões. Decidir é o uso gerencial da faculdade de discernimento que TODOS seres humanos temos. Acontece que este poder de avaliar situações, escolher e definir ações precisa ser desenvolvido.
A experiência é um grande propulsor da capacidade de discernimento e decisão. A instrução e o conhecimento técnico acumulado também.
Há outras coisas, mais sutis, que sugerem um tipo de intuição... Uma visão rápida e direta das soluções.  Malcolm Gladwell, no seu excelente livrinho "Blink" - que podemos traduzir como "golpe de vista" - comenta desta habilidade que temos e que está muitíssimo mais presente no nosso cotidiano do que se imagina normalmente. Somo bastante intuitivos.
Há hoje uma disciplina numa Universidade norte-americana de negócios (business, my friend) chamada strategic intuition. Vejam que já é assunto acadêmico. Pela minha experiência como consultor, há muito tempo percebo, empiricamente, que muitas decisões (e boas decisões) de empresários são por intuição.
Desde o surto de interesse pela chamada inteligência emocional, devido às publicações de Goleman, passando pelo interessante trabalho das inteligências múltiplas de Gardner, podemos chegar a concluir que o líder também tem um tipo de inteligência estratégica e unificadora de tudo que precisa para gerir sua equipe e organização.
Assim, a inteligência executiva vem arranjar todos os elementos que nos facultam a analisar problemas e solucioná-los. Por raciocínio lento, por rápida intuição. Com perspicácia ou habilidade interpessoal. Por qualquer outro processo cognitivo que se queira. O importante é que o líder não leve seus seguidores para qualquer lugar... Todos querem o êxito. Inclusive o próprio líder. E isso é também questão de inteligência.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Cativar Pessoas


O segundo dos principais atributos dos líderes refere-se a um talento ou habilidade para atrair seguidores.
Tradicionalmente este traço associa-se ao termo Carisma. Carisma vem do grego, Charisma e tem associação direta com a palavra Caráter, em grego Charáx (pronuncia-se raráx). Tem a ver com retidão de comportamento. Esta etimologia mostra que atrair pessoas depende de ser confiável e moral. Não se trata somente de uma simpatia pessoal.
Além de estar à frente de um grupo, o líder tem de conseguir levar pessoas junto consigo. Do contrário pode ser uma pessoa com muita iniciativa e força de ação, mas estará sempre sozinho. Um líder, ao contrário, nunca está sozinho. No exercício de seu potencial de liderança, está sempre acompanhado.
Se quem me está lendo consegue se colocar no lugar dos seus liderados, conversar olho no olho, orientar, dar (e receber) feedback, gerar laços fortes e desempenhar toda uma maestria de relações humanas, tem todo jeito de líder. A prova real será evidentemente quantas pessoas o acompanham.
Claro que não podemos medir a grandeza de um líder pela quantidade de pessoas que o seguem, pois obviamente teríamos que medir a "qualidade" desses laços. Isto é, seguem-no com que grau de fidelidade? Ademais, poderíamos acrescentar uma avaliação das próprias pessoas. Aliás, as últimas teorias tem se fixado mais nos followers (seguidores) que nos líderes. É como numa matilha de lobos... tem o lobo-chefe, mas também tem os outros lobos. É matilha.
De todo jeito, fica aí o recado: líder sem liderados, não é líder. É lobo solitário.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Condição Impetuosa

Dos 3 principais atributos do líder - os quais utilizo para os treinamentos básicos de formação de lideranças - o primeiro é a atitude de "ir à frente".
Esta condição de ímpeto, de iniciativa, de ousadia, define um perfil de destaque para as pessoas que não pedem passagem. Vão. É um destaque fático, baseado em ações. Não é especulativo. Não é intelectual.
Esta condição é nata e também se desenvolve - como toda a capacidade de liderar. Temos latente em nós esta possibilidade de romper a inércia e dar início a um processo. Temos também a oportunidade de engrandecer isso através da experiência, do aprendizado, dos estudos e do próprio auto-conhecimento. Quanto mais avançamos nesta filosófica jornada de conhecer-se e expressar-se autenticamente, mais força de vontade surge e, por conseguinte, mais chance de darmos o primeiro passo.
Vejam que, neste caso, o primeiro passo é ainda um primeiro passo para os demais. Imagine que se o líder não o faz, não só ele, mas todos ficam parados.
Por isso digo às vezes, tentando fazer poesia, que liderança é fazer história. Sem líderes, não há movimento. Sem líderes conscientes, não há movimentos harmônicos.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Liderança na prática. Prática na liderança.

Já perceberam que os lutadores passam dias e dias treinando, exaustivamente, para lutar - quando muito - 2 ou 3 vezes no ano, apenas? É certo que a vida do executivo não é exatamente igual às lutas no tatame ou no octógono. É certo, contudo, que se parecem. 
Em alguns casos, vive-se uma pressão psicológica equivalente. Em outros casos, vive-se a ansiedade e a incerteza com relação ao futuro. Noutras situações, o líder empresarial experimenta a dor... as perdas, as dificuldades, os riscos e ameaças são constantes nos negócios. Há casos, inclusive, em que se sente um dia de frustrações, para, em seguida, vivenciar um dia de êxitos e uma quase percepção de que se venceu um campeonato. 
Algumas vezes se vence por perseverança. Noutras vezes vencemos por astúcia. Há momentos em que nossos êxitos são fruto de um acertado planejamento, ou uma boa execução (ou ambos). As conquistas podem representar lutas rápidas (semelhantes a nocautes no primeiro round) e há até aquelas conquistas que chegam aos últimos segundos da competição.
Há muitas diferenças também nesta minha metáfora. Há muitas variáveis. Há uma série de coisas que se pode dizer... Porém, quem pode negar que, em proporção, os gestores treinam muito menos que os lutadores profissionais?
Propomos uma nova abordagem ao exercício e, sobretudo, ao desenvolvimento da capacidade de LIDERANÇA: treinar. Exercitar-se. Pôr na prática as habilidades que fazem um bom líder. Aprimorar, qualificar, testar, treinar. 
A vida de um profissional não precisa ser só luta. Pode e deve ter momentos de "afiar o machado". 
A probabilidade de encontrar-se com a vitória e ser por ela acompanhado, à maneira dos antigos sábios de Samotrácia, que tinham na Deusa Nikê, alada, a representação da vitória, cresce na medida em que nos preparamos para isso. 
Você quer vencer? Todos querem... Quantos se preparam para a vitória?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Como Lidar com o Futuro

Entrevista na rádio sobre COMO LIDAR COM O FUTURO em 04 de janeiro de 2012.
(por que estou colocando o link só agora? por que ainda estou aprendendo a mexer em blogs, facebook, redes sociais, etc...)

Mão-na-massa

Não lembro se era um ministro ou um secretário do ministério. Mas os manifestantes, em Brasília, desafiavam o executivo a ir até o pátio da esplanada e consertar o motor do veículo. O teste era direto: "Você, que está no comando, entende mesmo do nosso negócio"?
Todo integrante de uma equipe tem pensamentos deste tipo. Às vezes falam; às vezes só pensam. Contudo, as lideranças sempre sofrem a ameaça da provação pelas suas competências mais fundamentais. O conhecimento técnico do negócio, é claro, vem em primeiro lugar. Afinal de contas, é este o domínio que tem a maioria dos colaboradores na empresa. A autoridade, enfim, é questionada eventualmente por esta ou aquela habilidade que o líder possa ou não demonstrar. A capacidade técnica de fazer as coisas acontecerem dentro do seu negócio é essencial.
Mas veja que não é só questão de conhecimento. Há que se expor a pôr a "mão-na-massa" e garantir os resultados - se preciso for - sem a ajuda de ninguém. O líder vai à frente e se é necessário, usa as próprias mãos para resolver os problemas.
Júlio César lutava no campo de batalha junto com seus homens. Alexandre Magno fazia o mesmo. Nelson Mandela viveu todas as agruras que os demais companheiros viveram (talvez maiores). Os grandes líderes não tem medo de "sujar as mãos de graxa".
Você que me lê agora, tem algum receio disso?
O executivo de Brasília, convidado a arrumar o motor do carro não teve medo. Ele fez o motor funcionar. Os manifestantes, antes com gritos de desprezo, aplaudiram-no. Acabou a manifestação. Ali estava um líder de confiança.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Shugiô

É o termo que os japoneses usam para CORRIGIR-SE. Vem da tradição de treinamento Samurai.
Treinar tem a ver com identificar pontos de melhoria. Mas veja que não é possível fazer isso intelectualmente. Não se pode identificar falhas e deficiências apenas pensando... há que se colocar em contato direto, visceral, com a prática. Nas artes marciais (e eu sei que pode parecer estranho, mas nós gostamos) isso se aprende apanhando. Quando vem a dor física e psicológica, devido a um combate ou a um treinamento de força ou resistência, vem também a conscientização de que estamos limitados por esta ou aquela deficiência. Não é intelectual, é direto, é certo.
O Shugyô normalmente é um encontro em imersão de um ou mais dias em que ficamos treinando, lutando, meditando e convivendo no contexto dos assuntos da arte marcial. No caso das lideranças empresariais, se pode pensar em programas de desenvolvimento de líderes, workshops, seminários e cursos. O importante é usar a experiência em si para ver claramente aonde temos de mudar e melhorar.
Tu que és um líder: busca teu espaço de treinamento. Define na tua agenda momentos para buscar teus pontos fracos. É a única forma de aperfeiçoar-se. Treinamento. Se tens algo ruim, muda! Se é assim que faz as coisas (e não é bom), modifica teu comportamento! CORRIJA-SE.
Isso é para todos que querem ser bons líderes. Estão fora disso somente os perfeitos...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Liderança e Domínio.


Domínio significa possuir, controlar, deter a razão, ter a soberania, ser obedecido. A palavra vem do latim e se refere a Domina e ao Dominus, ou seja, a senhora e o senhor do lar (domus). Dominar é ser o senhor, a autoridade.
Um líder precisa, em primeiro lugar, ser o senhor de si mesmo. Já dizia Platão que os dirigentes precisam ter força e compostura. Já que serão seguidos por outros, precisam dar o exemplo e isso depende de uma qualidade de caráter forte, resistente.
Em segundo lugar, o líder precisa dominar a arte das relações humanas. ATENÇÃO! Não é dominar as outras pessoas. Ao liderar, somos seguidos, não precisamos dominá-los. No entanto, para sermos seguidos, precisamos conhecer e saber utilizar habilidades de convivência, empatia, persuasão, diálogo, entendimento e comunicação. Isso tudo é que precisa ser dominado. Neste caso, não é necessário tentar dominar ninguém – isso é para tiranos, e é medíocre do ponto de vista espiritual.
Terceiro: há que dominar o ambiente à sua volta. No caso das empresas, o locus profissional é definido por uma área, equipe ou departamento que se gerencia. Dominar o seu negócio, inclusive tecnicamente, é fundamental para o líder atuar com alto desempenho. Daí para loci (lugares) mais complexos – como uma empresa inteira, no caso de um líder-empresário – é só questão de imaginação... E, claro, será ainda mais difícil.
Poderíamos citar uma quarta esfera de domínio: o mercado, as relações com a comunidade, o governo, os investidores. Enfim, os chamados stakeholders do ambiente externo à organização.
Vejam que a formação de lideranças passa pela avaliação do grau de domínio destes potenciais líderes. Dependendo do caso, terá de ser instruído no domínio maior de si mesmo; ou, noutros casos, terá de desenvolver habilidades de comunicação, entendimento das outras pessoas, diálogo, etc; às vezes, vai precisar aprender mais sobre o seu negócio, sua área de trabalho; para as altas lideranças, pode ser necessário aprender a lidar com os acionistas, a comunidade ou o Greenpeace! Cada um com seus problemas...
O melhor é pensar que as coisas, por mais difíceis que possam ser, são bem aproveitadas quando encaradas como são. Isto é, formar lideranças dá muito trabalho. Requer muita dedicação, atenção, paciência, orientação. Requer ensinar muitas coisas. Obviamente o consultor (ou coach, se preferir) deve ter experiência como líder também e deve saber “na pele” de que se trata tudo isso. Assim fica mais fácil orientar.
E você que me lê? Qual o seu grau de domínio nestas esferas, hein, Don?

terça-feira, 29 de maio de 2012

A must read

Já há alguns anos li o "Guerra da Arte" do Steven Pressfield. Já devia ter recomendado o livro neste blog, antes. Esqueci. Agora lembrei.
O autor fala sobre a vida que vivemos e a vida que queremos viver e não conseguimos. Entre nossa intenção e a realização dos nossos objetivos está a RESISTÊNCIA. A RESISTÊNCIA é uma força voraz, que engole sonhos e impede que se viva o que se quer viver. É um instinto, uma inércia da personalidade. Temos de vencê-la - e, veja, temos de vencê-la todos os dias - para tornar realidade nossas intenções.
O livro é uma obra prima. O estilo simples e profundo de Pressfield mostra como um guerreiro vê a vida. (ele foi fuzileiro naval). É o mesmo autor de Portões de Fogo e Tempos de Guerra - outros que recomendo fortemente!
Você que lê estas linhas, vá atrás do livro, compre-o e leia-o. Não vai se arrepender. E se não consegue fazer isso apesar de seu desejo de fazer, atenção: a RESISTÊNCIA o está impedindo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ver o invisível

Numa manhã cinza, chuvosa, tomando um café expresso, olhei para a rua e vi um cachorro passando. Ele estava bem alegre, com aquele sorriso de cachorro quando passeia na rua, sabe?
A todo momento há possibilidades de ver o invisível. Muitos podem ter olhado para o cachorro, mas quantos se surpreenderam com sua alegria? Quantos se alegraram com seu sorriso e seu jeito naquela manhã cinza?
Então pergunto: a manhã estava cinza? E agora, neste momento em que me lê, que cor está o dia? O que se pode ver para além do olhar desatento de que tudo tem um "outro lado"? Como disse Saint Exupery, "o essencial é invisível aos olhos". O que se esconde de teus olhos agora, à tua volta e mesmo dentro de ti?
Um líder tem de ver o invisível. Sua equipe às vezes não mostra o que tem ou o que lhe acontece. Mas há a chance de entender cada um do seu time de trabalho ao ver dentro dele, ao ver o seu "outro lado". Normalmente as pessoas tem um sorriso diferente quando passeiam nas ruas também...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Mudança e Permanência

Uma vez li num livro sobre Consultoria que, por mais que pareça diferente, as coisas não mudam tanto assim de um dia para o outro. No geral, as coisas permanecem as mesmas do dia anterior, hoje. E o que se lia no jornal, semana passada, é muito semelhante ao que se lê agora. Há variações, mas é minoria.
O que acontece é que nossa percepção é colorida pela situação emocional e as pressões que sofremos. Daí a impressão súbita de que tudo está por mudar. Daí a sensação de que algo de muito ruim (ou de muito bom) possa estar acontecendo. Talvez fosse mesmo um desejo pessoal de que houvessem mudanças radicais... gostamos disso. Mas isso não acontece de verdade.
O tempo, como um aliado, mostra o que é verdadeiro e o que é falso. E as circunstâncias se preservam ou não em função de sua veracidade. Assim, muito do que pensamos que vai acontecer será comprovado com o tempo. A impulsiva decisão que o líder toma diante de uma súbita provocação do meio, pode ser uma simples reação emocional.
A segurança para as decisões não está nas mudanças... está na permanência. E na maioria das vezes, a maioria das coisas permanece. E mesmo quando se alteram, é dentro de si mesmo que o líder vai se apoiar. Sempre sendo ele mesmo. Sem sucumbir às pressões das circunstâncias. Sempre sendo autêntico.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sobriedade e outras coisas...

Uma vez participei de um congresso internacional de liderança em SP. Muitos executivos e executivas estavam presentes, diga-se, dos 5 continentes. Tive a oportunidade de conversar rapidamente com pessoal da França, Honduras, Argentina, Chile, Índia, Rússia, Itália, Espanha,... meu inglês e meu espanhol foram bem exercitados, podem apostar! Mas o mais importante foi o aprendizado que tive ao observar, simplesmente, os traços de comportamento dessas pessoas.
Todas elas demonstraram algumas qualidades que, por semelhança, penso estarem no alvo dos esforços de todos nós, que queremos aprimorar nossa capacidade de liderar. Dado que eram na sua grande maioria líderes de mais de 30 anos de experiência, considero que isso dá o suficiente relevo para atentarmos com muito interesse:
- Concentração: todos demonstravam muito foco e presença de espírito. Não vi nenhum deles "viajarem na maionese" em nenhum momento. Estavam sempre muito "ligados", com olhar vibrante e atenção total.
- Alegria: o bom humor foi percebido em todos eles. Era uma constante nas conversas. Parece que todos viviam suas vidas com senso de vocação, isto é, fazendo aquilo que gostam e querem fazer.
- Comunicação: se relacionavam todos muito à vontade. Falavam e escutavam. Perguntavam, demonstrando um respeitoso interesse - mesmo quando, acredito, meus estrangeiros idiomas pareciam-lhes também estrangeiros...
- Senso de Missão: identifiquei que todos tinham metas e visão de longo prazo. Sabiam onde queriam chegar com seus respectivos empreendimentos. E ao que parece equilibravam bem esta visão com as necessidades operacionais de execução do dia-a-dia. Observei muitos deles "botando a mão na massa" nos horários dos intervalos do congresso.
- SOBRIEDADE: foi a palavra que me veio por primeiro, quando anotei em meu moleskine, ainda no hotel, o que estava vivenciando lá. Uma dignidade, uma autoridade natural, esbanjada por uma moral nítida. Eram homens e mulheres que inspiravam confiança e que, imagino, também atraem lealdade. E acho que isso é o que precisamos como líderes, não? Pois quando vamos à frente, tomando a iniciativa pelos acontecimentos, ao olharmos para trás, estaremos sendo seguidos? E, vendo seguidores, vamos manter a serenidade e a sobriedade? Diante as diversas situações do cotidiano - pressão, incertezas, problemas, imprevistos - poderemos preservar a conduta estável e confiável?
Esta foi a principal lição: sermos sóbrios a todo momento, independente das circunstâncias. Você consegue ser assim?

terça-feira, 10 de abril de 2012

Estilo não é estereótipo


A palavra estereótipo vem dos antigos "tipos" de imprensa. Letras-padrão que eram utilizadas para a produção dos primeiros jornais e também cópias de livros. Depois dos monges copistas medievais, veio este modo de reprodução de livros.
Estilo é um termo muito encontrado hoje nos assuntos ligados a moda, vestuário e preferências pessoais. Denota como uma pessoa vive, no geral. Cada um tem seu estilo.
Estereótipo e estilo são coisas diferentes. Aquele que se estereotipa perde sua autenticidade e seus diferenciais; perde sua identidade e seu modo próprio. O estilo nasce do singular que é cada ser humano. O estereótipo é um rótulo que melhor ou pior classifica a pessoa dentro de certas tipologias, inventadas por ciência ou por opinião popular.
O líder representa um exemplo de vida e de ações pela sua exclusividade como homem ou mulher. A inspiração que a liderança é - a ponto de fazer seguidores - tem de ser entendida como produto de um estilo. Portanto, cada executivo e cada gestor é diferente. Há traços comuns, mas não podemos reduzir a uma tipologia empobrecida. A riqueza do comportamento humano e a complexidade das relações sociais é virtualmente infinita. Reducionismo é falta de inteligência.
Você que me lê: qual o seu estilo?
Como dizia meu mestre de filosofia: SEJA VOCÊ MESMO.
Estilo não é estereótipo.

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Vantagem da Cultura

As grandes lideranças normalmente ostentam cultura geral e, por vezes, uma certa erudição. Vejam que Alexandre foi educado em Mieza por uma série de tutores (sim, Aristóteles era só um deles); Júlio César teve ao menos 3 preceptores em grego, artes militares, história, filosofia e oratória; Napoleão era quase um cientista; Nelson Mandela estudou de tudo; Churchill também era muito preparado.
Pergunto: não é evidente que uma boa dose de cultura geral é um elemento de desenvolvimento da capacidade de liderar? Vejamos:

  • a variedade cultural amplia a visão sobre as pessoas e seus costumes;
  • dá maior percepção de oportunidades, devido ao entendimento de assuntos diversos - as coisas deixam de passar desapercebidas quando as conhecemos minimamente;
  • estimula sinapses e o sistema neurológico responde rápido, aprimorando o raciocínio e a perspicácia;
  • a leitura, em especial, viabiliza faculdades como a memória, a atenção, a imaginação;
  • os idiomas treinam até mesmo o sistema fonético, além de estimular novas linhas de pensamento, devido à lingua que cada povo possui - o idioma é fruto de idéias, costumes, pressupostos, sonhos, etc.;
  • os esportes e as práticas corporais em geral oxigenam não só o sangue, mas a vida psíquica, no treinamento, nas provas e na disciplina que cada uma implica;
  • viagens permitem conhecer geografia, lendas, arquitetura, povos e gente - conversando, perguntando, ouvindo.

Ou seja, não é aleatório. A diversidade de estudos, práticas e exercícios confere maior capacidade de liderança. Aumenta o potencial de consciência do indivíduo que, logo, tem mais chances de dar bons exemplos e atrair seguidores. Liderança se verifica com seguidores. E quem vai querer seguir gente desinteressante?
Vai ter algo para conversar, para contar? 
Cultura múltipla torna o ser humano mais interessante. É uma vantagem.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Cidade de Alexandria

Dizem que quando um filósofo, educador, gramático ou erudito chegava à cidade de Alexandria, era só avisar que vinha para ensinar que ganhava uma casa. Passava a ditar classes neste lugar que agora era espaço público. Abria-se mais uma porta em honra à filosofia e a ciência.
Como chegou a ser assim uma cidade dessas?
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Alexandre sonhou com Homero um dia. O sábio grego apontava, no sonho, um local às margens do mediterrâneo e sorria ao herói macedônio. Acordou e viu Alexandre o lugar no delta do Nilo, no Egito. Não era um sonho. Mas uma inspiração. Nascia ali, daquela semente, a futura árvore de cultura que se estenderia até os últimos dias do império romano.
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Ptolomeu Soter, o dirigente que se encarregara da cidade depois de Alexandre criou a famosa Biblioteca. Vieram já nesta data, século III a.c., milhares de homens e mulheres de cultura extraordinária. Movimentou-se a região em torno da busca da sabedoria. Construções, cópias de livros, artes, comércio e a gênese de uma das mais incríveis povoações de todos os tempos estava consolidada.
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Havia mais de uma biblioteca. Após o primeiro incêndio (pois foram 3 ao todo) fora construída uma biblioteca dita "auxiliar", no Serafeum, o templo de Seráfis. Este templo não era somente uma capela gigantesca, como uma grande catedral. Era uma universidade. Estudava-se ali matemática, astronomia, oratória, física, química, etc. Foi este o local da última resistência ao edito de Teodósio e toda a perseguição que sofreram os filósofos nos fins do decadente império romano. Ali estava, nesta época, Hipátia.
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Hipátia, iniciada nos Mistérios Egípcios, filha do grande filósofo Theon, foi emblema do martírio destes filósofos. Liderou um processo já quase sem esperanças de continuidade. Mas foi valente e enfrentou todos os fanáticos das seitas cristãs e judaicas que se confrontavam e confrontavam a todos. Morreu assassinada pelos cristãos em Deu sua vida pela Causa da cidade, que tinha começado com Alexandre.
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A Causa da cidade de Alexandria era a da matriz cultural e educacional que viabiliza o nascimento dos gênios, dos sábios, dos grandes líderes. Atravessou séculos. Está dentro de cada idealista e sonhador de hoje. Como trazer isso de volta ao mundo concreto? Esta pergunta é respondida por líderes. Pois não pensam, só. Fazem. Como Alexandre, que não pensou mas fez o que seu sonho com Homero indicava.
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há um bom artigo na wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria

Fazer História

O filósofo e orador romano Cícero dizia que a História era do futuro, não do passado. Questionado, explicava que era a oportunidade de alguém ganhar existência a partir da aceitação e vivência do seu destino. Quando isso ocorria, vivendo conscientemente o seu destino, o indivíduo ganhava existência histórica. Do contrário, não.
Pergunta para reflexão: onde está o destino? Será um caminho que deve ser encontrado fora? Ou o destino representa simbolicamente o potencial de realização que temos e, neste caso, não precisa ser procurado fora. Está dentro! Tem de ser manifestado a partir de um movimento diário. A história nasce a cada dia assim.
Ganha-se existência histórica. Do contrário, não somos ninguém.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Leading


A obra de Henry Mintzberg – catedrático canadense, autor de diversos livros sobre gestão – é mesmo uma obra prima. Na sua área de especialidade, a natureza da gestão e do exercício gerencial, é um dos melhores.
Uso muito do conteúdo desenvolvido (e publicado) por Mintzberg nas minhas conferências e seminários. Uma vez que o cara é um Phd muito famoso, facilita minhas argumentações... cito frequentemente  ele, quando quero sustentar um ponto sobre o dia-a-dia prático de um gestor numa empresa. Uma de suas obras é intitulada Managing, ou seja, “Gerenciando”.
Minha especialidade é o exercício da liderança. Muitas vezes – ou sempre, como querem alguns estudiosos – a gestão e a liderança andam juntas. Assim, como tomado de um oportunismo qualquer, para fazer uso novamente da referência deste magistral pesquisador, intitulei este artigo de Leading, ou “Liderando”.
A natureza da liderança é tão complexa que os antigos tratavam-na a partir de Mitos. Do grego, o termo mythos, refere-se a toda uma estrutura de conhecimento cuja base cognitiva é a intuição, não o raciocínio. Este modo é necessário para poder abarcar toda a mensagem e viabilizar a comunicação dentro do contexto deste tema. Mais ou menos como o moderno Edgar Morin denomina de pensamento complexo, ou como alguns antropólogos chamam o imaginário humano caracterizado pelo símbolo (como significado e significante) e como Jung chamou inconsciente coletivo (habitado por arquétipos), se vamos tratar da liderança quanto à sua essência e natureza prática, do abstrato ao concreto, teremos de lançar mão de uma linguagem não convencional para o racionalismo e o materialismo científico. Comte já morreu, mas os seus cultores estão por toda parte...
A liderança é um mistério em sua essência, é uma evidência bem empírica como fenômeno das relações humanas. Junte duas ou mais pessoas e, logo, com o tempo, aparecerá um líder. Ou muitos. Não importa. É próprio do ser humano, quando em grupo, manifestar a liderança. Pelo líder ou pelos seguidores? Já não importa. É um fato. Assim de simples.
Mas na sua essência a liderança toca em atributos extremamente inquietantes. Pois que alguns se assustam com o fato de que podem até mesmo nascer (destes atributos bem treinados) líderes malvados... Liderança negativa é o eufemismo usual.
Não acredito nisso, pois para mim – assim como para os antigos filósofos – um dos atributos essenciais das lideranças é o Bem. Como Platão, penso que o arquétipo-pai é o Bem. Longe dele, aparece o mal, como fruto simplório da ignorância. É que a sabedoria, seu oposto, é também atributo de um líder! Platão intitulou de aristos, o mais virtuoso, o seu Guardião-líder, na sua clássica República.
Simbolizemos então.
  • Um líder é um sol que brilha, da vida, vive transbordando de si a energia que vitaliza o seu grupo. Poético, não?
  • Um líder é a ponta da lança, que abre espaço que o corpo que a compõe. É sempre o primeiro e o que garante a passagem. Muito militar?
  • Um líder é Jasão, que reúne diversos heróis na sua Nau para fazer história, recuperando o Velo de Ouro e cumprindo com sua missão perante os deuses. Muito religioso?
  • Um líder é um sujeito que colapsa as ondas e as torna partículas, pela sua mirada, pela sua atitude, definindo um contexto a partir de sua presença. Quântico?
  • Um líder é um jardineiro, que não aparece na paisagem das flores, mas que é o garantidor da beleza e pureza do jardim. Muito sensível?
  • Um líder é um líder. Um cara de alto nível, que por DETERMINAÇÃO própria, numa condição impetuosa desprovida das opiniões alheias; por CARINHO e atenção às pessoas que deve proteger e comandar; INTELIGENTEMENTE encontra soluções, suas, dos outros, com os demais (também isso não importa) para seguir no caminho. Tem bom coração, é preparado e dá o exemplo. As pessoas o seguem, não precisa de muito uso da autoridade de seu cargo (embora legítima). Apóia-se na autoridade moral, criada por si mesmo, pela sua biografia, percebida pelos demais mediante a convivência com ele.
De todas estas definições – mais ou menos míticas e simbólicas – tenho certeza de que podes, leitor amigo, compreender que é um líder. E se não compreendeu ainda... Atenção, podes estar  perdendo a oportunidade de seguir um. E, quem sabe, de se tornar um.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Que é Liderança?


Liderança é capacidade, possibilidade e provação.

Hoje posso definir liderança como uma CAPACIDADE. A palavra capacidade encerra a possibilidade de expansão e também diz que ela precisa estar ali, de modo latente, antes de se desenvolver. É uma capacidade totalmente humana, pelo seu potencial de realização. Entretanto, é uma capacidade totalmente universal, pelos seus predicados. Vejam que em toda a natureza há hierarquia... há lideranças que naturalmente surgem em colméias, matilhas, átomos e sistemas solares. A natureza é organizada com elementos que se arranjam em torno de um eixo, de uma referência. Algo parece sempre estar em evidência como um líder: um elemento que se destaca por sacrificar-se pelo conjunto. Vai à frente, e os demais o seguem. A liderança é uma capacidade inata em cada canto do espaço; está latente para ser desperta e organizar esteticamente este local do espaço; do contrário, não haveria estética, seria tudo confuso, desarmônico e sem direção. A liderança é uma necessidade da natureza. Na natureza só há líderes e liderados!

No caso dos grupos humanos, gosto de ver a liderança também como uma POSSIBILIDADE de evidenciar o Bem. Apesar dos maus exemplos - que não perpetuam como tal, pois com o tempo carecem de seguidores - sabemos que os grandes líderes do passado legaram uma esperança e um modo de acreditar e perseguir a bondade. A liderança se torna a possibilidade que temos de nos afirmarmos como pessoas boas na medida em que seguimos exemplos (Jesus, Buda, Platão, Confúcio) e de ainda gerar mais seguidores quando é o caso de nos transformamos em líderes. Influenciamos e somos influenciados.

Além de capacidade que se expressa como estética, possibilidade de acreditar e esforçar-se pelo bem, a liderança também é PROVA de que os sonhos existem e ganham nascimento no mundo. Nem todos realizam coisas. Mas há os que realizam. E estes, atraindo os olhares admirados dos demais, confirmam, comprovam a veracidade do poder de realização. Por isso considero a liderança um exercício humano por excelência. O ser humano tem sim dentro de si o poder de se realizar. Mas há que provar que o faz. Não é intelectual. É fático. Ou não é.

CAPACIDADE que se mostra na beleza. POSSIBILIDADE que se mostra pelo bem dos atos e a esperança de um mundo melhor. PROVA que atesta a validade de tudo isso, em evidências de vida e biografias.

Quem não segue um líder, segue o que? Se não se é líder e liderado, é-se o que?