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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Opinião não é conhecimento

Em grego (episteme, conhecimento) temos uma clara diferença de doxa, opinião. Um pesquisador chamado Viktor de Sallis sustenta que a melhor tradução seria "pendor", ao invés de opinião. Às vezes eu denomino em palestras de "tendência", como um resultado de paradigmas e preconceitos (que todos nós temos, diga-se de passagem). Mas, seja lá como se prefere traduzir, como diria Platão, "doxa não é episteme".
Para sabermos o que realmente conhecemos e o que é só uma opinião ou tendência ou pendor ou qualquer coisa que não é conhecer, sugiro refletir ao contrário do que normalmente se faz: ao invés de pensar em acúmulo de dados e informações, proponho identificar a ausência de limitações, preconceitos e rigidez. Quanto mais aberta e clara está a mente em relação a um certo assunto, mais estamos próximos do conhecimento. Por outro lado, quanto mais rígida, fechada e confusa, mais estamos perto da opinião.
A falsa sensação de conhecer as coisas não é realmente conhecer. Falar por falar pode ser simplesmente vulgar; ou enrolação. E é interessante que às vezes, nas relações do cotidiano, os que mais sabem são os que menos se expõem.
Opinião não é conhecimento - busquemos conhecer, não opinar. Isso exige uma atitude e um compromisso. Não é brincadeira de criança.
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Hoje em dia todo mundo pede-nos uma opinião, já perceberão? Qual sua opinião sobre a Petrobrás não dar o lucro que devia? Qual sua opinião sobre a Venezuela? Qual sua opinião sobre física quântica? Qual sua opinião sobre a escalação do time do Felipão?
Seria um mundo melhor se nos pedissem conhecimento...

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