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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Amador e profissional...

No excelente livro de Steven Pressfield, "Guerra da Arte", onde ele descreve a luta contra a resistência - a inércia, o medo, a preguiça - para que o sujeito conquiste o status de verdadeiro profissional, há uma passagem em em que Pressfield diz que um amador não ama o suficiente seu ofício. Profissionalizar-se-ia, se realmente tivesse a paixão toda...
A palavra amador indica aquele que ama, mas é certo que gostamos das coisas com maior ou menor intensidade, dependendo de muitos fatores. A motivação subjacente àquilo que nos dedicamos é por vezes suficiente para termos um hobby, mas menor que a necessária para levarmos tão à sério e querer fazer disso um trabalho total. Também temos de considerar que há situações em que o hobby vai crescendo em importância, até que se converte em atividade remunerada. Há ainda a possibilidade de permanecer sempre como uma forma de contra-ritmo do estressante cotidiano. Não vejo problema nisso.
O amadorismo pode também ser associado à incompetência, às vezes sendo utilizado para descrever uma atitude de negligência, falta de know-how ou qualquer tipo de limitação. Neste contexto, não é o que se pretende, imagino, nem mesmo para um hobby... Queremos fazer as coisas bem feitas, ainda mais quando fazemos por gosto, sem pressão ou cobrança alguma. A compulsoriedade atrapalha a qualidade. A livre vontade para escolher ao que se dedicar, viabiliza muitas coisas, como a criatividade, a experimentação, o aprendizado.
Mas é claro que os líderes devem profissionalizar-se em algo. Como poderia adquirir autoridade moral para influenciar, orientar, dirigir e coordenar pessoas sem esse status? Tem que ser sério, para ser exemplo, referência e portanto um modelo acessível para outros. Os liderados, os bons liderados, não seguem amadores.
Assim, antes mesmo de querer liderar e gerenciar times de trabalho, é fundamental conquistar esta condição pessoal de alguém que domina um assunto, que conhece certas coisas a fundo e que pode servir de referência para aqueles que querem aprender.
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Tornar-se um profissional exige tempo, experiência, estudo, reflexão, e um monte de outras coisas... Exige antes de mais nada, querer muito. E querer muito é o mesmo que amar muito. De amador, se converte em profissional.

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