O primeiro raio. Quando nasce o dia é o primeiro raio que
faz romper as trevas. É a vontade. Supera as limitações da escuridão.
No homem, é sua virilidade. Uma força espiritual – que até
se manifesta sexualmente – e toda inventiva, capaz de desfrutar dos meandros
dos caminhos impossíveis. Faz possíveis os impossibilitados pela sorte sua,
deveras calma, constante, sempre em frente, determinada, cortante. A vontade é
força maior.
Desde os mestres antigos, pelos exemplos de Alexandre, César
e Napoleão, passando por Schopenhauer e todo filósofo, poeta e místico que se
queira como exemplo do triunfo, eis a verdade: é a vontade a soberana.
Como traduzi-la em conduta? Em primeiro lugar, atrevendo-se
a ser quem se é. E para isso, há que se desprender do maior inimigo dela. Não é
a inércia, posto que é um efeito secundário. Não é a hesitação, posto que é sua
sombra. O maior inimigo é o medo. Ele deve ser atacado, violentado. Ele é o
brasão inconteste do demônio que apaga a chance do primeiro raio levantar.
Então, é contra ele que desferimos não o primeiro golpe, mas o golpe zero.
Antes de tudo, morte ao medo! Serve-te inteiramente do teu próprio ser e vai em
fundo, em profundo. Busca toda a natureza interior que é só tua. Não receia. És
homem, e a maior conquista é saber-se único, original e exclusivo. Daí em
diante, é mais descoberta. Mais aprendizado. Mas tudo advém daí. Vencer o medo
é ver-se como se é.
----
Dizia Píndaro, o poeta e guerreiro grego: torna-te quem és.
Nenhum comentário:
Postar um comentário