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quarta-feira, 25 de março de 2015

Não há nada de (tão) novo sob o sol

Estou lendo o livro do Alvin Toffler "Revolutionary Wealth", lançado no Brasil com o título de "O Futuro do Capitalismo". Nele, o famoso e respeitado futurólogo menciona uma série de mudanças previstas para o século XXI em termos não só de economia, negócios e finanças, mas sobretudo de estilo de vida. Por exemplo, ele fala sobre a alteração nos nossos papéis no trabalho e na família e de como isso nos afeta psicologicamente. Também utiliza um termo bem importante para refletirmos sobre os problemas do mundo atual: permissividade moral.
Entre outras coisas, Toffler discorre sobre essa modernidade surpreendente e instável, que foi chamada de líquida por Baumann, e que para muitos outros filósofos é avaliada de maneiras diversas, mas sempre com espanto pela aceleração com que se modifica. Não só a velocidade é alta, mas aumenta (aceleração). E isso é consenso, quase, para falarmos do mundo atual. Tudo está em movimento e fica difícil fixar algo como parâmetro de referência.
Claro que há os que lembram Heráclito e afirmam que é essa a referência: panta rei, tudo muda. Contudo, mais discípulo de Platão que de Heráclito, eu acho que precisamos entender que há alguns arquétipos, algumas idéias fundamentais, uns modelos universais (e humanos) que persistem e assistem com curiosidade as "sombras" se modificando...
Nem tudo muda. O íntimo do ser humano continua radicado na consciência; ou no coração, como diriam os antigos egípcios. E neste misterioso (porém verdadeiro) interior estão elementos perenes que justamente são os que nos humanizam. Quais são exatamente estes elementos? É uma boa pergunta, que cada um pode se fazer e manter em vigília. Precisamos descobrir o que em nós é permanente, essencial.
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Quem sabe a próxima revolução, pletórica de inovações, não seja aquela que vai despertar o interesse pelo interior do homem? Nada contra a tecnologia e a ciência, eu até gosto especialmente disso (eu vim da engenharia!). Entretanto, sem deslumbramentos com a frenética mudança, por favor. O essencial continua sendo o que sempre foi. Não há nada de (tão) novo sob o sol.

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