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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Megalopsychia

Magnânimo é um termo latino. Uma transliteração do "homem excelso" de Artistóteles, o Megalopsychicos. Um indivíduo honrado, generoso, capaz de contribuir com suas máximas virtudes. Uma precisa definição de um bom líder, não?
Pois recentemente estava lendo um paper do australiano Haig Patapan intitulado Magnanimous Leadership. E, novamente, vejo a fundamentação da liderança exemplar nos clássicos; neste caso, em Aristóteles. Patapan faz um paralelo dos conceitos aristotélicos com o estilo de liderança de Sir Edmund Barton, o primeiro primeiro-ministro da Austrália.
Barton foi juiz e representante político do movimento pela independência do país. Recusou três vezes o título de Sir, ao que por fim aceitou em 1902, já à frente do governo. Até mesmo os seus adversários reconheciam sua grandeza.*
Os mais grandiosos líderes da história chegaram a mover (e ainda movem) milhões de pessoas pela sua entrega e amor. Buda e Jesus são lugares-comuns neste tipo de discurso. Objetivos modestos não servem. Só grandes causas. Há que ser bem ambicioso sim.
Ambição pode ser mais que ambição. Se convertemos nossos interesses em reais interesses coletivos, em verdadeiras vantagens para o grupo (seja ele uma equipe de trabalho, uma organização, uma cidade ou uma nação), se nos entregamos à uma aventura maior de representar e defender o bem comum, passamos a tangenciar a magnanimidade. Claro que uma parte disso depende de alguns imponderáveis da história, aos quais ninguém consegue explicar. Mas para assumir grandes oportunidades, só indivíduos grandes de alma.
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A grandiosidade pode ser epíteto de intenções megalômanas e vaidosas. Contudo, pode ser também atributo de ações benevolentes e inegoístas. Na verdade, não é tão difícil discernir. Basta ver os resultados da obra. Afinal, pelos frutos sereis reconhecidos, certo?
*Although we have always been politically opposed, there was one characteristic of Sir Edmund Barton which I recognized, and that was his generous nature and his extreme magnanimity’ (cited in Reynolds 1948, p. 189)

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