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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Por las calles de Madrid

Madrid é uma cidade em que não dá vontade de ir para casa. Dá vontade de ficar na rua, andando de bairro em bairro, apreciando as sacadinhas típicas dos prédios que conferem um padrão aos diferentes lugares em que paramos para tomar um café, uma cerveja ou um vinho. Aliás, "vinho da casa" é sempre bom lá, não tem erro.
Me pergunto porque não sentimos a mesma coisa em todas as cidades, sobretudo no Brasil? Obviamente tem a questão da insegurança, mas não é só isso. A opção pelos shoppings centers e outros lugares fechados implica em um hábito. E o hábito madrileño é o de estar na rua, até tarde. Por toda a cidade você encontra restaurantes, cafés, bares e lugares ao ar livre. O calor do verão do hemisfério norte combina muito com a Espanha.
Um sentimento bem específico me toca: ser parte da cidade, pertencer à urbe, fazer-me cidadão de lá por uns dias. Não há jeito melhor de conhecer um lugar. Mesclar-se às suas gentes, andar pelas suas ruas, deixar-se invadir pela sensação de ser um deles, não um estrangeiro. O estrangeiro é estranho, não pertence ao lugar.
E não é que às vezes somos assim? Andamos tão recolhidos ao cotidiano mecânico dos dias que passam sem intenção, sem sensação, que viramos estranhos. Estrangeiros de nós mesmos. Ficamos isolados e sem contato com o mundo. Deixamos de participar da vida quando isso acontece. Há que se salvar disso.
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Como diria Ortega y Gasset, talvez inspirado ele mesmo pelas calles de Madrid, sua cidade natal, "o homem é ele e suas circunstâncias". Portanto, se queremos viver a vida integralmente, não devemos nos limitar e fugir do mundo, mas estar nele, andar por ele como um dos seus cidadãos.

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