Páginas

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Contribuições da Psicanálise

Tenho lido Kets de Vries e outros psicanalistas que estudam a liderança.
Algumas contribuições são de se destacar...
Em primeiro lugar, estes pesquisadores têm mantido o foco sobre a figura do líder, equilibrando a tendência (quase radical) dos últimos anos em visualizar os seguidores e o contexto, quase descaracterizando a liderança como uma relação vertical (líder-liderado) e, num afã horizontal, tornar tudo e todos iguais. Gosto de lembrar Aristóteles, quando dizia que a maior injustiça é tratar igualmente os desiguais. E, por evidência empírica, a relação de influência entre líder e liderados é desigual. E aí está outra contribuição dos psicanalistas...
Como o líder está sempre sob pressão, surgem muitos "fantasmas" psíquicos que o acompanham e Kets de Vries os classifica fazendo uso dos famosos termos - obsessão, compulsão, paranóia, narcisismo, etc. Como não sou discípulo de Freud, prefiro utilizar outra linguagem. Mas a verdade é que é realmente importante compreender que nem sempre o comportamento do chefe é desagradável por má intenção. Pode ser por uma luta interna que ele próprio desempenha com estes fantasmas, procurando, por exemplo, não cair no autoritarismo, nem perder o controle; não sentir-se um impostor, mantendo sua auto-estima; não virar um astro que sempre está sob os holofotes, porém preservar sua visibilidade como o responsável pela empreitada. E daí deriva uma outra questão sombria...
Os chamados 3 Ss - status, sexo, salário - são como demoniozinhos que rondam as posições de poder. Depende do caráter e de uma série de relações psicológicas, novamente desembocando numa terrível luta interior, para saber se o líder vai sustentar-se ou vai se corromper. Projeções, negações, síndromes e outras nomenclaturas do universo freudiano se apresentam. A patologia pode se instalar. A liderança é atividade de risco. Assim como o médico cuida para manter-se higienizado e são, ao trabalhar num hospital, o líder deverá manter-se lúcido e centrado, em todo contexto.
E ainda há os que consideram os (bons) líderes como pessoas comuns, iguais. Isso seria inveja? Falta de experiência de vida? Ciúme? Ignorância? Freud explica...

Nenhum comentário:

Postar um comentário