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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bondade ou Indignação?

Hoje conversei com uma pessoa que contou-me um diálogo seu com outra. Outra que se indignou diante de um comentário. E tudo em nome do bem, claro...

Os líderes de elite - em termos de virtude - não precisam indignar-se. Basta que sejamos bons, de intenção e de conduta. A indignação pode esconder um feio resultado de nossa sensação acumulada de vítima. Uma vez vítima, busca-se desesperadamente a ocasião para ser predador. O indignado faz isso, muito comumente.

E vejam que a palavra "indignado" significa sem dignidade. Mas como disse Pico de la Mirandola no seu discurso sobre a Dignidade do Homem, somos dignos por sermos livres e exercemos nossa liberdade pela autonomia e consciência que possamos ter dos nossos atos e palavras. Kant diz que não há nada bom em si como a boa vontade. E daí advém a possibilidade de liberdade. Não é invertendo a situação de predador para vítima que seremos livres. Não é indignando-se. É, antes, dignificando-se.

Dignificamo-nos quando trazemos do fundo de nosso eu aquela que Platão dizia ser a Virtude das Virtudes, o Arquétipo que definia e regia as demais Idéias: o Bem. Se somos bons e se esforçamo-nos para agir com bondade, temos já a nossa batalha diária. Indignar-se é perder energia. Normalmente leva ao bate-boca...

Não é muito digno de um ser humano discutir com vulgaridade. O nosso é o diálogo. Que depende de bondade - de intenção e de ato. Exige esforço próprio, de cada um, dialogar. E esta vontade que liberta o Bem dentro de mim mesmo, pode libertar - pelo exemplo e pela influência direta do diálogo - o Bem no outro. Pode livrá-lo da possível vulgaridade. Pode livrá-lo da indignação.

Sejamos bons, não indignados.

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